Tempo para se precaver contra a mancha das folhas

Folhas com sintoma de isariopsis. / Cacho atacado por botrytis.

Folhas com sintoma de isariopsis. / Cacho atacado por botrytis.

Encerrada a colheita, o viticultor tem de prestar atenção ao controle da mancha das folhas, também conhecida como isariopsis. A doença afeta, no Rio Grande do Sul, somente variedades americanas ou híbridas (sendo a Bordô uma das cultivares mais suscetíveis), principalmente em regiões de alta temperatura e umidade, onde evolui rapidamente. A desfolha (queda da folha) precoce é o principal dano que causa.

 

O controle da doença é relativamente simples, nota o pesquisador em Fitopatologia Lucas da Ressurreição Garrido, chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho. A recomendação, para tanto, é a efetivação, após a safra, de uma ou duas aplicações de fungicidas de contato (mais baratos) ou sistêmicos. Garrido ressalva que fungicidas à base de cobre não têm efetividade contra a doença.
O pesquisador explica que até a colheita todas as energias da planta são direcionadas ao cacho. A partir de então, elas são assimiladas internamente, através das folhas (daí decorrendo a grande importância de conservá-las), constituindo-se em reservas que serão responsáveis pela brotação e vigor das novas vegetações.

 

Os sintomas da doença são bastante característicos. Nas folhas, aparecem manchas bem definidas, de contorno irregular e coloração inicialmente castanho-avermelhada, que mais tarde escurecem. As manchas podem atingir até dois centímetros de diâmetro e apresentam um halo amarelado ou verde-claro bem visível; na face oposta da folha, no tecido correspondente, ocorre uma coloração parda. Não há perfurações nem deformações da folha. As frutificações do fungo se desenvolvem tanto na face superior como na inferior da folha. A doença, ao prejudicar a maturação dos ramos, pode predispô-los a ataques de pragas e doenças. Uma das condições favoráveis ao seu aparecimento é a ausência ou um número insuficiente de tratamentos para o controle do míldio. As folhas basais normalmente são as mais afetadas.

 

Para maio – Para quem quiser ir antecipando seu planejamento vitícola, Garrido observa que em maio se faz a aplicação de produtos à base de cobre (que atua sobre doenças que podem ter restado da safra anterior, como antracnose, escoriose e míldio). Ele assina que o cobre, sim, antecipa a maturação de ramos e folhas – que, a essa altura, já são dispensáveis, por terem cumprido sua função. “O importante é evitar a queda precoce”, reforça.

 

Outra operação, para maio/junho, é a retirada, dos vinhedos, de cachos atacados por podridões (como a podridão do cacho, ou podridão cinzenta / botrytis, e a podridão da uva madura, ou glomerella), para evitar sua reincidência na nova safra.

 

Por Giovani Capra
Foto: Lucas Garrido / Divulgação