Cacho de uva Niágara com sintomas de glomerella.
Cacho de uva Niágara com sintomas de glomerella. (Foto: Lucas Garrido / Divulgação)

Em um ano de ciclo da videira como tem sido este, de condições climáticas (temperatura e índices de chuva) dentro da média, as atenções do viticultor, nessa época de início de brotação, têm de estar voltadas a procedimentos para o controle de uma já bastante conhecida doença da videira. Mesmo que sua incidência tenha sido dentro do padrão – senão abaixo – no ciclo vegetativo 2009-2010, a podridão-de-uva-madura, a popular glomerella, requer, sim, cuidados preventivos, observa o chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, Lucas Garrido, pesquisador na área de fitopatologia.

 

No momento, o que cabe fazer é remover restos culturais da safra anterior, sobretudo cachos mumificados, e partes podadas no inverno e aplicar calda sulfocálcica à base de enxofre e cal, anota Garrido. Nos vinhedos com histórico da doença, também é indicado empregar, dependendo das condições climáticas, fungicidas nas fases de floração, de ‘grão-ervilha’ e antes do fechamento do cacho, além da época de maturação, respeitando os períodos de carência. Entre os produtos recomendados, pode ser usado o Cabrio Top, na proporção de dois kg por hectare, ou o Folicur, na medida de um litro por hectare.

 

O pesquisador em fitopatologia aponta que, no ciclo passado, em virtude da redução de chuvas a partir de março de 2010, as cultivares mais tardias tiveram menos problemas com a glomerella, que redunda no murchamento das bagas da uva madura.

 

Época de cuidados1Míldio – Para a partir de meados de outubro, o foco devem ser as ações para controle do míldio, doença que mais prejuízos causou na safra passada nas principais regiões produtoras do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (no caso, a serra e a zona de fronteira gaúchas e as altitudes catarinenses). O que se deve fazer, por enquanto, é ‘monitorar’ o surgimento da doença, que afeta mais cultivares Vitis vinifera, lembra Garrido. Se constatado o aparecimento dos primeiros sintomas, deve-se lançar mão de fungicidas registrados para o controle da doença.

 

O pesquisador assinala que as perdas por ocorrência de míldio no ciclo passado foram acentuadas por conta das chuvas freqüentes e intensas, que ‘lavavam’ os tratamentos, quando não mesmo impediam as aplicações (como em semanas em que choveu praticamente todos os dias). Contudo, para a próxima safra, ressalva Garrido, com a expectativa de clima mais seco, considerando a previsão de ocorrência do fenômeno meteorológico La Niña, provavelmente se tenha menos problemas com doenças.

 

Atenção à adubação
A época também é a adequada para a efetivação de adubação, quando constatada a sua necessidade, por meio de análise de tecidos/das folhas.
Em vinhedos que ainda não começaram a produzir, é feita a adubação de crescimento, na qual se utilizam fertilizantes orgânicos ou químicos – estes à base de nitrogênio, como a uréia –, lembra o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho George Wellington Melo.
Para os parreirais que já estão em plena produção, a ferramenta para recomendar a fertilização considera, além da análise de tecidos (folhas), a perspectiva de produtividade. Nesta adubação de manutenção, se faz a reposição dos nutrientes – nitrogênio, fósforo e potássio – ‘exportados’ com os frutos ou por conta da retirada de ramos do vinhedo, expediente adotado quando da ocorrência de determinadas doenças.

 

Em tal sentido, Wellington observa que o uso de cobre em altas doses para prevenção de doenças, como o míldio, principalmente, acaba por contaminar o solo, fazendo com que a videira diminua o lançamento de raízes novas, que são responsáveis pela absorção de nutrientes. Com isso, o crescimento das plantas fica comprometido.

 

Cobertura verde – A cobertura verde é fundamental para o cultivo da videira, principalmente porque é ela quem protege o solo contra a erosão, sendo também fonte de nutrientes para a planta e evitando perdas desses mesmos junto da água que se infiltra no solo. Este ano, como as condições de clima estão dentro da média – isto é, com boa distribuição de chuvas –, a cobertura verde, na região da Serra Gaúcha, não precisa de manejo particular, pontua o pesquisador George Wellington Melo. Assim sendo, a manutenção da cobertura não necessita de uso de herbicidas – no máximo, requer uma roçada das plantas, quando a cobertura, muito alta, estiver atrapalhando nas atividades de pulverização, poda etc..

 

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Foto: Lucas Garrido / Divulgação
Cacho de uva Niágara com sintomas de glomerella.

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