Projeto busca conscientizar sobre os perigos dos agrotóxicos

A partir deste ano o município de Flores da Cunha terá, na segunda quinzena de agosto, um período especial denominado Dia da Conscientização do Uso de Agrotóxicos. A proposta, de autoria do vereador Gilberto Malacarne (PDT), prevê o desenvolvimento de ações para estimular a prevenção e o uso consciente dos defensivos agrícolas.

 

Conforme o autor, a proposta visa repassar informações pertinentes sobre a utilização de agrotóxicos, por exemplo, nas escolas municipais e junto aos agricultores – a estes por meio de palestras e com a confecção de materiais informativos. Tais ações deverão ser desenvolvidas pelas secretarias de Educação, Cultura e Desporto; Agricultura e Abastecimento; e Saúde, além da Emater-RS. O Poder Legislativo também terá a competência de informar a população. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) e as entidades vitivinícolas teriam, anualmente, um dia para unir forças e trabalhar mais sobre o tema.

 

Problema de saúde pública

Segundo dados do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Brasil registrou 8 mil casos de intoxicação por agrotóxicos em 2011. Dois grupos populacionais  estão mais expostos à contaminação: adultos jovens (20 a 49 anos) e crianças, intoxicadas por exposição acidental ao produto. No campo, as mulheres são mais afetadas que os homens. Infelizmente, o país colhe resultados por liderar o ranking mundial de consumo de defensivos agrícolas: um terço dos alimentos consumidos no país está contaminado por agrotóxicos. O alerta é da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), lançado no 1º Congresso Mundial de Nutrição, realizado no Rio de Janeiro. O levantamento da Abrasco revela ainda evidências científicas relacionadas aos riscos para a saúde humana da exposição aos agrotóxicos por ingestão de alimentos. Segundo o documento, o consumo de alimentos com defensivos por 20 anos pode provocar doenças como câncer, má-formação congênita, distúrbios endócrinos, neurológicos e mentais. Uma parte dos agrotóxicos se dispersa no ambiente; outra pode se acumular no organismo, inclusive no leite materno.

 

Conforme a Anvisa, o Brasil consome 19% de todos os venenos agrícolas produzidos no mundo, índice que supera o dos Estados Unidos (historicamente o maior usuário, que hoje aplica 17% da produção global). Os demais países do planeta respondem pelos 64% restantes. Entre 2000 e 2010 o uso de agrotóxicos cresceu 93% no mundo e, no Brasil, 190%. Atualmente, 130 empresas produzem venenos agrícolas no país e fabricam 2.400 tipos diferentes de produtos. Em 2010, foram vendidas 936 mil toneladas de agrotóxicos, negócio que movimentou US$ 7,3 bilhões (R$ 14,6 bilhões). Em 2011, o montante ultrapassou os US$ 8,5 bilhões (R$ 17 bilhões).