Jovem agricultor aposta no cultivo de shitakes

Joel Bolzan investe na cultura para permanecer na colônia. Ele,
juntamente com a esposa, também aposta no turismo rural

 

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Cogumelos shitakes. (Fotos: Larissa Verdi)

Há muitos anos a agricultura se mantém porque se diversifica. E é a diversificação que motiva o agricultor Joel Bolzan, 31 anos, da comunidade Nossa Senhora do Carmo, no interior de Flores da Cunha,  em permanecer em sua propriedade. Formado em Administração de Empresas com habilitação em Marketing, Joel estudou para melhor gerenciar a propriedade e fazer dela produtiva e rentável. O jovem sempre teve como meta trabalhar com algo diferente sem sair do interior, e é nos nove hectares de terra que a família produz uva, alho e shitake, um cogumelo comestível que é direcionada ao uso culinário.

A ideia surgiu há mais de dez anos, e com informação e persistência  mostrou-se um nicho de mercado interessante. “Um safrista veio nos ajudar na colheita da uva e comentou que já havia trabalhado com shitake. Ele disse que após a colheita voltaria para fazer um experimento na nossa propriedade, só que nunca mais voltou. A ideia não saiu da minha cabeça, e junto com um amigo fomos em busca de informação”, conta. Entusiasmado, ele fez dois cursos na Universidade de Caxias do Sul sobre a cultura e em seus testes percebeu que poderia dar certo.

O cultivo dos cogumelos é um processo longo. Joel mantém a produção em toras de madeira de eucalipto e recentemente está testando com blocos de composto pronto feito a base de serragem. Nas toras é preciso trabalhar com elas recém cortadas, onde, com uma ferramenta chamado inoculador, são feitos furos na madeira para introduzir uma dose exata de sementes do fungo. Após é vedado com uma mistura de parafina e breu quentes. A madeira fica incubada durante um mês, que é o período para o fungo agir. Após o processo, um choque térmico com água fria é dado nas toras e em uma semana os shitakes já despontam. “Todo o processo leva entre seis a nove meses para estar pronto. Os cogumelos precisam de umidade e temperaturas adequadas para seu desenvolvimento e frutificação” enfatiza. O produto já sai embalado, fresco ou desidratado para o mercado consumidor. A produção ainda é pequena, são cerca de 10 quilos semanais, mas a aposta já garante a diversidade e prova que para atuar em outras áreas, não é preciso sair do meio rural.

 

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Joel Bolzan e a esposa Fabiane se orgulham dos resultados.

 
Turismo Colonial
O cultivo dos shitakes tornou-se também um atrativo na propriedade da família Bolzan pelo fato de ser uma novidade na região. Por estar no caminho do roteiro turístico Compassos de Mérica Mérica, a propriedade inseriu-se ao grupo que integra as atrações e recebe visitantes periódicos. Joel e a esposa Fabiane, que é professora, adaptaram os compromissos para fazer parte do roteiro e apostam neste diferencial para agregar valor às suas atividades. “Nós recebemos os turistas, eles visitam a produção de shitakes, explicamos o funcionamento e aqui eles se inserem na nossa realidade”, conta Fabiane, que divide o trabalho em sala de aula com as tarefas da colônia.

 

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Joel mantém a produção em toras de madeira de eucalipto e recentemente está testando com blocos de composto pronto feito a base de serragem.

 

Por Larissa Verdi
larissa@editoranovociclo.com.br