Tendinite e bursite podem acometer o trabalho

Processos inflamatórios são comuns em agricultores, mas podem ser prevenidos com exercícios para fortalecer a musculatura e postura correta

A rotina de trabalho exaustiva dos agricultores quase sempre se reflete em sua saúde. E os males nem sempre chegam junto com a idade, pois é cada vez maior o número de jovens com problemas de saúde decorrentes do esforço físico e, muitas vezes, dos movimentos errados durante a lida diária na propriedade. Além das dores nas costas, tema abordado na reportagem anterior da série ‘Saúde do Agricultor’, outras enfermidades têm se tornado comuns no meio rural, como é o caso da tendinite e da bursite.
Muitas pessoas confundem tendinite com bursite, porém, existe diferença entre elas. O motivo da confusão, segundo a fisioterapeuta Adriana Garcia, do Studio Adriana Garcia de Caxias do Sul (RS), é que ambos possuem sintomas bem parecidos e são classificados como processos inflamatórios. “A tendinite é uma inflamação no tendão, a parte final do músculo que se liga ao osso, e se caracteriza por edema, calor e vermelhidão no local afetado. Já a bursite é uma inflamação da bursa (uma espécie de ‘bolsa’ cheia de líquido sinovial que tem a função de proteger os tecidos e os ossos ao redor das articulações) e pode se manifestar em qualquer articulação, mais comum ombros, joelho, cotovelo e quadril”, explica. Adriana destaca que as inflamações nos tendões podem ocorrer por diferentes motivos e os sintomas aparecem aos poucos. “Começa quando o individuo realiza algum esforço como carregar sacola muito pesada, o uso excessivo de computador, esforços repetitivos, em atletas e também podem aparecer após um trauma”.

Sintomas e diagnóstico
De acordo com a fisioterapeuta Adriana Garcia, cada articulação pode desenvolver um tipo de tendinite, isso vai depender da atividade diária do paciente. Entre as profissões mais afetadas pelas tendinites de ombro são aquelas em que o indivíduo trabalha com o braço acima da cabeça (agricultores, professores, pintores etc.).
O diagnóstico é feito com base nos sintomas do paciente, que geralmente apresentam dor ao fazer movimento com a área afetada, restrição ou, mesmo, limitação do movimento e diminuição da força. “Quando apresentar alguns desses sintomas o paciente deve procurar um ortopedista para que sejam feitos exames clínicos por imagem (radiografia, ultrassom e/ou ressonância)”, recomenda.

Tratamento e sequelas
A profissional explica que o tratamento clínico de imediato é feito com o uso de anti-inflamatórios, repouso e termoterapia (feito com uso de bolsas de água quente e/ou gelada). A imobilização da articulação para diminuir o edema, além de fisioterapia e exercícios para fortalecer a musculatura envolvida também são recomendados. “Como a bursite ou a tendinite podem acometer qualquer articulação existem exercícios específicos de fortalecimento para cada região, sempre observando a dor, a amplitude de movimento e o tônus muscular da área acometida”, salienta.
Adriana comenta que os pacientes do campo que procuram o método Pilates em seu estúdio, geralmente, apresentam dores por lesões nas costas, cervical e lombar, ruptura de manguito rotador, tendinite e bursite, lesão de joelho como menisco e ligamento cruzado. “O Pilates na reabilitação, realizado com um profissional auxilia no realinhamento postural, através de alongamentos e exercícios de fortalecimento específicos para cada indivíduo. O paciente adquire consciência corporal aprendendo a conhecer seu corpo, como se movimentar devidamente e com qualidade, suas limitações para não forçar demais a articulação e retornar algum sintoma”.
Ela destaca, ainda, que para evitar devidos acometimentos, o ideal seria os agricultores cuidarem dos horários de trabalho, não excedendo oito horas diária e realizando intervalos para descanso, troca de postura e/ou setor e realizar alongamentos das articulações mais sobrecarregadas. “A prática de uma atividade física regular também ajuda no fortalecimento muscular, uma musculatura mais forte evita sobrecarga na articulação”, completa.

Por: Mirian Spuldaro