Por que as nogueiras não estão mais ‘segurando’ a produção?

A Vindima conversa com pesquisador da Embrapa para explicar sobre o cultivo de noz-pecã e responder à questão enviada por agricultora ao jornal

 

EMATER DE ANTA GORDA/DIVULGAÇÃO

EMATER DE ANTA GORDA/DIVULGAÇÃO

A partir da dúvida da leitora Danieli Deon Gross, do Paraná, o Jornal A Vindima buscou junto aos profissionais agrícolas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa-RS) Clima Temperado, de Pelotas, informações sobre o cultivo da noz-pecã na região Sul do Brasil. Além de ser uma cultura com pouca exigência de mão de obra, a nogueira pode ser uma opção de renda na propriedade rural. A questão era: por que as nogueiras não estavam mais ‘segurando’ a produção. Segundo Danieli, depois da floração, quando a fruta começa a se formar, aparecem manchas escuras que vão aumentando até que as nozes caem sem estarem prontas, inutilizando toda a produção.
O engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Carlos Roberto Martins explica que, primeiramente, é importante que o produtor conheça qual cultivar de nogueira-pecã está plantada. Existem cultivares tolerantes e outras suscetíveis a pragas e doenças, e isto é fundamental no manejo do nogueiral. “O que provavelmente esteja acontecendo com as nogueiras desta produtora decorre das condições climáticas, principalmente destes dois últimos invernos, que tivemos pouco frio com muita umidade e primaveras chuvosas. Essas condições são propícias ao aparecimento de doenças. O principal ataque que temos incidindo nos pomares da região é a Sarna da Nogueira (Cladosporium caryigenum), que ataca tecidos jovens como folhas, pecíolo, inflorescência e fruto.

Os frutos, quando pequenos, caem quando o ataque é severo”, explica Martins. Em condições favoráveis a doenças pode acarretar em perdas de até 100% dos frutos. “É importante ressaltar que não existem agrotóxicos registrados no Brasil que possam ser utilizados para esse tratamento. Desta forma, ocorre a necessidade de utilizar medidas preventivas no manejo, como o uso de variedades tolerantes ao fungo; retirar ramos e frutos atacados do pomar; manter a copa das árvores com maior circulação de ar e entrada de sol; utilização de caldas; enfim, algumas medidas comumente adotadas em outras culturas frutíferas”, indica. É importante ressaltar que o produtor sempre deve procurar assistência técnica para buscar a melhor solução para seu problema.

O cultivo

A produção de noz-pecã ocorre principalmente na região Sul do Brasil, com destaque para o Rio Grande do Sul. Apesar da frutífera estar sendo cultivada em vários municípios gaúchos, destaca-se a região de Anta Gorda e Cachoeira do Sul como maiores produtores. Muitas iniciativas no cultivo vêm sendo realizadas com a cultura por representar uma alternativa de diversificação produtiva, pouca exigência em mão de obra, demanda pela fruta e possibilidade de consorciação com outras atividades. “Contudo, antes de implantar a cultura, é fundamental a busca por informações, conhecer um pouco a cadeia produtiva e realizar o planejamento do pomar são etapas fundamentais e determinantes para o sucesso de um pomar de nogueira-pecã. Soma-se a isto a qualidade da muda – uma muda de qualidade e identificação genético-fitossanitária é extremamente importante na formação de um pomar”, complementa o pesquisador Carlos Roberto Martins.

A época de plantio da nogueira-pecã ocorre no final do inverno e início da primavera, procurando fugir da época de maior escassez de água – o local escolhido não pode ser muito úmido. Na implantação, muito cuidado também com a adubação, calagem e o controle de formigas, sem esquecer que, na implantação de um nogueiral, se utiliza uma variedade polinizadora. “São utilizados em média 100 plantas por hectare, o que equivale um espaçamento 10 X 10 metros. A demora da entrada em produção é um empecilho, porém é uma cultura longeva que, dependendo do manejo, pode ultrapassar mais de 100 anos em produção”, complementa Martins. A cultura pode apresentar alternância de produção, ou seja, produz um ano mais ou outro menos. “A nogueira-pecã é uma alternativa econômica importante para o produtor rural. Uma vantagem do nogueiral é a possibilidade de integração com a pecuária e também no desenvolvimento inicial das nogueiras a utilização outras culturas como, por exemplo, milho e soja”, destaca. As informações são do pesquisador Carlos Roberto Martins e do professor Mauricio Brilharva, da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).

Dúvida do leitor

A pergunta sobre o cultivo da nogueira-pecã foi enviada pela leitora Danieli Deon Gross, do Paraná. Se você também tem uma dúvida sobre alguma cultura, sobre possíveis problemas na produção ou mesmo conhecer alguma cultivar diferente, envie sua sugestão para o email avindima@avindima.com.br ou para camila@avindima.com.br, ou entre em contato pelo telefone (54) 9983.3588. O Jornal A Vindima vai buscar informações junto a órgãos e profissionais para esclarecer suas dúvidas.

Camila Baggio
camila@avindima.com.br