Na área urbana de Flores da Cunha, o produtor Plínio Gotardo Dartora trabalha com hortaliças hidropônicas e utiliza a água da chuva para alimentar as plantas
Foto: Camila Baggio

Uma perspectiva diferente na relação entre campo e cidade. Essa é primeira impressão quando o produtor Plínio Gotardo Dartora, 55 anos, abre sua produção de hortaliças hidropônicas para algum visitante ou até mesmo cliente. Suas estufas estão instaladas no Loteamento Pérola, na área urbana do município de Flores da Cunha, e nelas são plantados pés de alface de diversas variedades, rúcula, agrião, radici e temperos como salsa e cebolinha. Com uma produção sem agrotóxicos, apenas com a adição de adubos, toda a água utilizada na hidroponia é vinda das chuvas e reutilizada por meio de um sistema construído pelo próprio produtor. Além de evitar o desperdício, ele ainda economiza e já tem planos para ampliar o número de estufas.

Há dois anos, Dartora resolveu abandonar a vida de caminheiro da qual se dedicou por mais de 20 anos e começou a pesquisar opções para investir em um negócio próprio. Do incentivo do pai, hoje falecido, ele despertou para pesquisas com agrônomos e produtores de plantas em estufas e hidropônicas. Dali construiu uma primeira estufa e começou o trabalho com as verduras e a água. “Meu pai tinha um amigo que produz no distrito de Fazendo Souza, na cidade de Caxias do Sul. Sem problema nenhum ele me deu algumas dicas, inclusive de sistema de mudas, e comecei a produzir. No início fiz muitas coisas de forma errada, porque não sabia como fazer, mas com o tempo fui ajustando, buscando os materiais necessários e investindo no negócio”, conta Dartora, que começou com apenas uma estufa e hoje tem seis, sendo que já trabalha em um projeto para mais três estruturas.

Para que a hidroponia desse certo, o produtor construiu o próprio sistema de captação das águas da chuva. Por a produção ser na área urbana, a água fornecida pela companhia de distribuição pública não pode ser utilizada na produção, pois contém cloro. “Construí calhas que conduzem a água das chuvas para um grande tanque. Deste depósito, ela é bombeada para as estufas. Toda a água é reutiliza, sem desperdício nenhum. Além disso, a produção hidropônica não tem agrotóxicos, apenas o extrato de adubo que é misturado com a água. Hoje as pessoas procuram por alimentos saudáveis, e a hidroponia é um caminho para essa demanda”, estimula o Dartora.

A produção de hortaliças hidropônicas de Dartora é vendida para mercados e restaurantes da região, tudo sempre colhido na hora e visando a qualidade do alimento. O produtor conta com o auxílio da esposa Salete e dos filhos Giovani e Jeferson, que além das estufas, tomam conta de uma produção de hortaliças – estas plantadas de forma tradicional, na terra, na comunidade da Linha 60, interior do município. Além do investimento em estufas, Dartora arquiteta novas ideias de mercado, como a tele entrega de saladas na casa dos próprios consumidores. “As pessoas querem comer bem, querem alimentos saudáveis e vamos investir neste mercado, tendo sempre o meio ambiente em sintonia com a nossa produção”, valoriza o produtor, que não se arrepende de voltar às origens e investir na agricultura.

Agricultor Repórter: Essa sugestão de pauta foi enviada pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua, Olir Schiavenin. Você tem alguma sugestão de pauta para nos enviar? Então envia um e-mail para: avindima@avindima.com.br