Mínimo por quilo da uva fica em R$ 0,92

Tabela de preços elaborada pela Conab deve ficar pronta até o final de dezembro

Bagas apresentam boa sanidade devido ao clima registrado até o momento

Bagas apresentam boa sanidade devido ao clima registrado até o momento

Camila Baggio – camila@avindima.com.br

 

Dezembro chega e com ele a proximidade do Natal, Ano Novo e de mais uma vindima na Serra Gaúcha. É o período mais importante, já que serão colhidos os frutos de um ano inteiro de trabalho suado. O preço mínimo foi confirmado: fica em R$ 0,92 ao quilo (refere-se à variedade Isabel de 15º Babo). O valor foi aprovado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no início de dezembro, um reajuste em 18% com relação a safra passada. O valor estabelecido seguiu para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), onde é elaborado o texto, assinada a portaria pelo ministro Blairo Maggi, e divulgado no Diário Oficial da União, o que ocorreu no último dia 14. Com isso, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elabora a tabela de preços.

A expectativa é que o documento esteja pronto até o final de dezembro. “Neste ano a negociação foi mais fácil, reajustamos o preço mínimo com um percentual de 18%, ou seja, foi repassada a inflação e mais 10% de ganho real em relação ao preço mínimo do ano passado. É um avanço, mas sabemos que o custo de produção é alto e precisamos melhorar a renda do nosso produtor. A uva deveria estar com um preço melhor, pois é matéria prima fundamental”, avalia Olir Schiavenin, viceocoordenador da Comissão Interestadual da Uva.
Com relação a qualidade, a safra deste ano promete apresentar boa sanidade dos cachos, em períodos que foram menos propícios para ataques de fungos e problemas de doenças. O clima vem colaborando para uma excelente qualidade e, as noites mais frescas, tendem a atrasar o início da colheita, prevista para o final de janeiro para variedades com a Bordô. Em termos de volume, deverá ser uma safra dentro da normalidade. Com vinícolas cada vez mais exigentes com sua matéria prima, um dos principais cuidados é no momento de colher a uva, prestando atenção na maturação ideal dos cachos. O agrônomo Paulo Dullius, da Cooperativa Nova Aliança, explica que alguns desses cuidados que devem ser levados em conta no momento da colheita abrangem observar as características de cada variedade, levando em conta qual será seu destino final. “Esses dois pontos são determinantes para que se possa atingir um objetivo satisfatório, tanto para a indústria, quanto para o agricultor”, complementa.

Produtores estão confiantes

O produtor Júlio Cesar Berton, a esposa Nair Guarese Berton, e o filho Everton, estão otimistas para a safra que inicia em fevereiro na comunidade de Sete de Setembro, interior de Flores da Cunha

O produtor Júlio Cesar Berton, a esposa Nair Guarese Berton, e o filho Everton, estão otimistas para a safra que inicia em fevereiro na comunidade de Sete de Setembro, interior de Flores da Cunha

A expectativa de safra é boa também nos vinhedos da família Berton, na comunidade de Sete de Setembro, interior da cidade de Flores da Cunha. Os 10 hectares de área plantada – na sua maioria da variedade Bordô, apresentam uma brotação que surpreendeu no bom sentido. Prejudicadas pela geada tardia do último ano, o produtor Júlio Cesar Berton, 59 anos, não esperava que as parreiras fossem brotar tão bem neste ano. “A parreira fez uma brotação fantástica mesmo depois do estresse que sofreu na última safra. Estamos com ótimas expectativas quanto a esta colheita e esperamos que o clima ajude até lá”, admite Berton, que divide o trabalho com a esposa Nair Guarese Berton, 62 anos, e o filho Everton, 29 anos.
A produção da família segue para a elaboração de vinhos e sucos em vinícolas do próprio município e, se depender da matéria-prima, teremos boas opções de bebidas. “O clima vem ajudando muito neste ano, o único problema que sentimos foi a chuva no período da florada, que acabou dispensando algumas flores, mas nada de grave. No início se esperava uma super safra, mas acredito que teremos uma produção dentro da normalidade”, avalia Everton. Na safra 2015/2016 a família perdeu cerca de 75% da produção com a geada. “Estimo que teremos aproximadamente 65% de uma safra considerada cheia, excluindo a do ano passado”, complementa Júlio.
Para colher os cerca de 280 mil quilos previstos para este ano, a família Berton contrata diaristas, sempre tendo o contrato de trabalho como principal ferramenta. O caminhão e lonas tóxicas para o transporte estão preparadas para o período mais importante do ano, que deve ser um pouco mais tardia, tendo início em fevereiro na comunidade de Sete de Setembro. Uma das razões desse ‘atraso’ é o frio que insiste em prevalecer nas noites e início das manhãs. “Como o clima não foi propenso a doenças, tivemos um custo de produção menor, já que diminuímos pela metade a quantidade de sessões de tratamento e a expectativa está muito boa. Esperamos que o preço de mercado acompanhe a qualidade e seja positivo”, estima Júlio.