Pitaya: uma fruta de fácil implantação e manejo

Além de bom preço de mercado, é considerada uma excelente alternativa de diversificação para produtores rurais do Sul do Brasil

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Pitaya rosa, de polpa branca

Talvez você já deve ter visto uma pitaya. Essa planta cactácea de origem mexicana se popularizou por diversos países nas últimas décadas, inclusive no Brasil. O fato é que por aqui ela era utilizada apenas para fins ornamentais, ou seja, para adornar jardins devido à beleza de sua flor, conhecida como ‘Dama da Noite’. Todavia, nos últimos anos o fruto da pitaya caiu no gosto, literalmente, dos consumidores e ela já é considerada a rainha das frutas por conta da sua qualidade nutricional e funcional e pelo sistema de cultivo que é relativamente fácil.
Página 9- 1Com sabor peculiar e adocicado, o fruto é rico em vitaminas A e C e zinco, cálcio, ferro, fósforo, potássio e flavonoides (antioxidantes). Com isso, ajuda a eliminar radicais livres, perder peso, reduz o colesterol ruim, auxilia no funcionamento do intestino, e a polpa tem alta concentração de fibras, além de possuir baixo teor calórico e ação laxante, entre outros benefícios.
No Brasil, ainda são poucas as regiões que investem nesta cultura, que é comercializada nos supermercados com valores que variam de R$ 12 a R$ 30 reais por quilo. A pitaya foi introduzida no Brasil em 1995, no Estado de São Paulo, que atualmente é o maior produtor da fruta no país, com 49 municípios dedicados à cultura, sendo as regiões de Amparo, Presidente Prudente e São José do Rio Preto as mais importantes. As cidades de Socorro, Narandiba, Cedral, Arthur Nogueira e Ourinhos, juntas, são responsáveis por mais de 50% da produção do estado. Destacam-se também no cultivo os estados de Minas Gerais, Ceará, Goiás, Paraná, Santa Catarina, e Rio Grande do Sul. Em solo gaúcho o cultivo ainda é tímido. Produtores têm investido em plantações em Novo Hamburgo, Cambará do Sul, Monte Negro, Lajeado, Bento Gonçalves, entre outros municípios.

A pitaya branca é a mais cultivada no país, além da roxa e da vermelha ou pink. Contudo, existem mais de 20 variedades diferentes em cultivo no país. Além do consumo in natura (cerca de 70% da produção), a pitaya é utilizada também para fazer sorvetes, licores, cachaças, produtos cosméticos, capsulas e geleias. Embora a agroindústria ainda seja muito tímida nesse segmento, existe um potencial imenso a ser explorado, já que o período de safra da fruta vai de janeiro a maio e após esse período, o mercado fica desabastecido da fruta, abrindo espaço para a entrada dos subprodutos da pitaya.

 

Alternativa para diversificação de renda

 

case pitayas

Produtores de pitaya Rudinéia Lazaroto e Valmirei Feltrin

O produtor Valmirei Feltrin, da propriedade Recanto das Pitayas, na Linha Contesse em Turvo (SC), produz 18 variedades da fruta, além de outras três da Embrapa que estão em fase de teste em campo. Ex-fumicultor, está satisfeito com os resultados e vê um futuro promissor no segmento. Em 2016 produziu 40 toneladas e a previsão para este ano é chegar a 50. Além de fornecer para vários estabelecimentos comerciais do país, atende clientes na propriedade. “Se tivesse mais, venderia”, frisa ele, destacando que há espaço para expansão.

A engenheira agrônoma Rudinéia Lazaroto investiu na plantação de pitaya, na Linha Caravágio, em Chapecó, com objetivo de comercializar mudas e frutas. A empreendedora, que apostou na produção de pitaya vermelha, amarela do cerrado e roxa, participou recentemente do Empretec, promovido pelo Sebrae e Sicom, visando aperfeiçoar habilidades comportamentais para obter um plano de negócios eficiente, viável e rentável, na intenção de melhorar ainda mais os resultados que tem obtido com a fruta.

Investimentos

Sítio Pitayas do Vale, situado em Linha Alegre, no interior  de Muçum, comercializa mudas e frutas orgânicas

Sítio Pitayas do Vale, situado em Linha Alegre, no interior
de Muçum, comercializa mudas e frutas orgânicas

O engenheiro agrônomo Edson Carlos Menezes Benites destaca que o custo de implantação de um pomar de pitaya varia de acordo com o tipo de sistema que o produtor irá utilizar para a condução das plantas. Existem dois modelos: o tailandês ou vietinamita, que emprega menos palanques; e o sistema em cerca, que utiliza uma quantidade maior de palanques. “A planta se fixa nesses palanques, que podem ser de concreto, cerne (madeira sem tratamento) ou palanque vivo, que é o mais barato de todos, pois nesse caso plantam-se as mudas das pitayas junto com as mudas de árvores, como o Plátano ou a Uva do Japão, por exemplo, e ambas crescem juntas, enquanto a pitaya se gruda no caule da árvore. Dessa forma não temos esse custo do palanques”, explica. Ele calcula que para implantar um hectare pelo sistema tailandês são necessários em torno de 850 palanques (quatro metros entrelinhas e três metros linha), ao custo médio de R$ 15 a unidade para o de cerne sem tratamento.Já o sistema em cerca pode levar até dois mil palanques.

Outro ponto muito importante para iniciar uma plantação de pitaya é a seleção das mudas, que precisam ser de um viveirista confiável. “Sempre aconselho comprar uma muda padrão, em torno de 70 centímetros, que tenha uma estrutura boa para aguentar a diversidade climática. Para quem deseja iniciar no cultivo orgânico, a recomendação é que se invista em mudas orgânicas”, explica o especialista.

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Ele destaca que essa é uma cultura muito rústica, fácil de conduzir e que já produz frutos a partir do primeiro ano de plantio. “Por ser um cacto de floresta, a pitaya necessita de umidade, não de solos encharcados, mas de solos mais úmidos e, até mesmo, com irrigação foliar em regiões mais secas e quentes, além de muita matéria orgânica. Neste caso, indicamos a cobertura verde, como o amendoim forrageiro, por exemplo. Essa é uma planta muito resistente, que suporta até -4ºC de temperatura, por isso também se adapta muito bem em regiões de altitude, como a Serra Gaúcha”.

O profissional destaca que todas as orientações, seja de cultivo, estudo de solo, entre outras, podem ser passadas por um consultor. “O produtor pode fazer uma consultoria com um profissional especializado nessa cultura. Isso irá auxiliá-lo muito e também irá diminuir os riscos de erros, visto que o investimento é considerável”, destaca Benites.

O profissional esclarece que os agricultores familiares têm a possibilidade de aderir ao Pronaf. Para ele, essa seria uma boa alternativa para viabilizar a implantação do pomar de pitaya, já que a taxa de juros é a menor no mercado atualmente e as condições de parcelamento são boas. “Essa é uma cultura que começa a produzir em seis meses. Os resultados são ótimos e em um ano e meio o agricultor já estará comercializando os frutos que poderão ser vendidos entre R$ 5 e R$ 7 por quilo.

Contato: engenheiro agrônomo Edson Carlos Benites: ecbenites@yahoo.com.br; (48) 9 9954.6327.

Por: Mirian Spuldaro – mirian@avindima.com.br