Processo pode melhorar a produtividade do terreno e
diminuir desperdícios com a adubação desnecessária
Assim como o corpo humano precisa de nutrientes para poder sobreviver, a lavoura também precisa ter os seus elementos essenciais em quantidades corretas para que a planta possa se desenvolver e produzir seus frutos, além de evitar contrair doenças devido à carência desses nutrientes. Mas como é possível saber se está tudo bem com o solo da propriedade? Mais uma vez relacionando com o corpo humano, é necessário que se faça exames, ou seja, uma análise química do solo. De acordo com o engenheiro Agrônomo, assistente técnico regional da Emater Caxias, João Villa, é através dela que o agricultor poderá saber como está a fertilidade do solo e obter indicações corretas sobre o tipo e a quantidade de calcário e adubo a serem aplicados em cada gleba de sua propriedade.
A partir disso, será possível observar o estado nutricional do solo e fazer a correção de nutrientes, caso seja necessário, aumentando a produtividade do terreno, diminuindo desperdícios e evitando jogar dinheiro fora com gastos desnecessários. “O produtor só tem a ganhar quando faz a análise do solo. É um investimento e não um gasto, pois ele irá aplicar somente aquilo que é necessário na lavoura e não gastar com o que não precisa”, destaca João Villa. Ele explica que os resultados de uma análise de solo e de uma correta adubação são percebidos já na safra seguinte ao processo. “O produtor ganha em quantidade e, principalmente, em qualidade”, completa.
Villa destaca que nem sempre é necessário fazer a reposição de nutrientes ou a adubação, mas que somente a análise de solo irá mostrar isso ao produtor. “A utilização em excesso de adubos pode inviabilizar uma área de terra por muitos anos. O desequilíbrio de fertilidade de solo irá causar o desequilíbrio nutricional da planta, facilitando a entrada de pragas e doenças e até a sua morte”.
Quando fazer
O técnico agrícola da Emater de Nova Pádua, Leonildo Speroto, salienta que a época ideal para se fazer a análise química do solo é logo depois da colheita, para qualquer cultivar, incluindo os orgânicos. “O correto seria que o produtor fizesse um planejamento e assim que terminasse a safra/colheita já providenciasse a análise. Pode levar alguns meses para retornar o resultado, vai depender da demanda do laboratório. Depois, é preciso interpretar os dados e ter tempo de trabalhar a terra”, alerta Speroto.
João Villa salienta que o produtor precisa estar atento à confiabilidade do laboratório para o qual encaminha a análise, caso o processo não seja intermediado pela Emater. Segundo ele, existe uma rede oficial de laboratórios de solo para fazer as análises nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (Rolas). “Esses laboratórios estão credenciados e capacitados para analisar o solo de acordo com as características específicas dessas regiões. Hoje tem lugares que mandam as amostras para São Paulo e esses laboratórios não estão calibrados para o nosso tipo de solo”, contextualiza.
Tipos de análise de solo
De acordo com os profissionais, existem dois tipos de análises de solo: a física e a química. A primeira mostra o tipo de solo, ou seja, a quantidade existente de argila, areia e silte. Já a segunda, apresenta a composição de minerais do solo. “As duas são importantes, mas é a análise química que irá mostrar se é necessário fazer a adubação de manutenção e também a quantidade de nutrientes que será necessário aplicar. Nem sempre é necessário fazer essa correção com calcário. Porém, somente a análise irá mostrar isso”, explica o técnico agrícola.
A correção do solo (uso de calcário para corrigir a acidez) é mais recomendada para áreas novas. Normalmente, aquelas já trabalhadas apresentam excesso de nutrientes, o que dispensa o processo de adubação de correção frequentemente. Já a adubação de correção de fertilizantes é necessária todos os anos ou, no máximo, a cada dois anos, em todas as culturas. “A cada safra a planta retira determinados nutrientes do solo, causando a carência deles naquele espaço. Além disso, cada cultura tem a sua particularidade e necessita mais de um determinado tipo de nutriente do que outro. Os cuidados como solo de uma plantação de alho serão diferentes do que de um parreiral de uva, por exemplo”, explica o técnico agrícola da Emater de Nova Pádua, Leonildo Speroto Speroto.
Como coletar o material para a análise
João Villa explica que a correta amostragem do solo é uma das principais fases da análise, pois dela depende a exatidão dos resultados. “A realização da análise de solo é importante, pois somente os dados obtidos a campo através da observação visual não são suficientes para determinar possíveis problemas nutricionais das plantas”. Ele diz que atualmente os escritórios da Emater no Estado não estão mais realizando a coleta de terra para a análise nas propriedades, mas que os agricultores podem procurar a sede do órgão em seus municípios que terão a instrução necessária para realizar coleta de amostras de terra da forma correta.
Mais de 20 anos investindo em análise de solo
O agricultor Lino Arcaro, 49 anos, morador do Travessão Divisa, em Nova Pádua, aprendeu com o pai a importância de se fazer a análise química do solo. Os documentos guardados comprovam que a família realiza o procedimento há mais de 20 anos. A primeira análise foi feita pela Emater, no ano de 1992, em uma parcela de terra utilizada para a plantação de alho. Desde então, Lino faz o investimento, como ele descreve, a cada dois anos, intercalando as culturas.
Lino conta que no ano passado queria colocar dez mil quilos de calcário no parreiral de um hectare e meio, pois as uvas estavam apresentando muitos grãos verdes. Contudo, a análise de solo solicitada pela prefeitura para a liberação do produto mostrou que não era necessária a aplicação. “Tive que usar apenas uma pequena quantidade de bórax para melhorar a qualidade da uva. Eu ia colocar uma coisa e precisava de outra. Então, além da economia de dinheiro, tive economia de mão-de-obra”, comemora.
Neste ano, o agricultor encaminhou a análise de solo de 0,8 hectare de alho e, conforme analisou o técnico agrícola da Emater do município, Leonildo Speroto, a quantidade de nutrientes do solo está elevada. Nesse caso, o profissional recomenda que o agricultor utilize baixa quantidade de adubo e que faça a subsolagem, que é a aplicação de grampos que rasgam o solo para misturar a terra artificial com a mais profunda (40 centímetros). “Somente assim ele ainda conseguirá utilizar essa área. Do contrário, ele terá que deixá-la descansar por alguns anos, pois não conseguirá mais colher alho”, explica Speroto. Na última safra, em virtude da seca, Lino colheu pouco mais de dois mil quilos de alho, quantidade considerada pequena pelo agricultor.
Em Nova Pádua, os agricultores podem procurar o escritório da Emater para buscar orientações de como fazer a coleta de solo que é encaminhado para a análise química, feita pelo laboratório da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Segundo Sperotto, o custo é R$ 30, incluindo a taxa de envio.
Mirian Spuldaro
mirian@editoranovociclo.com.br
por favor reformular não existe apenas dois tipos de análises do solo por favor incluam análises microbiologica que é extremamente importante . sou estudante de tecnico em quimica no Parana
Marlon, muito importante seu comentário! As análises voltadas para a parte orgânica do solo são essenciais. Acredito que o autor do texto quis incluir as análises microbiológicas dentro da análise química.
Vale ressaltar também o uso dá análise chamada Extrato de saturação muito utilizada e dá um maior respaldo sobre como está realmente eu solo mostrando apenas os nutrientes disponíveis para a planta.