Nossos ouvidos são órgãos muito sensíveis. São eles que permitem o sentido de audição e o equilíbrio do corpo, por isso dar atenção a eles é importante para garantir que problemas como a surdez não venham a atrapalhar a sua vida. Muitas das dificuldades que acometem pessoas de diferentes idades estão relacionadas à limpeza dos ouvidos, que deve ter medidas e cuidados especiais, evitando que neste momento a cera – que está presente para abrigar o ouvido interno de agentes externos e de infecções, seja impulsionada para o ouvido interno. A cera só pode ser retirada caso seja motivo de perda auditiva ou provoque uma sensação que incomode, e isso deve ser feito através de uma limpeza auditiva feita por um médico. O especialista na saúde dos ouvidos é o otorrinolaringologista, é ele que pode identificar perdas auditivas como a condutiva, sensorioneural e mista, além de doenças como otites. Confira algumas dicas para cuidar da saúde de seus ouvidos e evitar que esses problemas prejudiquem sua audição.
Para que as palavras sejam entendidas, o som faz uma incrível viagem por dentro do órgão da audição: o ouvido. No caminho, ele troca várias vezes de condução. Até a porta de entrada do aparelho auditório, o ouvido externo, o som se desloca pelo ar. No ouvido médio, que começa no tímpano, as vibrações fazem tremer três ossinhos, conectados entre si. Finalmente, no ouvido interno, as ondas sonoras passam a se propagar em um ambiente líquido. Entram na cóclea, a estrutura em forma de caracol onde se situam as células receptoras de som. Lá, o som se transforma em sinais elétricos que são enviados pelo nervo auditivo rumo ao cérebro. No córtex cerebral, esses sinais são decodificados e mobilizam os órgãos encarregados da reação a aquele som.
Deve-se limpar o ouvido?
Quando falamos em ouvidos, uma dúvida é sempre frequente: é verdade que não deveríamos usar cotonete para limpar os ouvidos? Sim, é verdade. Não devemos colocar nada em nossos ouvidos, nem mesmo o cotonete. Mas para entender por que não é preciso limpar nossos ouvidos, primeiro precisamos entender porque temos cera de ouvidos. Essa substância desagradável, conhecida em linguajar médico como cerume, existe para nos proteger. A finalidade da cera de ouvido é manter o canal auditivo limpo, diz o médico Douglas Backous, presidente do comitê de audição da Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço (AAO-HNSF) e diretor de cirurgia auditiva e da base do crânio no Instituto Sueco de Neurociência, em Seattle.
A cera de ouvido ajuda a afastar a poeira e sujeira de nossos tímpanos e também exerce papeis antibacterianos e de lubrificação. E, em uma das muitas maravilhas do corpo humano, nossos ouvidos se limpam sozinhos, basicamente. Quando a cera seca, cada movimento do maxilar, seja pela mastigação de alimentos ou pela conversa, ajuda a trazer a cera velha para fora pela abertura da orelha. O problema está quando tentamos interferir nesse ciclo natural. O cotonete parece uma coisa muito pequena, mas o que ele faz na realidade é empurrar a cera para mais fundo no ouvido, onde ela fica presa em partes que não se limpam sozinhas, diz o médico. O cerume preso nessas partes também leva para dentro os fungos, bactérias e vírus acumulados no ouvido externo, potencialmente causando dor e infecções. Empurrar a cera para dentro também pode bloquear o canal auditivo, levando à perda de audição ou, se você a empurrar ainda mais fundo, à ruptura do tímpano.
Os ouvidos só precisam realmente ser limpos, mesmo por um profissional médico, se você sentir que estão cheios ou se notar mudanças em sua audição que possam ser relacionadas a um acúmulo de cera. O cotonete deve ser utilizado apenas em volta do ouvido externo, sem penetrar no canal auditivo. Para quem tem o hábito de limpar os ouvidos e se incomoda se não o fizer, Backous recomenda um pouco de irrigação caseira. Algumas gotas em cada ouvido de uma mistura feita de uma parte de vinagre branco, uma parte de álcool cirúrgico e uma parte água da torneira na temperatura do corpo devem resolver (o médico avisa que se a mistura estiver quente ou fria demais, você pode sentir tontura). Em última análise, contudo, diz Backous, não é bom colocar nada dentro do ouvido.
Como funcionam os aparelhos auditivos
O que os aparelhos auditivos fazem é aumentar o volume dos sons externos. Ele é composto por um microfone, que capta o som; um amplificador que o amplifica; e um receptor, responsável por enviar o som amplificado para a orelha do paciente. Nos aparelhos modernos é possível ajustar o volume nas diferentes frequências, o que permite modular o som e torna o uso do aparelho mais confortável para o paciente. Baterias, que devem ser trocadas de tempos em tempos, fornecem a energia para toda essa estrutura funcionar.
Os modelos de aparelhos variam em tamanho e o tipo de cada amplificação.
Os mais comuns são os retroauriculares e os intracanais. O segundo é o preferido dos pacientes, por questões estéticas, mas não funcionam bem para todo tipo de perda auditiva. Para as mais significativas (comprometem os sons agudos), indica-se o retroauricular. O que varia é a porção da orelha onde são colocados, o tamanho e o molde. Cada modelo é indicado para um tipo de perda auditiva. A porção do aparelho que fica dentro do chamado meato acústico externo é feita sob-medida.
Prevenindo a surdez
– A prevenção nas pessoas expostas a ruídos intensos, em geral os trabalhadores da indústria pesada, se faz atuando-se sobre a fonte emissora, ou protegendo-se cada trabalhador com o uso de protetores-abafadores colocados nos ouvidos.
– A prevenção da surdez hereditária é feita através do aconselhamento genético aos pais. Cuidados médicos no período pré-natal previnem surdez na criança que vai nascer. Doenças como a rubéola, sífilis e toxoplasmose na gestante são exemplos de doenças que podem causar surdez e outras anomalias. Toda mulher, especialmente dos 15 aos 35 anos, deve vacinar-se contra a rubéola. A vacinação é simples e altamente eficaz.
– Após o nascimento, a audição da criança pode ficar comprometida por certas doenças infecciosas como meningite, caxumba ou sarampo, contra as quais existe vacinação eficaz. Cuidado com alguns remédios, especialmente certos antibióticos que podem lesar o ouvido da criança. Com os progressos da ciência e tecnologia, o diagnóstico de surdez numa criança pode ser feito desde o nascimento. Se há suspeita, a consulta médica deve ser imediata. O tratamento da criança surda deve ser iniciado cedo, já nos primeiros meses. Quanto antes for iniciado o trabalho de habilitação na criança surda, melhor será o aproveitamento na aquisição da linguagem.
Fontes: Revista Exame e Instituto Brasileiro do Sono.
Por: Camila Baggio