Agricultores apostam em modelo americano de aviários

Sistema Dark House (casa escura, em inglês) controla luminosidade e temperatura 24 horas por dia, para aumentar a eficiência da produção

Um novo sistema de criação de aves está ganhando cada vez mais adesão dos agricultores no Rio Grande do Sul. Chamado de Dark House (casa escura, em inglês), ganhou mais destaque em estados como Goiás, Mato Grosso e Paraná e aos poucos vai tomando o Sul do país. O modelo foi trazido dos Estados Unidos e é uma alternativa para aumentar a eficiência da produção. Ele controla luminosidade e temperatura 24 horas por dia e permite ganhos como melhor conversão alimentar dos animais, menor taxa de mortalidade
e redução no tempo de alojamento.

O agricultor Dair Luis Cortelini e a esposa Elisandra, moradores da comunidade de Nossa Senhora do Rosário, interior de Fagundes Varela, optaram por investir no novo modelo. Eles já tinham um aviário tradicional e implementaram o novo. “A mudança foi grande, principalmente no serviço que reduziu, na conversão alimentar, dentre outros. A evolução também foi grande, mas a principal mudança pode ser observada na climatização e na luminosidade. Da primeira até a última semana, a luz vai diminuindo. Nos últimos dias do alojamento o local está quase escuro”, enfatiza.

No novo aviário, o rendimento maior é atribuído especialmente à diminuição do estresse e da agitação dos animais, proporcionada pela temperatura corporal constante e períodos mais longos de baixa luminosidade. O único contato com a luz é por meio de lâmpadas incandescentes, que estimulam os ciclos de engorda e de vida dos animais. Ao mesmo tempo, exaustores controlam a temperatura e evitam gasto de energia das aves.

O aviário tem capacidade para cerca de 45 mil frangos ou 18 a 19 aves por metro quadrado. Os sistemas de regulagem de temperatura e de luz permitem trabalhar com maior número de aves por metro quadrado.
Cortelini investiu cerca de R$ 590 mil no Dark House. Parte dos investimentos foi obtido por meio de um financiamento. A família buscou apoio ainda, da prefeitura de Fagundes Varela, que desenvolve o Programa Impulsão Agropecuária.

Com o auxílio, Dair teve serviços de terraplanagem da área, máquinas e reembolso de valores investidos. “Sem o incentivo era difícil começar e não sei se conseguiria investir”, ressalta. Antes de apostar no novo
aviário, Cortelini pensou até em abandonar o meio rural. “Pensamos muito no que fazer. Pensamos em plantar milho ou parreira ou ir morar na cidade, trabalhar numa empresa, mas como gosto de criar frangos,
busquei informações sobre esse modelo de aviário e optei por investir nessa nova tecnologia”, ressalta.

Iluminação artificial
A luminosidade é controlada o dia inteiro, com lâmpadas incandescentes. Os animais passam oito horas com luz artificial e dezesseis no escuro, sendo despertados para consumo de ração e água quando as lâmpadas são acesas. O controle é feito para que as aves não fiquem agitadas e, com isso, tenham melhor conversão alimentar e menos machucados. Na fase inicial, os animais recebem mais luz para se alimentar melhor. A partir dos 26 dias, as aves ficam na penumbra dentro da granja. O objetivo é manter os animais calmos.

Fechamento lateral
O aviário é isolado com forro lateral e cortinas escuras para impedir a entrada de luz natural. As cortinas e forros devem ser de material laminado, e a qualidade da montagem deve ser impecável para que não fiquem frestas. Exaustão do ar Os exaustores cumprem funções de troca de ar (arrastando calor, umidade e gases). Os equipamentos devem ser posicionados em uma das extremidades do aviário. Ajudam no controle da temperatura, que não passa de 30°C. A entrada do ar é pelo outro extremo do galpão, passando por um sistema simples de refrigeração e processo evaporativo, o que ajuda no controle da temperatura.

Alimentação automatizada
A alimentação das aves é automatizada, por meio de uma rosca que leva a ração para os comedores. O sistema permite melhor uso da mão de obra, com um número menor de funcionários. O maior trabalho se dá no recebimento e movimentação do lote até o sétimo dia. Depois, é tudo automático.

Controlador 

É o cérebro de todo a tecnologia. A decisão de temperatura, umidade, necessidade de abertura da cortina da entrada do ar, nebulização, intensidade de luz e sistemas de segurança passam por esse aparelho. O sistema controla tanto a luminosidade quanto a ventilação dos aviários, proporcionando maior número de aves por metro quadrado.

Fontes sobre o sistema: Paola Rueda – World Animal Protection e Ariel Mendes (ABPA).

Por: Leandro Galante/Especial

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