Agricultores contribuem para aperfeiçoar produção vitivinícola

A FECOVINHO está realizando um trabalho de consolidação  da metodologia utilizada no assessoramento da atividade produtiva. A estratégia desta fase do Projeto ATER pretende identificar e enumerar os aspectos positivos do método empregado e identificar os aspectos que contribuíram na melhoria e no aperfeiçoamento da atividade agrícola, a partir dos princípios e orientações adotadas nessa sistemática de assessoramento técnico.

Após a primeira rodada de encontros com os coletivos, os técnicos que integram a atividade em desenvolvimento recolheram uma série de percepções, desde as questões relacionadas ao manejo dos parreirais até a gestão das propriedades. Para o técnico, Áureo Salvi, o assessoramento técnico na modalidade implementada é um caminho sem volta. Esta percepção é orientada pela postura de receptividade e apreço manifestado nos encontros coletivos. “Os Agricultores foram muito receptivos e contribuíram com proposições e ideias para melhorar e ampliar o Projeto de ATER, inclusive apresentando solicitações para ampliar o campo de orientações disponibilizadas atualmente”.
Salvi salienta que eles entenderam a metodologia da ação produtiva que o projeto propõe. Outro aspecto destacado é que os encontros coletivos proporcionaram que os Agricultores apresentassem novas necessidades e demandas de orientação técnica, que ainda não haviam sido abordadas. “Essa liberdade expressa a confiabilidade das orientações criada pelo Projeto ATER e o apreço dos Agricultores por essa iniciativa”.

O técnico Maurício Fugalli revela que a sua primeira percepção dos encontros coletivos é que “temos uma agricultura forte, bastante produtiva e Agricultores verdadeiramente guerreiros”. Ele destaca que o debate das medidas para o aumento da renda foi um item sempre presente nos encontros coletivos. No entanto, ela precisa ser colocada num contexto mais amplo apontado pelo Projeto ATER. O rendimento será decorrente de uma assessoria que auxilie na tomada de decisão para as ações de cunho produtivo e ambiental, e também na formação de gestores que administrem a propriedade com objetividade, seriedade e consciência.

Ele observou que os Agricultores apontam a necessidade de investimentos e políticas públicas, caso contrário os problemas da sucessão rural não cessarão e as famílias continuarão abandonando o meio rural,  desenhando um cenário de crescimento populacional urbano e demanda por alimentos saudáveis, sem dimensionar as perdas culturais e os problemas sociais. Fugalli aponta a necessidade de aprofundar os conhecimentos sobre os sistemas de produção que proporcionem melhoria contínua da qualidade de vida dos Agricultores, garantindo renda e sustentabilidade.

Temas específicos
Durante esta rodada de encontros vários temas diretamente relacionados à orientação técnica foram apresentados pelos Agricultores, que proporcionaram debates no próprio grupo. Uma dessas questões é o uso e a qualidade da água, pois existem situações diferenciadas. Alguns não têm água em sua propriedade, outros possuem açudes e utilizam água armazenada para os tratamentos. Segundo a técnica de ATER, Marina Santos, muitos desconheciam a informação que a qualidade da água influencia diretamente na eficiência do produto aplicado.

A questão da qualidade da água provocou muitas discussões sobre o tema da eficiência dos produtos fitossanitários e cuidados com a pulverização. Diversos Agricultores admitiram pouco  controle das dosagens recomendadas nas embalagens dos produtos, ou utilização de dosagens maiores que as indicadas. Os grupos demonstraram grande abertura para falar sobre esse tema que abordou questões específicas como a regulagem de pulverizadores. Marina salienta que um dos aspectos positivos é que o grupo construiu soluções para os questionamentos relacionados à esse item.
Muitos Produtores admitiram dificuldades na identificação de doenças e de problemas resultantes de excessos nutricionais do solo. Existe deficiência na identificação dos primeiros sinais de algumas moléstias e falta de clareza sobre as primeiras medidas para controlá-las. Um grupo sugeriu que as Cooperativas obtivessem o guia da Embrapa Uva e Vinho de identificação de moléstias, e realizem um dia de campo ou reunião técnica sobre o assunto, que representa dificuldade para muitos Produtores.

Outro assunto abordado nos coletivos foi a adubação.  Diversos Agricultores manifestaram que, inicialmente, causou surpresa o fato dos técnicos das Cooperativa e da Emater apresentarem o resultado da análise de solo recomendando a não aplicação de fertilizante químico. “Como que pode não precisar de nada?”, expressaram alguns com sinais de indignação.  Mas, a partir das orientações de ATER, passaram a compreender as reais necessidades de adubação.

A cobertura de solo também gerou muitas discussões e polêmicas. Marina Santos conta que havia Produtores que se orgulhavam de manter o solo coberto o ano todo e outros que não adotavam nenhuma medida de proteção da terra. Muitos Agricultores ainda aguardam indicação segura de plantas de cobertura, conforme a situação do vinhedo.

Um dos assuntos mais comentados nos coletivos foi cultivo correto. Os Produtores apontam que as Cooperativas indicam suas variedades de interesse, sem realizar uma ação mais consistente de convencimento, que leve em conta o terroir da região para aquela cultivar. O questionamento mais frequente é: “Será que a variedade que a Cooperativa quer e indica, se adapta a minha região?” Essa manifestação indica que existe a necessidade de mais noção e estudo sobre a orientação das variedades, principalmente de viníferas.

Alguns Agricultores expressaram que têm áreas e possibilidade de ampliação, mas tem dúvidas quanto à variedade, a montagem do sistema de condução e outros procedimentos. Nesse aspectos necessitam orientação técnica das Cooperativas, a fim de adotar as medidas adequadas.  Marina Santos salienta que o produtor quer discutir estes assuntos antes de iniciar a implantação do vinhedo, para ter segurança.
Sobre a qualidade da assistência técnica, os Agricultores indicam que não basta a ação de prescrever produtos e medidas. Para eles, o técnico precisa ser um provocador para que os Produtores reflitam sobre suas práticas e as medidas adotadas e se apropriem do conhecimento. Uma das necessidades apontadas é pela compreensão das especificidades de manejo e cultivo das diferentes variedades, uma vez que americanas, híbridas e viníferas exigem procedimentos diferenciados.

Os coletivos solicitaram às Cooperativas que incluam em seus cadernos de campo e no encarte do Caderno de Ater no Jornal A Vindima, além dos produtos fitossanitários, um “manual de manejo por variedade” com as principais informações sobre elas, como: procedimento mais indicado para plantio, tratos de poda mais adequado, manejo da cobertura verde, exigências nutricionais, predisposição ao ataque de doenças e pragas, entre outros.

Sobre a Qualidade do Projeto ATER foram realizados muitos comentários destacando  a importância de sedimentar os objetivos claros e assegurar a sua continuidade, para consolidar orientações adequadas na modernização da produção. Em diversos grupos foi apresentada a sugestão de envolver mais instituições como Embrapa, Emater, com intuito de ampliar as informações sobre cultivares e novas tecnologias. Outro aspecto que apareceu com frequência foi  a necessidade de qualificação, com ações mais sistemáticas que contemplem as reais necessidades dos Produtores com assuntos novos, novos enfoques, soluções criativas e vantajosas, a partir das realidades específicas de cada Agricultor e de cada microrregião.
Os Agricultores sugeriram que haja um alinhamento dessas orientações pelas Cooperativas, para ampliar o poder de impacto e assegurar unidade nas ações, proporcionando um padrão de qualificação dos Produtores e da produção vitivinícola.

 

ATER tec
Técnicos avaliam aplicação de tecnologias de produção.

 

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