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Com raízes na agricultura, Rodimar Antônio Piroli deixou o interior de Flores da Cunha para produzir em terras catarinenses

O trabalho familiar em pequenas propriedades é a característica típica do agronegócio no Estado de Santa Catarina. A atividade responde por 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado; e 6,4% no País. Em solo catarinense, quase não há ocorrência de modalidades como arrendamento e parcerias, comuns em outras regiões nas quais a posse da terra é mais concentrada, com alta incidência de latifúndios. Fazendo parte deste cenário, está a família do agricultor Rodimar Antônio Piroli, 51 anos. O personagem desta edição da série ‘Cultivando Terras pelo Brasil’ deixou a cidade natal – o município de Flores da Cunha, na Serra Gaúcha, há 24 anos e lançou-se como um produtor agrícola polivalente. Hoje, ele trabalha com pomares, cereais e também com avicultura na cidade de Itaiópolis, no Planalto Norte catarinense, a 330 quilômetros da capital, Florianópolis.

Rodimar morou até os 27 anos de idade na Capela de Nossa Senhora do Carmo, comunidade do interior de Flores da Cunha, onde trabalhava com a família na viticultura e olericultura. Em abril de 1992, juntou sua mudança e a da esposa Filomena Drozdek Piroli, 52 anos, e resolveu trabalhar em terras catarinenses. O motivo era nobre, este é o endereço de berço de Filomena. “Na época, depois que conheci a Filomena, viemos visitar seus familiares, e gostei muito do lugar, especialmente para trabalhar na agricultura. Com isso, resolvi comprar um terreno rural e, um ano depois do nosso casamento, nos mudamos para Santa Catarina”, recorda Rodimar. A propriedade da família fica na comunidade de Rio da Estiva, na cidade de Itaiópolis, que tem pouco mais de 20 mil habitantes.

Os primeiros contatos com a nova terra, como na maioria dos casos, não foi fácil. Até tornar a terra produtiva, um longo caminho de trabalho é percorrido. “No início foi muito difícil, porque o terreno da qual tínhamos comprado não tinha nada de lavouras formadas. Tivemos que limpar todas as áreas para, depois, poder plantar alguma coisa”, conta o agricultor. Em solo catarinense, a primeira atividade do florense foi a produção de hortaliças como alho, cenoura e beterraba. “Com o passar do tempo, começamos a plantar também abóbora e repolho. Nossa produção passou a ser comercializada na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), a Ceasa paulista”, complementa Rodimar. A Ceagesp é considerado o terceiro maior mercado atacadista do mundo e primeiro da América Latina.

Transformação na propriedade

Depois de cerca de 10 anos em Santa Catarina, e já habituados ao novo endereço, Rodimar e Filomena investiram em um negócio diferente na propriedade. A lavoura passou a contar com pomares, mais especificamente pés de caquizeiros e macieiras. O novo trabalho transformou as paisagens da propriedade de mais de 27 hectares e contou com ainda mais mudanças. “Hoje, além dos pomares, temos áreas de cereais como a soja, o milho e o feijão. Investimos também no ramo da avicultura, com mais de 30 mil aves criadas em aviário”, lista Rodimar, que para todo o trabalho conta com o auxílio da esposa e dos filhos Emanuel, 20 anos, e Emariel, 19 anos.

Hoje, a produção de frutas é comercializada por meio da Cooperativa dos Fruticultores do Planalto Norte Catarinense (Cooperpomares), entidade da qual Rodimar integra e inclusive já atuou como presidente. Na cooperativa, as frutas são classificadas, embaladas e vendidas, todas com códigos individuais que identificam cada produtor e incentivam uma produção de qualidade. Mais de 60 produtores integram a Cooperpomares. Os cereais também são vendidos em cooperativas cerealistas, sempre buscando um mercado seguro. A presença dos filhos na agricultura é considerada fundamental para Rodimar. “Sem eles não conseguiríamos dar conta de tudo. Buscamos sempre nos modernizar e aperfeiçoar para ter uma agricultura mais lucrativa e também atrair a vontade deles pelo trabalho com a terra. Está dando certo”, comemora o produtor.

O Estado de Santa Catarina tem como característica uma agricultura familiar forte. Em geral, quem trabalha na terra catarinense é dono do próprio negócio. Dos 5,9 milhões de hectares ocupados por estabelecimentos agropecuários no Estado, 91% são propriedade de quem os explora – desses, 85% têm título de posse e apenas 6% não têm. De todos os estabelecimentos agropecuários catarinenses, 89,5% têm menos de 50 hectares. Esses pequenos estabelecimentos são responsáveis por 70% da produção agropecuária de Santa Catarina. São mais de 240 mil pessoas empregadas no setor, 17% da força de trabalho do Estado.

Embora o trabalho esteja todo em Santa Catarina, é na Serra Gaúcha que Rodimar mantém seus laços de sangue. Em Flores da Cunha estão seus pais, irmãos, sobrinhos e cunhados. “Na medida do possível, sempre vou visitá-los. É deles que sinto mais saudade, além dos lugares lindos da Serra, dos bons vinhos, dos conhecidos, amigos e todas as pessoas que me querem bem”, admite Rodimar.

 

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