A paixão pela enologia como herança

 

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Antônio Randon quando recebeu o ‘Troféu Vitis – Destaque Enológico’ da ABE.

O fundador do Laboratório Randon Ltda (Labran), Antônio Randon, não poderia ter escolhido outra profissão. Foi dos pais, Christóforo e Catharina Randon, que ele herdou a paixão pela arte de fazer e apreciar vinhos. O imigrante italiano, na época residente na localidade de Conceição da Linha Feijó, em Caxias do Sul, era um mentor dos vinicultores da região. Ele orientava e instruía, conforme a sua experiência, os agricultores a fabricarem seu próprio vinho.

 

Nascido em 25 de fevereiro de 1915, em Caxias do Sul, Antônio viu desde criança e muito de perto os ensinamentos que o pai fazia. Foi por isso que, ao crescer, dedicou seus estudos a enologia. Autodidata como o pai, aos 20 anos já exercia a profissão do patriarca. Em 1942, tornou-se Químico Licenciado para a área de enologia, concedida pelo presidente Getúlio Vargas. O aval e os conhecimentos que possuía lhe deram a oportunidade de assumir a responsabilidade técnica da Cooperativa Vinícola Aliança, localizada em Caxias do Sul. Na cantina, foi o responsável por implantar o primeiro laboratório. Lá, organizou e estruturou todos os itens e equipamentos necessários para a elaboração de vinhos, vermutes e conhaques. Atuou na Cooperativa Aliança até 1970, quando se aposentou.

 

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Antônio (à esquerda) junto com o filho Nelson, nas comemorações dos 25 anos do Laboratório Randon.

Entretanto, a aposentadoria não significava o fim das atividades, mas sim o início da realização de um sonho. Os segredos da vinificação continuavam a ser um desafio e Randon tinha muito a conhecer e ensinar. Reunindo alguns equipamentos importados da França e da Alemanha, o enólogo montou um pequeno laboratório no porão de sua residência, na Rua Pinheiro Machado, em Caxias. O laboratório servia de ferramenta para subsidiar a orientação técnica que passava a algumas empresas da região. Com a demanda crescente e cada fez mais solicitado, quatro anos mais tarde, em 1° de julho de 1974, junto com o filho Nelson fundou o Laboratório Randon Ltda, o Labran. O primeiro endereço foi na rua La Salle, onde permaneceu por 20 anos. Prestava assessoria para diversas vinícolas da região, como Cooperativa Vinícola São Pedro, Vinhos Piccoli, Irmãos Molon, Vinícola Perini, Murisabel Indústria Vinícola, Vinhos Scopel e Vinícola Campestre.

 

Graças ao empenho familiar, o crescimento tecnológico e o aumento do número de empresas assistidas, tornou necessária a incorporação de novos equipamentos e a contratação de colaboradores. Na década de 1990, o Labran passou a ocupar nova sede para expandir e aperfeiçoar a assistência técnica à industria vinícola regional. O fundador Antônio participou de todas as etapas. Teve sempre como meta a constante renovação e atualização dos experimentos vitivinícolas, que o permitiram estar sempre em sintonia com as mais avançadas técnicas de trabalho. Os resultados seguros das análises realizadas para a correta orientação dos processos produtivos era uma de suas bandeiras primordiais.

 

Casou-se com Irma Elisa Rotta Randon, com quem teve três filhos, Ivan, Magda e Nelson. Esse último formou-se em Enologia, seguiu os passos do pai e hoje é o sucessor e o diretor do Laboratório. No Labran, Antônio atuou até os 80 anos, após permaneceu, embora esporadicamente, realizando análises sensoriais. “Ele sempre passou um foco de empreendedorismo e paixão pelo vinho. Com ele participamos da vida ativa do setor vitivinícola. Sempre dizia que o vinho é o antibiótico mais puro que a natureza nos oferece.

 

Bebendo-o, moderadamente, temos saúde e longevidade”, conta a nora, Fátima Prezzi Randon, que complementa: “Aprendi com ele que devemos trabalhar com afinco e honestidade para que possamos, mais adiante, encontrar o que deixamos em perfeita ordem”.

 

Além do vinho, tinha paixão pelo mar e costumava, sempre que possível, ir à praia. Gostava também de jogar cartas com os amigos. Em 2004, o enólogo recebeu uma justa homenagem da cadeia vitivinícola. Durante a 12ª edição da Avaliação Nacional de Vinhos, a Associação Brasileira de Enologia (ABE) concedeu a ele o ‘Troféu Vitis – Destaque Enológico’.
Falecido em 2005, aos 90 anos, deixou a paixão pelo vinho como legado. Seu filho Nelson deu continuidade a vocação herdada do pai e do avô.

 

Fontes: Arquivo Familiar/ Labran, Fátima Prezzi Randon
e Associação Brasileira de
Enologia (ABE)

 

Por Danúbia Otobelli
danubia@editoranovociclo.com.br

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