Em Veranópolis, Gilmar e Marizete Mazzarollo apóiam os filhos para
continuarem trabalhando com a terra e desenvolvendo a propriedade
Larissa Verdi
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Na comunidade Santo Isidoro, interior de Veranópolis, residem os Mazzarollo. Modelo de família tradicional, o pai Gilmar, 53 anos, a mãe Marizete, 50, e os filhos Eric, 23, e Thamis, 20, trabalham na colônia e da terra tiram seu sustento. O que os diferencia, talvez, de muitas outras famílias, é a visão de futuro e o orgulho em serem agricultores.
A família trabalha com gado leiteiro. A média de produção diária é de 700 litros de leite. Toda a produção é destinada à Cooperativa Santa Clara, a qual a família é associada. O planejamento da propriedade é levado a sério. Todo o processo de produção é mecanizado, desde o plantio do milho para alimentar os animais até a ordenha. Dos 60 animais, cerca de metade permanecem em lactação, todos de raça holandesa. Com a família residem também os nonos Antônio e Égide. Sendo moradores da Terra da Longevidade, como é conhecida Veranópolis, eles trabalharam muito para que a propriedade chegasse onde está.
O filho Éric completou o ensino médio na Escola Agrícola e se formou técnico agrícola. Ele também fez um curso de inseminação artificial para auxiliar no trabalho com o rebanho. “A propriedade hoje deve ser administrada como uma empresa. É preciso visar metas e lucros”, afirma o jovem. Com o incentivo dos pais, Eric faz da propriedade a sua empresa. O pai Gilmar frisa que os jovens devem dispor desse incentivo para permanecerem no interior. “Antigamente não era fácil, o trabalho era difícil, todo manual e ainda o dinheiro no bolso era restrito. Hoje o jovem do interior tem tudo, internet, telefone e carro e asfalto. Ele trabalha e vê o resultado”, destaca Gilmar, mencionando o estímulo do governo como grande aliado ao produtor rural. “Nossos maquinários e tratores foram todos adquiridos por meio de programas do governo. É um facilitador. Nós inovamos, crescemos e lucramos para pagar o investimento”, enfatiza.
A filha Thamis é estudante de Engenharia Química e optou por estudar e trabalhar na cidade, mas morar no interior com a família. “Além da qualidade de vida que se tem aqui, o trabalho é um compromisso, mas é autônomo. Na cidade, tenho horário pra tudo, chefe e metas a cumprir”, pontua Thamis. Os pais também apóiam a decisão, e acreditam que é preciso buscar o que se gosta fazer para, assim, ser feliz. “Tenho o apoio da minha família e sei que tenho para onde voltar sempre. Gosto muito do interior”, afirma a estudante que nas horas vagas e fim de semana também ajuda nos trabalhos da propriedade.
Eric enfatiza que tem orgulho de ser agricultor e pensa em desenvolver cada vez mais seu trabalho. “Sempre que tiver oportunidades vou fazer cursos, me profissionalizar e viajar”, ressalta. O jovem viajou para Brasília duas vezes em representações de agricultores, uma delas para uma Sessão Plenária da Juventude Rural. O incentivo novamente parte da família. O pai sempre foi membro ativo na diretoria da Cooperativa a qual pertencem e Eric já está inserido entre as lideranças do Sindicato Rural. “Me arrisco a dizer que hoje as pessoas tem espaço como agricultores e vai acontecer uma inversão de papeis e mais jovens voltarão ou permanecerão no interior. É o que esperamos”, acredita Gilmar.