Armadilhas nos pomares e monitoramento ativo dos insetos
garantem uma cobertura saudável das plantas e dos frutos
Dois insetos que atacam os pomares na fase inicial de maturação dos frutos e de brotação, a mosca da fruta (Anastrepha fraterculus) e a grafolita (Grapholita molesta) são responsáveis pelos maiores problemas causados nas plantas nesta época do ano, quando o produtor precisa ligar o alerta, principalmente nos pomares de frutas de caroço – como o pêssego, ameixa e nectarina. Na região Sul do Brasil é recomendado o monitoramento desde o final de setembro, levando os cuidados até a colheita das culturas. Esses insetos constituem um importante grupo de pragas da fruticultura mundial, pois, apresentam um ciclo de vida em que seu período larval se desenvolve especialmente no interior dos frutos, alimentando-se, em geral, de sua polpa.
O controle dessas pragas foi debatido na última edição do Dia de Campo, promovido pela Emater de Farroupilha, no mês de setembro. O monitoramento da mosca da fruta e da grafolita reuniu cerca de 20 produtores na propriedade do agricultor José Pedro fracalossi, que acompanharam o modo de inspecionar os insetos e tratar os pomares. No caso da mosca da fruta, as larvas são colocadas no interior dos pomos e, ao nascerem, se alimentam da polpa da fruta. Normalmente a mosca da fruta ataca os pomares na parte da manhã, com os primeiros raios do sol.
Por acometer os pomares quando o fruto começa a ter açúcar – durante a fase inicial de maturação, o cuidado é muito importante para que a mosca não tome conta da lavoura nesta etapa tão importante. “A principal medida de controle é a realização do monitoramento, para ver se ela está presente ou não na propriedade. Essa etapa é feita com armadilhas específicas para a mosca, ou mesmo com garrafas pet com furos na parte inferior”, explica o engenheiro agrônomo Alfredo Gallina, da Emater de Farroupilha. O profissional recomenda a instalação de duas a quatro armadilhas por hectare de pomar. Nesses equipamentos é utilizada uma proteína hidrolisada que atrai o inseto. “Essa medida garante que o produtor monitore a existência da mosca e tome as medidas necessárias nesses casos”, acrescenta Gallina.
Sobre as armadilhas
Quando o produtor constatar a existência de moscas nas armadilhas, mesmo em número muito pequeno (uma mosca por armadilha), já é necessária a utilização de iscas tóxicas no pomar. “As iscas também utilizam proteínas hidrolisadas ou mesmo produtos específicos, diluídos em água e aplicados em torno de 100 litros por hectares do pomar, independe da cultura. Esses pontos devem ficar no entorno da área plantada, intercalando em volta de 20 a 25% das plantas”, explica o engenheiro. As iscas tóxicas evitam a cobertura total do pomar com inseticidas, porém, se o ataque for bastante intenso, a aplicação total é a medida mais aconselhada, sempre com o uso de produtos registrados para cada cultura. O índice indicado é de meia mosca por armadilha por dia.
As frutas atacadas pela mosca são totalmente descartadas, pois as larvas causam uma podridão mole no fruto. “Agora é um período importante para prestar atenção no pomar, o monitoramento já deve estar sendo feito, as armadilhas devem ser instaladas ainda no final de setembro e sempre de olho na presença da mosca, fazendo o monitoramento e a instalação das iscas”, complementa.
Cuidado também com a grafolita
A mariposa que ataca os pomares ao entardecer, pois tem hábitos noturnos, é outro inseto que deve ter um cuido especial do agricultor nesta época do ano. A Grapholita molesta, ao contrário da mosca da fruta, não ataca somente os frutos, mas também as pontas das brotações. Depois do acasalamento deposita seus ovos na superfície do pomar e as larvas passam a alimentar-se e se desenvolvem da planta.
O controle da grafolita também se dá por meio do monitoramento em armadilhas feitas pelo produtor. Através de atrativos que são do hormônio feminino da grafolita, o macho é atraído e acaba ficando preso pela fita adesiva da armadilha. O controle com inseticidas específicos deve ocorrer quando o monitoramento percebe em torno de 10 machos por armadilha. “De uma a duas armadilhas por hectare é o suficiente. Existe também a utilização de produtos que possuem o feromônio sexual feminino da grafolita, que são espalhados em média de mil pontos por hectare. O macho será atraído por esses pontos, não haverá o acasalamento e consequentemente a postura dos ovos. Mas a maneira mais indicada ainda é o monitoramento para constatar a possível existência do inseto no pomar”, explica Gallina.
A Embrapa presta assistência e dá orientações para o monitoramento e manejo da grafolita e da mosca da fruta, trabalho indispensável do agricultor para garantir uma produção livre de doenças como a podridão parda, além de ajudar a evitar o aumento da população dessas duas pragas para a agricultura.