Brasil amplia mercado para alimentos orgânicos
O crescimento da produção de alimentos orgânicos no Brasil deve crescer 40% em 2011. Isso vai representar um faturamento de 700 milhões de reais pelos produtores. Apesar da participação ainda ser pequena no mercado agropecuário brasileiro, a produção de orgânicos está se multiplicando nos últimos anos. Quem optar por esse tipo de cultivo tem grande perspectiva. O mercado dos alimentos orgânicos cresce em índices bem maiores que o mercado tradicional. No ano passado a estimativa é que tenha aumentado em 40% em relação a 2009, enquanto o setor agropecuário tradicional cresceu apenas 7,4%.
A demanda em todo o mundo por orgânicos cresce acima de 30% ao ano. O presidente da Brasilbio, José Alexandre Ribeiro, disse que o fator mais favorável é que a procura por esse tipo de alimento não pára de crescer. O país acaba de criar o selo Produto Orgânico Brasil, que ajuda os consumidores a identificar esses produtos. Em 2011, o mercado deve ganhar um impulso em função da entrada em vigor da lei que regulamenta a produção de orgânicos no Brasil e garante a qualidade desses alimentos.
O agrônomo Leandro Venturin explica que o que caracteriza a agricultura orgânica é a não utilização de substâncias químicas na produção. Além disso, estabelece uma sintonia de caráter ambiental na propriedade.
A adubação é feita com compostos orgânicos, adubação verde, utilização de compostagem, pó de rocha e outros produtos que não têm formulação química na sua composição.
Venturin destaca que entre as vantagens dessa produção está uma nova filosofia de produção, que se agrega a redução de custos, menor impacto ambiental e benefícios para a saúde do agricultor. “Nos últimos tempos, temos observado que há um valor agregado na alimentação orgânica.
O técnico explica que na Serra Gaúcha esta produção tem uma tendência de crescimento que se mantém nos últimos anos. “Quem produz uva orgânica, por exemplo, arranca com a safra vendida”. Ele assegura que para qualquer produção orgânica de alimentos há mercado garantido. O problema do mercado está no fato de que hoje há maior procura do que oferta. “Consumir o alimento orgânico não é apenas grife, moda, mas uma obrigação do consumidor mais consciente. Por isso, esse mercado cresce nessa velocidade”.
Esta situação é comprovada pelos produtores da Cooperativa Aécia de Ipê e Antônio Prado, que foram pioneiros nesse tipo de cultivo. O agricultor Gilmar Bellé explica que a atividade iniciou com uma associação de produtores ecologistas, em 1989. Além de comercializar parte da produção in natura a cooperativa também industrializa frutas e hortigranjeiros.
Bellé aponta que a principal vantagem da produção orgânica é a saúde tanto do produtor, quanto do consumidor. “Nós que produzimos não podemos ter uma visão egoísta. Precisamos pensar na saúde de quem vai consumir. Essa relação de respeito tem três fatores importantes: respeito ao consumidor, a si mesmo e à natureza”. No aspecto econômico tem grandes vantagens. Mas, Bellé faz um alerta: “quem entrar na agricultura ecológica tem de colocar o aspecto econômico em segundo plano. Em primeiro lugar deve buscar a qualidade do alimento”. Para garantir rendimento todo o ano, a cooperativa passou a industrializar vários alimentos e abrir espaços em redes de supermercados, ampliando o retorno para o agricultor.
O agricultor destaca outras vantagens da produção orgânica:”tem maior satisfação no trabalho, melhora a qualidade do solo, vive em mais harmonia com a natureza, tem estabilidade de renda e retorno positivo do consumidor”.
Qualificação é exigência do mercado
O Programa ATER surgiu com o objetivo de garantir assistência técnica ao agricultor, para que ele possa produzir com mais qualidade. Esta é uma exigência do mercado consumidor. A afirmação é do Presidente da Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), Alceu Dalle Molle. Ele acrescentou que o apoio técnico pretende estimular o agricultor para que “faça uma produção racional, reduzindo gradativamente a utilização de agrotóxicos e adubos químicos”.
O dirigente afirmou que essa nova concepção de processo produtivo vem de encontro a uma demanda cada vez mais crescente do mercado por produtos orgânicos menos agressivos ao ser humano e à natureza. “Essas razões já justificam o Programa ATER”.
Além desses aspectos, a iniciativa está proporcionando uma reconversão na atividade produtiva. Esse método visa corrigir desequilíbrios entre a contaminação do solo pelos agrotóxicos e a qualidade da produção.
Dalle Molle alerta que quem não se adequar as exigências do consumidor por produtos orgânicos e de maior qualidade, não terá lugar no mercado.