A partir de trabalhos da Ong Centro Ecológico, iniciados nos anos 80, trabalhos da EMATER, no final dos anos 90, e de cooperativas como a AECIA de Antônio Prado, COOPEG e Garibaldi, ambas de Garibaldi, e Aliança de Caxias do Sul, a produção Cooperativa de uvas orgânicas cresce na Serra Gaúcha. A jovem Cooperativa Nova Aliança, a partir do projeto ATER/Fecovinho, também se estrutura a fim de internamente fortalecer uma viticultura mais segura e justa, para quem produz e para quem consome.
Nesse processo de construção e reconstrução de saberes, onde o conhecimento tradicional e novos conhecimentos são igualmente importantes, a participação ativa dos associados é fundamental. As experiências de transformação agroecológica dos parreirais precisam estar alicerçadas na participação efetiva dos principais interessados, os agricultores familiares. No caso da Nova Aliança, tal participação está sendo implementada a partir da formação do Comitê de Ética da Produção Orgânica, grupo formado por sete agricultores familiares, mulheres e homens, experientes e jovens, que representam as 55 famílias envolvidas, além de um representante da equipe técnica da Cooperativa.
Esse comitê acaba de construir uma proposta de Regimento Interno da Produção Orgânica. O documento contém as regras de participação e convivência dentro do projeto. Para fortalecer a proposta e garantir transparência ao processo, a cooperativa criou também seu Sistema de Controle Interno (SCI), previsto na legislação brasileira sobre certificação de produtos orgânicos. Auditorias cruzadas, participação do comitê nas visitas de auditoria interna e externa, encontros regionais anuais, compra coletiva de insumos orgânicos, visitas de intercâmbio de conhecimentos dentro e fora da cooperativa e planejamento participativo das ações de controle e fortalecimento da proposta, são algumas das medidas que o grupo está desafiado a enfrentar.
A contaminação com agrotóxicos na Serra Gaúcha, tanto de pessoas quanto do ambiente, é assunto sério e demanda ações urgentes. Precisamos olhar com preocupação e esperança para essa realidade, mas também com olhos atentos, para ver que vários agricultores familiares e suas cooperativas estão provando que há caminhos alternativos.
Por Eng. Agr. Leonardo Alonso Guimarães
Técnico do Projeto ATER Fecovinho/MDA.