Atuação do Brasil no mercado vitivinícola mundial: panorama 2009

No cenário internacional, a vitivinicultura brasileira ocupou, em 2007, o 17º lugar em área cultivada com uvas e o 19º em produção, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). No que se refere às transações internacionais, dados da mesma fonte revelam que o Brasil foi o 11º colocado em quantidade de uvas exportadas, o 7º em valor das exportações de uvas e o 10º maior exportador de suco de uvas em quantidade e em valor.
A balança comercial do setor vitivinícola é apresentada na tabela 1. Em 2009, o país apresentou um déficit de 117,78 milhões de dólares, 183,21% superior ao déficit verificado em 2008.

 

Exportações
As exportações brasileiras de uva de mesa não apresentaram bom desempenho em 2009. Foram exportadas, ano passado, 54.560 toneladas, 33,65% a menos que no ano anterior. No final de 2008, as exportações foram reduzidas em decorrência da crise mundial, situação que provocou desestímulo e abandono de alguns parreirais do Nordeste brasileiro, os quais deixaram de produzir em 2009. Somam-se a este fato as perdas provocadas pelas chuvas ocorridas no Vale do São Francisco, ocasionando rachaduras de bagas e tornando parte da produção inapta para exportação.
Houve redução nas exportações de suco de uva no ano de 2009, comparativamente à 2008, em 11,52% na quantidade e em 16,82% no valor. Neste segmento, as exportações, que outrora representavam a maior parte da produção brasileira, atualmente representam em torno de 15% do total, sendo o restante comercializado no mercado interno, o qual tem sido mais atrativo nos últimos anos.
Os vinhos de mesa apresentaram bom desempenho nas exportações, pelo menos em volume. Foram exportados 25,51 milhões de litros, quantidade 146,5% superior a do ano de 2008; no entanto, houve redução no valor relativo, pois, em valor, houve crescimento de apenas 25,61%. Grande parte do volume exportado refere-se a vinho de mesa (elaborado com uvas americanas e híbridas) e vinhos finos de baixo valor agregado, contemplados pelo Prêmio de Escoamento da Produção do Governo Federal (PEP). O preço médio obtido pelos vinhos exportados em 2009 foi de 0,35 dólares ao litro.
Os espumantes, os quais apresentaram aumento expressivo nas exportações em 2008, tiveram, em 2009, queda de 46,48% na quantidade e de 36,67% no valor.

 

Importações
Apesar das importações de uvas de mesa representarem uma pequena parcela da uva consumida no país, em 2009 as importações cresceram 48,47% em quantidade e 46,11% em valor. Foram importadas 18,65 mil toneladas de uvas de mesa, no valor de 21,7 milhões de dólares.

 

As importações de uvas passas aumentaram 12,45% em quantidade, enquanto, em valor, ocorreu redução de 6,65% no ano de 2009 em relação a 2008. Praticamente toda a uva passa consumida no país é importada.

 

No segmento de vinhos ocorreu aumento de 2,79% na quantidade importada em 2009 e crescimento de 6,46% no valor das importações. O preço médio dos vinhos importados continua em trajetória crescente, atingindo, em 2009, U$ 3,15 ao litro.
As importações de suco de uva são eventuais e, em 2009, foram de apenas 43 toneladas.

 

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Balanço
Em 2009, o balanço dos produtos vitivinícolas foi bastante desfavorável para o país. Por um lado houve redução das exportações dos produtos de maior importância (uva de mesa e suco de uvas) e por outro houve aumento nas importações de uvas frescas, uvas passas e vinho. O déficit comercial, que em 2008 era de 41,59 milhões de dólares, passou para 117,78 milhões de dólares em 2009. Enquanto as exportações mostraram redução de 194,29 para 132,43 milhões de dólares, as importações passaram de 235,88 para 250,27 milhões de dólares (tabela 1).
A tabela 2 apresenta uma síntese do mercado de vinhos finos no país, considerando os vinhos nacionais e os importados. Em 2009, foram importados 55,93 milhões de litros de vinhos finos, o que representa 70,84% do vinho fino comercializado no Brasil.

 

* Pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho, mestra em Economia e Sociologia Rural. E-mail: loiva@cnpuv.embrapa.br.

 

Por Loiva Maria Ribeiro de Mello*

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