Evento técnico-científico busca estimular a produção, a qualificação e o desenvolvimento da vitivinicultura da região de Tarija
O desenvolvimento vitivinícola da região sul da Bolívia foi debatido entre os dias 6 e 8 de junho quando aconteceu a 5ª Jornada Internacional de Viticultura e Enologia, com a presença de palestrantes e conferencistas do Brasil, Argentina, Uruguai e Bolívia, promovida pelo Centro Nacional de Viticultura (Cenavit) e Fundação de Apoio Universitário de Tarija e Potosi (Fautapo). Depois da produção de gás, a vitivinicultura é a mais importante atividade econômica da província de Tarija.
Cerca de 300 pessoas que representam mais de 2,5 mil famílias de produtores de uvas assistiram a conferências sobre questões técnicas, econômicas e de promoção e desenvolvimento da vitivinicultura da região. O pesquisador da Embrapa Uva e Vinho José Fernando Protas falou da organização da marca coletiva Vinhos de Altitude em desenvolvimento no Estado de Santa Catarina. Já o diretor-executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Raimundo Paviani, apresentou as ações que o Instituto desenvolve para a organização da cadeia produtiva da vitivinicultura no Brasil.
As experiências em planejamento estratégico setorial desenvolvidas pela Corporação Vitivinícola Argentina e pelo Instituto Nacional de Vitivinicultura do Uruguai foram apresentados, respectivamente, por Pablo Asens e José Maria Lez, vice-presidente da Coviar e presidente do Inavi. Técnicas para redução de danos pelo granizo, como o uso de malhas para cobertura dos vinhedos e as estratégias para a promoção do enoturismo também foram tema de palestras, entre outros.
Singani é referência da produção boliviana
Mesmo com um baixo consumo de vinhos, que não alcança um litro per capita ao ano, a vitivinicultura do vizinho país está em franco desenvolvimento e conta com recursos holandeses para qualificar a produção de uma viticultura de altura, entre 1.600 e 2.200 metros de altitude. Mais de 60% dos atuais 2,5 mil hectares de vinhedos são cultivados com Moscato de Alexandria. Trazida pelos colonizadores espanhóis, esta uva dá origem a uma bebida bastante característica denominada Singani. É um destilado de 40º alcoólicos, proveniente exclusivamente do vinho de Moscato de Alexandria.
Com uma viticultura totalmente irrigada, por imersão ou por gotejamento, as lideranças projetam crescimento de mais 3,5 mil hectares até 2020. O estímulo à produção e qualificação é desenvolvido pela Fautapo, que investe em projetos educacionais e formação profissionalizante de viticultores e vinicultores.
Oito vinícolas com capacidade para produzir mais de 1 milhão de litros e outras 35 pequenas vinícolas, com capacidade entre 10 mil a 200 mil litros de produtos vitivinícolas abastecem o mercado local com mais de 100 produtos de vinho artesanal, também chamado de Vino Patero, quando as uvas são amassadas com os pés.
Casa Real
A principal empresa vitivinícola de Tarija é a Sociedad Agroindustrial del Valle (S.A.I.V.) que elabora o Singani Casa Real. A empresa fundada em 1981 pela família Granier tem tradição na produção de vinhos e singanis desde 1925 quando Julio Ortiz Linares iniciou a primeira indústria de destilados no Vale de Cinti, próximo de Tarija. Ela possui seis alambiques franceses, da região de Cognac, e um destilador de coluna e produz cerca de 3,5 milhões de litros de Singani por ano.
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