Brasil lidera iniciativa na OIV para estabelecer diretrizes sobre práticas biodinâmicas na viticultura

Documento elaborado por professor da Unipampa será base para grupo internacional de trabalho focado em sustentabilidade no setor
Foto: Divulgação

Em sintonia com o Plano Estratégico da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), que prioriza práticas sustentáveis na vitivinicultura, o Brasil propôs a criação de um documento de conhecimento coletivo sobre práticas biodinâmicas aplicadas ao cultivo da videira. A iniciativa foi formalizada durante as reuniões da Comissão I – Viticultura da OIV, realizadas em março de 2025.

A proposta brasileira foi apresentada pelo professor Juan Saavedra del Aguila, do curso de Enologia da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Campus Dom Pedrito (RS). Saavedra também é coordenador da Comissão I de Viticultura da Comissão Técnica Brasileira da Vinha e do Vinho (CTBVV), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

O documento inicial, que servirá como ponto de partida para o grupo de trabalho internacional, foi elaborado com base em mais de 50 artigos e documentos científicos recentes sobre práticas biodinâmicas em viticultura. Segundo Saavedra, o material incorpora dados atualizados sobre a prática ao nível global, como a existência de 26.556 hectares de vinhedos e 1.439 unidades vitivinícolas certificadas em 29 países até 2024.

“A proposta visa colocar a produção biodinâmica dentro do campo científico, e não apenas como uma curiosidade. Trata-se de sistematizar as práticas e apresentar seus efeitos e fundamentos com base em conhecimento técnico e pesquisa”, explicou o professor.

A biodinâmica é um sistema de produção que busca o menor impacto ambiental possível, promovendo o aproveitamento dos recursos naturais de forma equilibrada e proibindo o uso de agrotóxicos. Práticas como o uso do calendário lunar para podas e colheitas são elementos característicos desse método, que também aponta benefícios nutricionais comprovados nos frutos produzidos.

De acordo com Saavedra, um dos principais desafios será construir consensos técnicos entre os diferentes países-membros da OIV, considerando as variadas tradições agrícolas e níveis de adoção da biodinâmica. “É um trabalho pioneiro dentro da OIV, pois atualmente não existe um documento técnico sobre produção biodinâmica de uvas”, reforçou.

Para o Brasil, liderar essa discussão significa não apenas posicionar o país como articulador de práticas sustentáveis no cenário vitivinícola internacional, mas também fortalecer a imagem da produção nacional como inovadora e comprometida com padrões elevados de qualidade e responsabilidade ambiental.

“Assumir essa responsabilidade é um reconhecimento da capacidade científica das nossas instituições de ensino superior e um avanço importante para construir novos paradigmas de produção agrícola que respeitem o meio ambiente e promovam a saúde pública”, destacou Saavedra.

O trabalho também reforça a presença acadêmica brasileira em foros globais. A participação do professor Juan Saavedra como delegado científico na Reunião de Primavera da OIV, realizada em Dijon, na França, representa um passo importante para a inserção do Brasil em discussões técnicas internacionais de alto nível, especialmente em temas ligados ao desenvolvimento sustentável da viticultura.

O grupo de trabalho sobre práticas biodinâmicas deverá iniciar a redação colaborativa do documento nas próximas reuniões da OIV, com a expectativa de apresentar um texto consolidado até 2026.

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