“Embora nós conheçamos muitas coisas e herdamos muita sabedoria de nossos pais, nós precisamos de ajuda. Nada melhor do que o Programa ATER está fazendo: reunir o pessoal das cantinas para buscar saídas conjuntas para o nosso setor”. A manifestação do cantineiro Antônio Michelon, de Santa Justina, Caxias do Sul, soa como um pedido de socorro para manter uma tradição cultural e promover a sustentabilidade das cantinas.
O Projeto piloto de reestruturação desse segmento vai atender a 30 vinícolas de Flores da Cunha, Nova Pádua, Caxias do Sul, Farroupilha, Garibaldi e Coronel Pilar. As vinícolas beneficiadas foram definidas pelo IBRAVIN, FECOVINHO, Sindicatos de Trabalhadores Rurais, Sindicato Rural de Caxias, Sindivinho e Coordenação do Projeto ATER. A ação será executada por uma equipe de cinco enólogos.
Michelon salienta que as maiores dificuldades estão no posicionamento de mercado. “Precisamos aprender a fazer um padrão de vinho que nos identifique”. Apesar das resistências internas, o agricultor acredita que essa iniciativa vai promover a integração do setor, oferecer informação, qualificar e organizar os cantineiros. “As entidades que nos representam deveriam ter tido essa iniciativa há muitos anos”. Ele ressalta que chegaram à condição falimentar porque faltou iniciativa dos próprios agricultores na busca de qualificação. “Nós nos acomodamos, vendendo para qualquer empresa. Quando o empresário passou a não mais comprar, ficamos sem alternativa”, desabafa. Michelon vibra com os benefícios das primeiras atividades do projeto. “Somente a orientação em alguns problemas que tínhamos na questão ambiental já manteve cantinas operando”, destaca.
O cantineiro afirma que é necessária a integração de todos e o rompimento do individualismo para promover o intercâmbio de informações, a concepção de projetos e a entre ajuda. Ele reafirmou a confiança na recuperação da atividade: “eu gosto de nossa cantina porque ela representa a nossa vida. É da nossa cultura”.