Cochonilha no tronco, algodão e parda no terceiro ínstar.
Cochonilha no tronco, algodão e parda no terceiro ínstar.

A época também pede atenção especial em relação a um grupo de insetos prejudiciais à videira: as cochonilhas. No momento, segundo o pesquisador em Entomologia da Embrapa Uva e Vinho Marcos Botton, os cuidados devem ser dirigidos ao controle de três espécies: a cochonilha do tronco, a parda e a algodão.

 

A cochonilha do tronco, como seu nome antecipa, localiza-se normalmente no tronco, sob a casca das plantas. Devido à alimentação e injeção de toxinas, essas cochonilhas causam definhamento das plantas, principalmente da cultivar Niágara. Podem matá-las, em casos de alta infestação.

 

Entre outras práticas recomendadas para seu controle está a realização de tratamento de inverno, com calda sulfocálcica 4 ºBé, direcionado ao tronco. Caso não seja empregada a calda, deve-se efetuar a limpeza dos troncos manualmente, operação que pode ser feita com auxílio de luvas, após uma chuva ou com o uso de água sob alta pressão. Neste último caso, deve-se cuidar para que a alta pressão da água não prejudique o tronco das plantas, pois a presença de argila em suspensão na fonte de água pode afetar os tecidos vegetais.
As cochonilhas pardas – também conhecidas como do ramo novo – possuem forma arredondada, ocorrendo em colônias de cor marrom localizadas nas brotações do ano. Causam redução no crescimento dos ramos e normalmente encontram-se associadas a formigas, que as protegem dos inimigos naturais e auxiliam na dispersão. Neste caso, a presença das formigas (não cortadeiras) caminhando nos fios do vinhedo fornecem uma boa pista da localização das cochonilhas.

 

Para controle, também se aconselha tratamento de inverno, com calda sulfocálcica 4 ºBé. Após o tratamento de inverno, outra medida que auxilia no controle da cochonilha parda é a poda dos ramos atacados (no próprio período da poda de inverno). Os ramos podados com as cochonilhas devem ser deixados por duas a três semanas no chão, no interior do vinhedo, para permitir a sobrevivência dos inimigos naturais.

 

A cochonilha algodão, por fim, incide sobre ramos e tronco (lenho velho), resultando no enfraquecimento da planta, com consequente perda da produção. Nesta espécie, o corpo da cochonilha não é revestido por carapaça, e no tórax e abdômen encontram-se poros que secretam cera branca, a qual acaba encobrindo todo o inseto, dando uma aparência esbranquiçada.
O ataque da praga normalmente é de poucos indivíduos por planta, permitindo aos produtores eliminá-los manualmente. Em situações de alta infestação, é preciso o emprego de inseticidas específicos para tal cochonilha, no período de repouso da planta.

 

Marcos Botton acrescenta que, nos casos de elevada infestação com cochonilhas, após a aplicação da calda sulfocálcica pode ser necessário fazer um tratamento localizado (somente nas plantas infestadas) com inseticidas. O pesquisador reforça que o ataque de cochonilhas geralmente é localizado – ou seja, em pontos específicos – no vinhedo. Como a maioria dos inseticidas utilizados para o controle destes insetos mata também os inimigos naturais, deve-se evitar fazer aplicações em área total, direcionando os tratamentos somente aos focos de infestação.

 

Outra medida importante para fazer frente às cochonilhas, aponta o pesquisador, é manter a cobertura vegetal no interior do vinhedo. A cobertura vegetal auxilia na conservação dos inimigos naturais das pragas, pois serve de abrigo e alimento aos predadores e parasitóides.

 

Uma dica final do especialista é que as cochonilhas são um indicador de desequilíbrios no vinhedo. Geralmente, altas infestações estão associadas ao uso intenso de inseticidas para outras pragas (mosca das frutas, traça dos cachos), o qual prejudica os inimigos naturais, e a um manejo deficiente das plantas (excesso de adubos nitrogenados ou ausência de plantas de cobertura no interior do vinhedo). Por isso, os produtores, antes de aplicar inseticidas para as cochonilhas, devem observar o que pode ser melhorado no manejo do vinhedo, para evitar que ocorra um aumento significativo destes insetos, causando prejuízos.

 

Por Giovani Caprabr
Foto: A. Afonso e Marcos Botton / Divulgação

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