Especialista dá dicas de cuidados especiais para que as plantas cresçam e floresçam com frequência
As orquídeas são lindas e alegram qualquer ambiente. Embora pareçam frágeis e delicadas, podem durar décadas e passar de geração para geração, a exemplo do que acontece com Carlos Eduardo Simonetto, 33 anos, arquiteto e proprietário do Orquidário Tradição, localizado na Linha 40, interior de Caxias do Sul (RS). Em meio às mais de 10 mil plantas, de cerca de 700 espécies, cultivadas por ele e pela esposa, a bióloga Jordana Montanari, está um exemplar com cerca de 40 décadas, herdado do avô dele.
Não se trata de nenhum milagre. Segundo Simonetto, isso é possível, mas para que ocorra, é preciso tomar alguns cuidados para que a planta se mantenha sadia. “Para que uma orquídea floresça pela primeira vez são necessários, pelo menos, cinco anos. Se tudo correu certo nesse período ela será uma planta adulta e irá florescer anualmente”, explica. A reportagem do jornal A Vindima visitou o orquidário do especialista em busca de dicas para que a sua orquídea se desenvolva e floresça a cada ano. Acompanhe.
As mais conhecidas
As espécies mais cultivadas na Serra Gaúcha, por se adaptarem melhor às condições climáticas, são a Cymbidium e a Phalionópolis. A primeira tem as folhas mais finas e, normalmente, é plantada na terra, mas também se adapta aos substratos em áreas internas ou externas. Essa é uma espécie que se habitua melhor em regiões de clima ameno, sendo que sua floração ocorre, normalmente, em períodos mais frios.
A segunda espécie, a Phalaenopsis, possui folhas mais largas, se adapta melhor a ambientes internos. É plantada em algum tipo de substrato, como musgos, cascas de pinus, fibras de coco, entre outros. Esta espécie não se adapta a terra, ou seja, se for plantada na terra ela irá morrer dentro de pouco tempo. Simonetto explica que o substrato deve ser trocado a cada dois anos, pois, quando compramos uma orquídea, não sabemos ao certo quantos anos ela tem. “O recomendado é que após a floração, seja feita a troca desse material”, ensina. Conforme ele, a floração dessa espécie ocorre em períodos mais quentes, normalmente na primavera. Porém, em ambientes fechados, onde a temperatura é mais elevada, pode ocorrer, inclusive, no inverno.
Como regar
Simonetto explica que a maneira mais fácil de matar uma orquídea é molhando-a demais. As raízes não secam e morrem, pois os fungos se proliferam de forma descontrolada. Segundo ele, as regas costumam ser necessárias uma vez por semana, dependendo do clima da época. O melhor jeito de saber se a planta necessita de mais água é testando. Antes de regar é preciso tocar o substrato para sentir a umidade. Se ainda estiver úmido, não regue, espere até secar. “O ideal é que o substrato fique seco por uns dois dias. Depois, regue até que a água comece a escorrer por baixo do vaso. Para elas, é melhor a falta ao excesso de água”, alerta.
Adubação
É necessário, sim, adubar a orquídea, pois ela precisa de nutrientes para crescer. Simonetto indica que a adubação foliar pode ser feita a cada 15 dias ou mais. “Prefiro o adubo mineral, como o NPK. Indico fazer o preparo com água e borrifar na planta, nas folhas e na raiz. Isso fará com que a ela fique mais viçosa e que a floração seja mais intensa, mas cuidado com o exagero de adubo”. Esses produtos são encontrados em casas especializadas, onde também é possível buscar informações sobre a quantidade necessária. Cada tipo exige quantidades diferentes, portanto informe-se sobre a dose e forma de aplicação. Isso geralmente está escrito na embalagem.
Pragas e doenças
Poucas são as doenças que podem atacar as orquídeas, mas caso ataquem, pouco pode ser feito. Entretanto, existem formas de evitar o aparecimento de doenças nas plantas. Alguns insetos podem se tornar problemas, sendo os principais os pulgões e as cochonilhas. Os pulgões podem ser facilmente eliminados borrifando-se uma mistura de água e detergente. Já as cochonilhas devem ser removidas manualmente, sob a torneira, raspando-se as folhas com uma escova macia.
Tipo de vaso
Quando compramos ou ganhamos orquídeas, normalmente elas vêm dispostas em vasos de plástico, que são comercialmente melhores, devido à sua leveza e facilidade de transporte. Esse tipo de vaso pode ser usado em casa com sucesso. Outra opção indicada para as residências são os de barro cozido, preferencialmente furados nas laterais, para garantir boa drenagem e aeração. Conforme Simonetto, não é indicado o uso de vasos de vidro que não possuam furos, pois a água não terá como sair e com a umidade excessiva, a planta acabará morrendo.
Em que substrato plantar
Os substratos devem conter boa aeração, boa drenagem, fornecer nutrientes, manter a umidade e garantir a sustentação da planta, semelhante ao que ela encontra em seu hábitat natural. Os principais são:
Fibra de coco – É um excelente material e muito barato. Ajuda na fixação da planta, fornece alguns nutrientes, permite boa aeração, mas absorve pouca água, o que aumenta a frequência das regas. Antes do uso, deixe de molho por um dia na água.
Casca de pinus – Permite boa aeração e ajuda na fixação da planta devido à sua rugosidade, também fornecendo alguns nutrientes. Também seca muito rápido, exigindo regas mais frequentes.
Pedra britada – São muito baratos e servem tanto para drenagem (no fundo dos vasos) como em mistura no substrato.
Esfagno – É obtido de musgos. Sua principal característica é a grande retenção de água, podendo-se reduzir o número de regas. Também fornece grande quantidade de nutrientes.