Controle do Míldio na produção Orgânica de Uvas

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Míldio. (Foto: Divulgação)

O míldio ou popular “mufa” é a principal doença que ataca a cultura da videira e é causada pelo fungo Plasmopara vitícola. Uma grande parte do manejo da videira é realizada para evitar ou combater a ocorrência deste problema. As principais medidas são a poda seca e a poda verde, com o objetivo de favorecer a ventilação e incidência de luz solar e diminuir o ambiente favorável ao aparecimento da “mufa”. Outro aspecto importante é o controle no uso de adubação nitrogenada, uma vez que seu excesso deixa a videira mais susceptível à incidência de diversos fungos fitopatogênicos.

Na produção Orgânica de uvas é necessário mais cuidado. Algumas vezes se faz necessário tratamentos fitossanitários preventivos e curativos para garantir a safra que, dependendo da variedade cultivada, requer mais ou menos intensidade e frequência de aplicações. Dentre os produtos mais utilizados para prevenção e controle de míldio, autorizados na produção Orgânica, destacam-se os produtos à base de Cobre: Hidróxidos, Oxicloretos, Óxidos e até mesmo os Sulfatos de Cobre misturados à Cal, obtendo-se a calda bordalesa, popular “verdarame”.

Geralmente, procura-se alternar as aplicações entre os diferentes produtos à base de cobre ao longo do ciclo da videira. A calda bordalesa é preparada em dosagens diferentes ao longo do ciclo e conforme a variedade. A cal é acrescentada em diferentes proporções ao sulfato de cobre de acordo com o período da aplicação. Quanto menor a dose de cal, maior é a ação fungicida do cobre. Porém, a calda apresenta menor capacidade adesiva. É fundamental observar que a Cal seja sempre acrescentada ao sulfato de cobre com objetivo de neutralizar o pH da solução, para não ocorrer a “queima da planta” ou fitotoxidez. Para potencializar o efeito da calda bordalesa utiliza-se enxofre, seja na forma elementar ou até mesmo através de calda sulfocálcica.

Recentemente, produtos à base de cloro ganharam permissão para uso na produção orgânica, especificamente na forma de Dióxido de Cloro. Este produto representa uma “carta na manga” do Agricultor, sendo aplicado exclusivamente de maneira curativa. Ou seja, quando o fungo já está instalado, pois o mesmo não apresenta resíduos químicos e, por isso, não exerce função preventiva. É importante consultar um Engenheiro Agrônomo para obter orientação segura de seu uso, pois trata-se de um produto que exige o pH regulado e necessita de condições climáticas favoráveis para obter efeito satisfatório na aplicação.

 

Controle sem aplicação de agrotóxicos

O Agricultor de Otávio Rocha, André Molon, desenhou há quatro anos uma nova maneira de produzir: adotou o cultivo orgânico em sua propriedade e, progressivamente, está aumento a área cultivada. Atualmente está com 1,5 hectare de uva orgânica. No total, ele tem mais de cinco hectares de parreirais. Toda a atividade é feita por ele, a esposa e seus pais.

Neste ano, o míldio atacou muito, em razão do excesso de umidade. Ele foi obrigado a realizar aplicações preventivas a cada oito dias para impedir que a mufa se espalhasse pelo parreiral. “Mesmo trabalhando com uva Bordô, mais resistente que outras variedades, as frequentes aplicações foram inevitáveis”. Molon fez uma rotação nos tipos de produtos utilizados. Iniciou com a cinza, depois usou biofertilizantes e, mais recentemente, o sulfato de cobre. Esse procedimento, segundo André , tornou o controle mais eficiente, pois evita que o fungo adquira resistência com a aplicação do mesmo produto.

Ele acredita que conseguiu fazer o controle, pois nas últimas semanas não tem encontrado novos focos da doença. “Agora é preciso cuidar todos os dias. Estamos de prontidão caso seja necessário alguma intervenção emergencial, mas acho que consegui controlar, porque as parreiras estão mostrando muita vitalidade”. Molon disse que resolveu migrar para a produção orgânica por dois fatores: eliminação gradativamente do uso de agrotóxicos e o valor agregado do produto orgânico. “Hoje, ganhamos mais trabalhando menos, temos uma atividade saudável, cultivamos um produto mais resistente às doenças e mais saudável ao consumidor”. André acrescenta que na produção orgânica todos trabalham sem medo de contaminação. “Ficou bem mais tranquilo produzir assim”.

 

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Umidade excessiva exigiu mais cuidados da família Molon, de Otávio Rocha, Flores da Cunha.

 

 

Por Paulo Dullius
Agrônomo Cooperativa Nova Aliança
paulo.dullius@gmail.com

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