As hortaliças são excepcionalmente sensíveis a doenças e normalmente requerem aplicações de agrotóxicos para manterem a produtividade, importante para o produtor, e aparência, necessária para o produtor, revendedor e consumidor. Existem poucos produtos químicos registrados para uso nas hortaliças plantadas em pequena escala; a aplicação de produtos não registrados é perigosa à saúde humana, já que muitas dessas hortaliças são consumidas frescas. A observância de práticas de manejo integrado pode reduzir substancialmente a necessidade do uso de agrotóxicos na produção de hortaliças. É, portanto, altamente desejável para a sustentabilidade econômica, social e ambiental. Conhecer uma doença (o patógeno, a hospedeira e as condições ambientais que a favorecem) é fundamental para que se possa definir as estratégias mais eficientes para o seu controle. Embora muitas ações individuais contribuam para a redução de perdas, o manejo integrado de pragas e doenças depende de ação conjunta dos produtores da região. Abaixo, são resumidas as principais medidas que podem ser usadas no controle integrado das doenças das hortaliças:
Escolher a área de plantio: as doenças provocadas por patógenos de solo são as mais afetadas por essa medida. Devem ser evitados os solos onde ocorrem encharcamentos e aqueles muito arenosos, que exigem irrigações muito frequentes. Também devem ser evitados plantios próximos a cultivos mais velhos e solos onde doenças tenham ocorrido em safras anteriores. Em plantios sob proteção de plástico é importante que sejam escolhidas áreas bem ventiladas e não sombreadas.
Fazer bom preparo do solo: o solo deve ser bem preparado para favorecer o desenvolvimento normal da planta. Em época chuvosa, os canteiros devem ser levantados para evitar o acúmulo de água na base da planta. Devem ser evitados também locais de empoçamento de água.
Adubar corretamente: plantas bem adubadas, com os elementos balanceados, resistem melhor ao ataque de doenças. A adubação deve ser baseada em análise do solo. Adubos orgânicos melhoram a estrutura do solo e proporcionam melhores condições para ação de agentes que exercem o controle biológico natural de patógenos de solo.
Escolher as variedades: dependendo da época de plantio, as variedades devem ser escolhidas com base na adaptação ao clima e na resistência a doenças.
Observar o espaçamento: plantas muito adensadas formam um microambiente em seu dossel que se torna favorável ao aparecimento de doenças. É importante que haja um bom arejamento entre as plantas para evitar que os tecidos fiquem molhados por muito tempo.
Plantar sementes e mudas sadias: é essencial que se use material propagativo sadio para que se tenha sucesso na produção. Para espécies de propagação vegetativa, como cebolinha, batata-doce e mandioca, as mudas devem se retiradas de plantações sem sintomas de doenças. Para espécies em que são feitas sementeiras, as mudas devem ser preparadas em ambiente protegido, em solo esterilizado, longe de plantios comerciais e ser inspecionadas antes de serem transplantadas.
Irrigar corretamente: quando a irrigação é necessária, deve ser disponibilizada à planta somente a quantidade de água necessária para o seu bom desenvolvimento. Água em excesso normalmente traz problemas de ataque de doenças. Há que se cuidar para que água de boa qualidade seja usada, que seja isenta de contaminações com fitopatógenos ou microrganismos prejudiciais à saúde humana.
Manusear as plantas com cuidado: plantas como o tomateiro, que requerem operações constantes para amarrio e desbrota, devem ser manuseadas com cuidado para evitar ferimentos desnecessários, que são portas de entrada para patógenos e disseminação de doenças.
Pulverizar preventivamente: é comum a aplicação de agrotóxicos após o aparecimento dos sintomas da doença. Para a grande maioria das situações, quando a condição ambiental favorece o desenvolvimento do patógeno e quando a planta é suscetível, o controle químico “curativo” é ineficaz. Pulverizações, quando permitidas no sistema de produção, devem ser preventivas e atender os cuidados que garantam a preservação do ambiente e a sanidade do aplicador e do consumidor.
Colher cuidadosamente: hortaliças, em geral, são altamente perecíveis e devem ser colhidas com cuidado, de modo a evitar ferimentos que resultam em uma rápida deterioração do produto. Assim que colhidas, as hortaliças devem ser transportadas e embaladas em contentores apropriados, para serem armazenados ou comercializados em ambientes adequados, de acordo com a espécie.
Carlos Alberto Lopes
Pesquisador da Embrapa Hortaliças