Estima-se que uma em cada cinco mulheres e um a cada 15 homens sejam portadores de transtornos vasculares
Um problema muito mais comum entre as mulheres, mas que exige cuidado também por parte dos homens. As varizes correspondem ao termo utilizado para definir veias superficiais tortuosas e dilatadas de cor azulada que indicam doença do sistema venoso. É comum que o paciente portador de doença venosa apresente concomitantemente nos membros inferiores varizes e também os vasinhos – estes são anormalidades basicamente estéticas, mesmo que as vezes possam indicar a existência de doenças venosas mais graves. O cirurgião Luís Filipe Zenatto, que atua em Flores da Cunha e é especialista em cirurgia geral, cirurgia vascular, angiorradiologia e cirurgia endovascular, explica que a avaliação de um cirurgião da área é indispensável para que seja tomada a melhor conduta em cada um dos casos.
Estima-se que cerca de 35% da população mundial sofra com as varizes – uma em cada cinco mulheres; e um a cada 15 homens sejam portadores deste problema vascular.
As mulheres sofrem mais com o problema devido à ação hormonal, uso do anticoncepcional, gravidez e reposição hormonal. “Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o problema das varizes não é somente estético, mas sim consequência de um problema de saúde que exige tratamento para evitar complicações como feridas e trombose”, alerta o médico. Isso se deve por que existem diversos tipos de veias, e para cada calibre e sintoma é indicado um tipo de tratamento especializado. Entre os sintomas mais comuns sentidos por pacientes que têm varizes nas pernas está a sensação de peso, a dor que lembra uma ‘queimação’ ou cansaço, edemas ou inchaços, alterações de coloração da pele, feridas de difícil cicatrização e trombose venosa profunda.
A culpa é da genética?
Embora seja uma característica genética, o cirurgião Luís Filipe Zenatto garante que é possível prevenir o surgimento das varizes. “A transmissão das varizes como uma característica genética não ocorre em 100% dos descendentes. A manifestação da doença varicosa é multifatorial, ou seja, é relacionada à genética, mas também aos hábitos e estilo de vida do paciente, como o sedentarismo. Sendo assim, é possível prevenir o aparecimento das varizes com a prática de atividade física, alimentação balanceada e controle do peso, mesmo com componente genético presente”, reconhece o médico.
Nenhum creme é capaz de eliminar as varizes, tampouco medicamento aprovado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Vascular que tenha algum benefício para acabar com essas veias. Há algumas substâncias que aliviam parcialmente os sintomas e diminuem o edema das pernas. O tratamento de varizes deve ser feito com um angiologista ou cirurgião vascular, que poderá indicar o uso de meias elásticas, escleroterapia (injeções para secar varizes) ou cirurgia para retirada dessas veias.
Além disso, após os 40 anos de idade, independentemente de haver ou não problemas de saúde vascular, é importante que todo indivíduo faça um checkup vascular com um médico angiologista ou cirurgião vascular pelo menos uma vez por ano ou a cada dois anos. Quem tem varizes tem maiores chances de ter trombose, pelo fato de o sangue parado ser um fator de risco para o desenvolvimento de coágulo e trombose.
Fissuras nos pés, ‘rachaduras’ e seus perigos
É até comum ouvir a frase: “Ah sempre tive essas rachaduras nos meus pés, isso é normal”. Porém o cirurgião vascular Luís Filipe Zenatto alerta o contrário, a frase, aparentemente inofensiva, é dita pelos pacientes no dia-a-dia, contudo poucos sabem que essa alteração cutânea é fator de risco para uma doença potencialmente grave. “Rachaduras, calosidades e frieiras nos pés são portas de entrada para determinados germes que causam uma doença conhecida como erisipela, que é uma infecção do tecido subcutâneo (camada que está abaixo da pele) e gorduroso”, esclarece Zenatto. Entre os principais sintomas desta patologia, que ocorre mais nas pernas, estão vermelhidão; inchaço; dores; febre e calafrio; e bolhas e necrose (placas pretas) nos casos avançados.
O tratamento dessa doença depende da gravidade de cada caso, mas a avaliação precoce e o acompanhamento contínuo de um cirurgião vascular são fundamentais para evitar complicações mais graves. “O cuidado com os pés é a melhor forma de prevenção para esse problema não se instalar já que, após a infecção primária, novos episódios de erisipela podem acontecer mesmo com tratamento correto”, destaca o profissional.