Cultivando alimentos com amor em Veranópolis

Alunos aprendem a lidar com a terra e a cultivar  os alimentos
Alunos aprendem a lidar com a terra e a cultivar os alimentos

 

Projeto desenvolvido pela Emater leva alunos da Apae para canteiros e hortas onde desenvolvem o contato com a terra e as plantas

 

Mexer na terra, ver as plantas crescendo e acompanhar o nascimento das flores são ações que fazem com que crianças e adultos entendam ciclos naturais e também aprendam a respeitá-los. Foi com esse intuito e também com o de mostrar a importância da terra, promovendo uma integração entre profissionais da extensão rural, agricultores e comunidades rurais, que a Emater/RS – Ascar da cidade de Veranópolis, na Serra Gaúcha, iniciou o projeto ‘Mãos especiais cultivando alimentos’, onde alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) participam de todas as etapas do cultivo de alimentos com práticas e manejo agroecológico, além de aprenderem a identificar e usar plantas medicinais e condimentares. O resultado é encantador e faz brotar mais do que cenouras, alfaces e beterrabas, mas também aprendizado e crescimento pessoal.

O projeto surgiu com a extensionista rural da área social Roseli Lazzarotti Bonesso, que organizou ações, como o cultivo de alimentos com práticas e manejo, atividades que desenvolvem a segurança e a alimentação sustentável, além de oficinas onde se trabalha a satisfação pessoal e a inserção social por meio de visitas a propriedades rurais. As atividades com os alunos do Grupo de Convivência da Apae de Veranópolis – com faixa etária de 25 a 60 anos –, iniciaram em abril, tendo encontros quinzenais realizados no horto de plantas medicinais, aromáticas e condimentares da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro Serra), localizada no município. “As atividades desenvolvidas com os alunos incluem o preparo dos canteiros, o plantio ou semeadura, e todos os demais manejos com a terra, como a rega, a capina manual, desbaste e colheita, a fim de produzir hortaliças e leguminosas que são preparadas e consumidas na própria escola. Foram plantadas alface, repolho, beterraba, cenoura e cebola, sendo a produção de forma orgânica, sem o uso de agroquímicos ou defensivos”, conta Roseli.

Alimentação Saudável

Mais do que o contato com a terra, o incentivo por uma alimentação mais saudável também é abordada nos canteiros. “A horta também serve como base para valorizar e introduzir hábitos de alimentação saudável com os produtos plantados pelos próprios alunos integrantes do projeto, ensinando a origem dos alimentos e promovendo a segurança alimentar e nutricional através do cultivo de alimentos com práticas e manejo agroecológico”, complementa a extensionista.

Os ganhos do projeto vão, contudo, muito além, proporcionam um crescimento pessoal para alunos e profissionais envolvidos. “Além de enriquecer o contato dos alunos com as práticas de cultivo, a convivência deles com profissionais de outras áreas promove a integração social e a inserção em outros espaços públicos ou de aprendizado, fora dos espaços convencionais de educação, como as escolas”, valoriza Roseli, que possui formação em Pedagogia, com habilitação em Ensino Especial. “Esse trabalho é um dos mais expressivos, bonitos e emocionantes realizados pela extensionista social da Emater. Nesta ação se pode realmente ver o significado de inclusão social”, reconhece o supervisor da Emater/RS – Ascar, Edson Bonatto.

Estímulo à criatividade e cidadania

Além de cultivar os alimentos com práticas e manejos ecológicos, durante o projeto os alunos também aprendem a identificar e usar corretamente plantas medicinais como a Cidreira e a Carqueja. São diversas oficinas relacionadas ao assunto, que resultaram, inclusive, na elaboração de sabonetes medicinais com o uso de chás e tinturas das plantas, como a Calêndula e a Camomila, que têm ação antialérgica sobre nossa pele. “Explorando os sentidos dos alunos, fizemos o preparo e a degustação dos chás, a maceração para sentir o aroma das plantas, e o contato dessas ervas através da colheita. Essas atividades promovem a satisfação pessoal, a cidadania e a inserção social dos alunos participantes, que acabam estimulando também sua criatividade e autonomia”, complementa Roseli.

Projeto ‘Mãos especiais cultivando alimentos’ alia o trabalho com plantas medicinais, condimentares e alimentares ao aprendizado e crescimento de alunos do Grupo de Convivência da Apae de Veranópolis. Na foto, os alunos junto com a professora da instituição Maria Salete Zandoná Valente e a extensionista Roseli Lazzarotti Bonesso
Projeto ‘Mãos especiais cultivando alimentos’ alia o trabalho com plantas medicinais, condimentares e alimentares ao aprendizado e crescimento de alunos do Grupo de Convivência da Apae de Veranópolis. Na foto, os alunos junto com a professora da instituição Maria Salete Zandoná Valente e a extensionista Roseli Lazzarotti Bonesso

Para Emanuele Lidiane Bassani, diretora da Apae de Veranópolis, momentos como estes possibilitam aos alunos independência, além da qualidade de vida proporcionada pelo contato com a natureza. “Iniciamos o ano de 2016 com uma proposta inovadora para o Grupo da Convivência, tendo um olhar diferenciado sobre cada aluno e pensando nas suas particularidades. Foi então que surgiu a possibilidade da integração deles com a Emater, para que pudessem ter esse contato com a terra e a natureza.

A extencionista Rose sempre preocupada para desenvolver da melhor maneira o projeto, transmitiu seu conhecimento e elaborou estratégias para o melhor aproveitamento deste momento. A troca entre os alunos e os profissionais aconteceu naturalmente e esperamos conseguir ampliar esse projeto a cada ano, aprimorando cada vez mais os potenciais e habilidades do grupo, afinal essas ‘mãos especiais’ estão cultivando alimentos através do amor”, valoriza Emanuele.

O ‘Mãos especiais cultivando alimentos’ encerrou suas atividades de 2016 no início de dezembro, com a colheita. No ano que vem retoma as ações juntamente com o reinício das aulas da Apae.

Por: Camila Baggio – camila@avindima.com.br

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