Investir em estufas tem sido opção aos agricultores, mas é
preciso conhecimento para que os resultados sejam satisfatórios
Andréia Debon
As mudanças climáticas verificadas ao longo dos últimos anos têm sido uma preocupação a mais para o agricultor. Chuva em excesso, geada fora de época, granizo, seca, entre outros fatores fazem com que a produção agrícola diminua drasticamente ou tenha perda total em alguns casos. Uma alternativa viável aos produtores rurais que desejam assegurar a produção de variedades em qualquer época do ano, independente das condições climáticas, é o cultivo protegido. Muito utilizada para produção de hortaliças e plantas ornamentais, a técnica do cultivo protegido tem se expandido no Brasil, embora ainda não haja estatísticas oficiais sobre o total da área. No país, por exemplo, há diferentes razões para a prática do cultivo protegido. “No Sul, o objetivo é proporcionar temperaturas mais altas. Já na Amazônia, tenta-se criar o efeito guarda-chuva para evitar que a umidade excessiva aumente a incidência de doenças nas plantas”, explica o doutor em Solos e Nutrição de Plantas e pesquisador da Embrapa Hortaliças, Ítalo Guedes. Ele aponta ainda que, no caso das hortaliças, não se pode tirar a qualidade da equação e pensar somente em produtividade. Assim, se em períodos chuvosos, a produção e a aparência de hortaliças ficam fragilizadas, o cultivo protegido propicia a oferta no mercado de bons produtos na entressafra, quando os preços são mais vantajosos. Além disso, no cultivo protegido, quando se tem conhecimento técnico, é possível aumentar a segurança na produção e valorizar ainda mais produtos que, por si só, já são rentáveis. O pesquisador assinala que “hortaliças de maior valor agregado, como pimentão e tomate grape, são muito produzidos em cultivo protegido e asseguram um bom retorno financeiro”. Por outro lado, é necessário considerar as especificidades do cultivo protegido no manejo de solo, de água e, inclusive, da planta para que a ocorrência de problemas não inviabilize e torne excessivamente custosa a produção. Principalmente no cultivo protegido em solo, cuidados como dosagem de adubos, rotatividade de culturas e aplicação de material orgânico são essenciais para que a prática seja compensadora.
*Colaborou Antonio Coloda
A importância do conhecimento sobre a planta
O pesquisador Ítalo Guedes ressalta a importância de o produtor conhecer as necessidades fisiológicas da planta para criar um ambiente favorável ao seu pleno desenvolvimento. “No cultivo protegido, o agricultor tem que ser mais tecnicamente preparado. Se quer manejar bem a fertirrigação, tem que entender um pouco de irrigação e de química”, exemplifica. Segundo ele, determinados fertilizantes não podem ser misturados no mesmo recipiente, uma vez que há certas reações que inviabilizam o desenvolvimento da planta. “Não necessariamente o produtor em cultivo protegido precisa ser agrônomo ou químico, mas ele também não pode ser leigo nesses assuntos. É preciso saber qual temperatura a planta produz melhor, qual a necessidade de luminosidade, entre outros detalhes”, pontua.
Ainda de acordo com o pesquisador, a maior parte do cultivo de hortaliças sob ambiente protegido no Brasil ainda é feita no solo. Embora alguns produtores adubem toda a área da estufa, isso é relativamente ineficiente visto que a aplicação de água é geralmente feita via sistemas de irrigação localizada, principalmente gotejamento. “As plantas não absorvem nutrientes sem água e como no gotejamento a maior parte do solo nas estufas permanece seca, as plantas absorverão apenas os nutrientes que estejam no volume de solo umedecido pelos gotejadores. Neste caso, é muito mais racional e eficiente aplicar-se os nutrientes via fertilizantes solúveis dissolvidos na própria água de irrigação, prática a qual se denomina fertirrigação”, explica Guedes.
Uma das vantagens da fertirrigação é a possibilidade de se subdividir a adubação ao longo do ciclo da cultura visando otimizar a utilização dos nutrientes pelas espécies agrícolas ao disponibilizá-los no momento mais adequado. “Por momento adequado refiro-me à cronometragem de acordo com as necessidades fisiológicas da espécie. A aplicação de fertilizantes solúveis junto à água de irrigação visa então prover os nutrientes certos, nas quantidades corretas, o mais próximo possível ao estágio fisiológico em que o nutriente é mais necessário. Isto só é possível se houver disponibilidade de informação quanto à curva de absorção de nutrientes da espécie cultivada em questão”, destaca o especialista. Em comparação à adubação convencional, a fertirrigação permite ajustes finos de acordo com as fases de desenvolvimento das plantas, melhorando a eficiência no uso de fertilizantes ao minimizar as perdas. Se o método de irrigação utilizado for localizado, como o gotejamento, por exemplo, a economia de fertilizantes pode ser vantajosamente associada à economia de água.
“Uma das consequências colaterais do uso de fertirrigação pode ser o menor volume de raízes, principalmente no gotejamento, já que os nutrientes, assim como a água, são aplicados muito próximo ao sistema radicular. Aliás, se a informação existir, pode-se manejar a fertirrigação localizando-a nos pontos onde há maior densidade de raízes. A aplicação precoce da fertirrigação pode não ser completamente benéfica ao desestimular o aprofundamento do sistema radicular, criando uma dependência excessiva por parte das plantas, potencialmente danosa na eventualidade de pane temporária do sistema de irrigação”, salienta. Quando utilizada sob ambiente protegido, como estufas, há ainda o risco quase inevitável de salinização do solo, pela mesma razão por que o sistema pode ser vantajoso: pelas menores perdas do sistema. Como em geral não há entrada de água de chuva ou qualquer excesso de água no cultivo protegido, os adubos utilizados, em gerais sais, acumulam-se e aumentam a condutividade elétrica da solução do solo, clássico indicador da salinização. “Além de ser tóxico aos vegetais, comprometendo a produção, a salinização afeta negativamente a estrutura física do solo, por causar repulsão entre as partículas de argila e de material orgânico coloidal, impedindo a formação de agregados no solo. Desta forma, o solo sofre quase uma “compactação química”, comprometendo a infiltração de água e o crescimento do sistema radicular. Se houver disponibilidade de água, isto pode ser evitado aplicando-se periodicamente lâminas de irrigação para que ocorra a “lavagem” dos sais em excesso. Seriam muito interessantes também práticas que favorecessem o enriquecimento do solo em matéria orgânica e, antes de tudo, a aplicação racional dos fertilizantes”, explica.
Juntos do plantio à venda
O casal Vanderlei e Joanete Andriguetti, do interior de São Marcos, decidiu investir para garantir a qualidade dos cultivos e agregar valor aos mesmos. As obras iniciaram no início deste ano. Foram quatros meses de trabalho, tendo a ajuda de amigos e vizinhos, para construir 2.070 metros quadrados de área protegida. Eles cultivam radicci, tomate cereja, pimentão amarelo e verde, rúcula, alface, salsa, cebolinha, entre outros temperos. A venda é feita na Ceasa de Caxias do Sul. O casal decide junto o que vai plantar. “A ideia de investirmos nos temperos, por exemplo, foi dela (Joanete). E está dando certo”, conta Vanderlei. Além de decidir juntos, eles também trabalham juntos, seja nas estufas, no pavilhão onde fazem os maços para serem comercializados, ou na própria Ceasa, já que a venda também é feita por Joanete. Além do casal, a mãe da agricultura, Leda Dalzotto Marcioretto, de 82 anos, também ajuda, separando e fazendo os maçinhos para serem vendidos. Vanderlei conta que o investimento inicial foi de R$ 70 mil, e feito através dos financiamentos oferecidos pelo governo federal, neste caso o ‘Mais Alimentos’. “Investimos e vamos ver como será o retorno. O bom é que temos um produtos com mais qualidade e quase não utilizamos produtos químicos”, diz o agricultor.
Investimento que vale a pena
Em Flores da Cunha, o casal Vanderlei e Camila Fioreze também apostou nas estufas. Há três anos eles cultivam hortaliças em área protegida. São 10 estufas, cada uma com 400 metros quadrados. Vanderlei conta que o investimento inicial, de R$ 40 mil, já foi recuperado, já que o retorno é maior. “O investimento vale a pena”, afirma o agricultor. Em cada uma das estudas é possível cultivar cerca de 3,5 mil mudas e o ciclo demora em média 60 dias, contando com o preparo do solo, plantio e colheita. Atualmente ele cultiva alface, radicci e rúcula. A venda do que é produzido pela família é feita em três mercados de Flores da Cunha e em uma fruteira. Além disso, o jovem agricultor também está organizando a documentação para se cadastrar e fornecer sua produção para a merenda escolar.
Saiba mais
O cultivo protegido é um segmento da plasticultura e representa a técnica de proteção contra intempéries como chuva e vento. Além disso, possibilita controle das condições climáticas, como: temperatura, umidade do ar, radiação, solo e composição atmosférica.
Como iniciar na produção
É imprescindível ter planejamento não só em relação aos custos e benefícios nas instalação das estruturas, sejam estufas, telados, proteção de solo. Necessita-se também a adequação da tecnologia ao seu ambiente físico, através do ideal posicionamento da construção em relação a ventos, ao sol, encharcamento do solo em épocas de chuvas, legislação ambiental, e principalmente, qual os benefícios que se quer obter ao iniciar o cultivo em ambiente protegido.
Algumas vantagens do cultivo protegido
– Produção na entressafra
– Produção de espécies que necessitam de condições climáticas controladas
– Aumento de produtividade e qualidade dos produtos
– Menor incidência de pragas e doenças
– Proteção as plantas contra granizos e geadas
– Diminuição e melhor controle no uso de agrotóxicos
– Produtos diferenciados
Tipos de estufas plásticas
Escolher o tipo de estrutura adequada para o cultivo é uma das chaves para o sucesso deste segmento, portanto, antes de construir uma estufa, túneis ou telados, recomenda-se: que o produtor procure informar-se de todas as opções existentes e que melhor se adaptem nas diversas regiões, no tipo de cultivo e no orçamento. Busque a orientação de um engenheiro agrônomo ou agrícola, especializado na área.
Detalhes importantes na
hora da escolha da estrutura
– A durabilidade dos materiais será proporcional ao tipo de estrutura utilizada, á qualidade dos materiais de construção e até da capacidade técnica da implementação do projeto;
– Escolha correta da estrutura (proporcional ao período do projeto);
– Escolha correta dos materiais de cobertura, onde os plásticos através de sua transparência, aditivação, composição e espessura, influenciam em muito na durabilidade;
– Montagem na época certa;
– Uso de água de boa qualidade na irrigação;
– Análise do solo periodicamente;
– Cuidado com áreas que alagam;
– Cuidado com a composição química dos defensivos a serem aplicados.
Tipos básicos de estruturas
Estufa: toda a estrutura que for coberta com plástico impermeável, translúcido ou não, que deixe passar luz em alguma porcentagem.
Telado: estrutura coberta com telas e outros materiais permeáveis.
O que construir? Telado ou Estufa
Para saber a melhor opção entre as duas, é importante ter conhecimento sobre o cultivo, onde:
Telado: sempre que a cultura instalada necessitar apenas de proteção contra vento, ou granizo, ou impacto da chuva e o clima natural do lugar for adequado.
Estufa: Além da proteção de proteção contra vento, ou granizo, ou impacto da chuva, se também for necessário controlar o molhamento das plantas e o micro clima nesta área.
Fonte: Engenheiro Felipe Boch, Metalúrgica Açopema
Respostas de 15
Boa tarde fico no aguardo de resposta pois temos interesse em implantar os morangos neste sistema.
Abraço
Queiroz.
Parabens muito boa a materia, gostei muito
Muito interessante a matéria, estão de parabéns!
Estou cursando Bacharelado em Desenvolvimento rural, e um dos meus trabalhos é o projeto de estufas para Hortifrutigranjeiros. O texto foi de grande ajuda, proporcionando clareza em meus objetivos específicos.
boa noite gostei da materia planto hortaliça e quero mais informaçoes a respeito tanto das estufas quanto dos canteiros suspensos como faze-los e produzir ok obrigado.
Bom dia, participo como coagricultor do CSA Indaiatuba-SP, já estamos com 80 cotas de entrega
cada fim de semana sendo 3 folhas 1 raiz 3 legumes. O nosso psrceiro agricultor estava produzindo os produtos em um terreno arrendado. Como está dando certo o nosso sistema. Agora o arendatário está triplicando o valor do arrendamento, caso não quisermos ele deu até fim de março/16 para ficarmos.
Já arrumos outra terra, mas como temos pouca esperiência queriamos uma ajuda. Se começarmos este fim de mes novembro, temos que fazer tudo, poço/canteiros/cobrir com tela ou estufa uma area de 2000m² . Poderia nos dar algumas informações (se vai dar tempo de aprontarmos tudo neste periodo, qual o mais indicado cobertura com tela ou estufa, sistema de irrigação com depósito de agua retirada do poço, qual material de nutrientes é indicado).
Sei que é dificil informar com estas poucas informações, mas tudo que VCS puderem nos informar ficamos muito agradecido.
Estou solicitando a VCS porque sou do SUL (São Marcos) e sei do trabalho que vcs fazem na região.
Muito agradecido
Boa tarde
Gostei do trabalho apresentado por voces.
Eu e meu genro estamos pensando em construir estufas mas percebemos que voces utilizam um tipo de canteiro suspenso nos parecendo um sistema semi hidroponico por favor nos informe como construir estes canteiros qual substrato como hirrigar como hirrigar. Desde ja agradeco todas as informacoes que puderem nos passar. Um abraco e muito obrigado
Estou em busca de informações sobre o canteiro suspenso feito em madeira. Teria como me passar o contato do pessoal?
Olá, Leonardo… Os contatos são: com Paulo Franco: (54) 9181-1794, (51) 9712-6873 e (54) 3205-1649 – email: paulokfranco@gmail.com.
Abraço da Equipe A Vindima
Boa publicação.
Gostaria de saber sobre tipo estufa correto p cultivo cheiro verde. Para uma area de 1000mts, na cidade de anapolis.
Como na imagem acima , gostaria de ter esta plantaçao em horta suspensa.
O q gasto e o material correto p estufa e canteiros suspenso.
Super interessante esta reportagem.
GH gostaria de plantar tomates semi hidropônico só q areia como substrato pois o custo e inferior , areia de rio grossa em baldes .
informações sobre plasticultura, e quais hortaliças podem ser cultivadas com esta tenica
ja comecei os galpoes e plantei as ate agora não nasceu nada me ajude por favor
Gostei da publicacao eu sou docente e dou uma cadeira relacionada com a producao em ambientes controlados. Irei sempre que possivel beber da vossa experiencia para ensinar os meus estudantes.
Prezados, a ZANATTA ESTUFAS AGRICOLAS está a disposição para esclarecer dúvidas e fazer projetos e orçamentos de estufas agrícolas em estrutura metálica. Temos 4 unidades no Brasil, acesso nosso site e deixem sua mensagem que entraremos em contato: http://www.zanatta.com.br