Custo de produção da uva deve ser anunciado até o final do mês de julho

Preço mínimo sempre foi menor do que o cotado pela Comissão Interestadual da Uva. Saiba como é feito o levantamento

 

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(Foto: Divulgação)

A Comissão Interestadual da Uva deverá divulgar, nos próximos dias (o fechamento desta edição aconteceu no dia 15 de julho), a cotação do custo de produção da uva americana e híbrida para a safra 2013/2014. A expectativa é que o preço fique em torno de R$ 0,71 a R$ 0,72, sete por cento a mais em relação aos R$ 0,67 da safra passada. O reajuste seria em virtude da própria inflação e também do custo de mão de obra que aumentou em 10%. “A tendência é que o custo de produção aumente”, estima o coordenador da Comissão, Olir Schiavenin.

 

A pesquisa, realizada pelos 22 Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, dos 31 municípios do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina que abrangem a Comissão Interestadual da Uva, já foi encaminhada ao Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O órgão é o responsável por estabelecer a média do custo de produção entre as cidades envolvidas. Os formulários contêm mais de 150 itens. Até o final de julho o relatório deverá ser entregue para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A legislação estabelece que até 30 de novembro seja fixado o preço mínimo. “A média feita pelo Dieese é bem real, porque a amostragem é abrangente e a margem de erro mínima”, aponta Schiavenin.

 

Como é calculado
O levantamento do custo de produção para o quilo da uva comum é feito anualmente pela Comissão Interestadual da Uva, juntamente com os Sindicatos. Ele tem por objetivo estipular o custo da produção com base nos gastos realizados nos parreirais de uvas comuns e, posteriormente, convertido para um hectare de parreira deste grupo, dividido pela respectiva produtividade. A metodologia inclui uma série de componentes que foram estabelecidos num formulário de amostragem realizado com 471 produtores de uva. Nesse levantamento há itens como: preços de equipamentos e insumos; mão de obra especializada e comum; manutenção de máquinas e equipamentos; combustíveis, lubrificantes e eletricidade; insumos (fertilizantes, adubos e outros defensivos para tratamento do solo); e transporte. Essa pesquisa é feita durante duas semanas – nesse ano foi realizada na última semana de junho e primeira de julho – em três casas comerciais dos municípios abrangidos, onde são coletados os valores de todos os itens (os preços são os das marcas mais adquiridas pelos produtores). Na pesquisa é inserido também os custos de implantação do parreiral nos três primeiros anos. Além disso, as depreciações das máquinas, equipamentos e ferramentas. Isso resulta em custos fixos e variáveis.

 

O relatório de cada município é encaminhado para a Dieese, que realiza a média entre todos os preços e estabelece o custo de produção. Na última safra o valor variável foi de R$ 0,67, enquanto que o fixo ficou em R$ 0,89. Entretanto, o Conab não considera o preço fixo, apenas o variável. “Como o Conab avalia mais de 300 produtos, só valida o custo variável devido às culturas não permanentes, que não têm custo fixo”, explica o coordenador.

 

Com base no custo de produção para a uva Isabel de 15°Babo, os valores das demais variedades (comuns ou viníferas) são calculados para mais ou para menos conforme a variedade de uva e o grau glucométrico superior ou inferior a 15° Babo. “O nosso custo, comparado com o estabelecido pela Conab, é praticamente o mesmo. A única diferença é na questão da produtividade. A Comissão utiliza uma produtividade de 19,5 mil quilos por hectare, enquanto a Conab se baseia em 20 mil quilos. Por isso, o custo deles fica um pouco menor”, pontua.

 

A mão de obra tem sido o item que mais pesa no valor final. De 2007 a 2013, o preço mínimo reajustou 16%, enquanto que a mão de obra teve um reajuste de 300% por dia de trabalho. No custo de produção, a mão de obra representa 38%, ou seja, R$ 0,36 dos R$ 0,67 calculados. O total estimado para produção de 1 hectare de uvas comuns na safra passada foi de R$ 17.469,16.

 

Preço mínimo
Se o custo de produção é fixado em um valor, por que o preço mínimo da uva geralmente acaba sendo outro? Em 2012/2013 o custo ficou em R$ 0,67, enquanto que o mínimo pago foi de R$ 0,57. Na verdade, o custo de produção é uma contribuição para o setor ter por base uma referência de preço mínimo para que se cubra os valores dos gastos.

 

Conforme Schiavenin, nos últimos 18 anos o preço mínimo nunca ficou acima do custo de produção realizado pela Comissão (veja tabela). “O governo leva em consideração não somente o custo, mas a expectativa da safra, o desempenho durante o ano, o preço internacional da uva e os argumentos da indústria. Por exemplo, nessa safra, vinicultores estabeleceram que se o preço mínimo aumentasse não iriam comprar a uva”, frisa o coordenador.

 

Em 2012 e 2013, o preço mínimo ficou estagnado em R$ 0,57, o que, conforme Schiavenin, precisa ser melhorado, ainda mais em virtude das dificuldades de venda de vinho a granel, que fez com que pequenas cantinas fechassem as portas.
O levantamento da Comissão Interestadual da Uva e seus sindicatos representa 20 mil pequenos estabelecimento rurais, com área média cultivada de 2,5 hectares.

 

Municípios abrangidos
Antônio Prado, Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira, Santa Tereza, Campestre da Serra, Caxias do Sul, Cotiporã, Dois Lajeados, Garibaldi, Boa Vista do Sul, Coronel Pilar, Farroupilha, Flores da Cunha, Nova Pádua, Guaporé, Ipê, Nova Bassano, Nova Prata, Vista Alegre do Prata, Nova Roma do Sul, São Marcos, São Valentin do Sul, São Jorge, Monte Alegre dos Campos, Veranópolis, Vila Flores, Fagundes Varela, Pinheiro Preto (SC), Tangará (SC) e Videira (SC).

 

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Por Danúbia Otobelli
danubia@editoranovociclo.com.br

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