Dos vinhedos de Flores da Cunha para os campos do Mato Grosso do Sul

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Conheça histórias de agricultores que deixaram a Serra Gaúcha e partiram para outras regiões e outros estados do Brasil para trabalhar com a terra. 

 

 

 

 

 

 

Dos vinhedos de Flores da Cunha  para os campos do Mato Grosso do Sul

 

O agricultor Henrique Faustino Verdi e a esposa, Bernardete, deixaram o Rio Grande do Sul em 1988

Em visita aos parentes em Flores da Cunha, o casal aproveita para rever amigos e lugares da cidade natal.
Em visita aos parentes em Flores da Cunha, o casal aproveita para rever amigos e lugares da cidade natal.

Há quem diga que a agricultura é a arte de cultivar campos. Sendo assim, a Serra Gaúcha está repleta de artistas, profissionais que levam com a terra o respeito à natureza e ao trabalho. Neste mês, o Jornal A Vindima inicia uma série de reportagens que contam histórias de alguns desses artistas que buscaram o sustento em terras distantes. A série ‘Cultivando Terras pelo Brasil’ mostrará famílias que migraram para outras regiões, ou até mesmo Estados brasileiros, e hoje prosperam em culturas diferentes, tendo sempre presente a arte de cultivar o solo.

O agricultor Henrique Faustino Verdi, 62 anos, e a esposa Bernardete Maria Chinatto Verdi, 57 anos, são exemplos de quem buscou longe de casa uma vida nova. Em 1988, com muita coragem e vontade de crescer, deixaram a propriedade rural na comunidade de São Vítor, na cidade de Flores da Cunha, e partiram para o Estado do Mato Grosso do Sul. O trabalho, antes nos vinhedos, deu lugar ao cuidado com a criação de gado. “Quando conhecemos o Mato Grosso do Sul, em 1986, fomos visitar uma irmã minha que já morava lá. Eu gostei muito do lugar, embora a Bernardete não tivesse a ideia de se mudar. Meu pai sempre manteve uma pequena quantidade de gado e eu, desde pequeno, sempre gostei de lidar com essa cultura. Quando vi aquelas grandes extensões de terra, logo vi que poderia ser nosso futuro”, conta Henrique.

O primeiro destino do casal, e dos filhos Caroline e Ricardo, foi a cidade de Rochedo. A família ainda mantinha a propriedade na Serra Gaúcha, por isso depois de alguns meses voltou ao Rio Grande do Sul. “Mas logo retornamos ao Mato Grosso do Sul, desta vez para a cidade de São Gabriel do Oeste e, desde 1997, a pecuária é nosso negócio. Um dos principais motivos em deixar a viticultura era os defensivos que usávamos nas parreiras, eu não gostava de trabalhar desta forma e por isso buscamos uma nova vida”, admite o pecuarista. “Além disso, nos desanimamos por muitos anos com perdas. Eram geadas, granizo e até mesmo a desvalorização do produto quando a safra era cheia. Quando saímos de Flores, a uva estava sendo vendida a R$ 0,13 ao quilo. Isso tudo foi desmotivando e nos fazendo pensar em outras alterativas”, acrescenta a esposa Bernardete.

 

Henrique e a esposa Bernardete rodeados pelos filhos Caroline Simone Verdi e Ricardo Verdi, e pelas pequenas Heloísa Verdi Dias e Fernanda Ferreira Verdi.
Henrique e a esposa Bernardete rodeados pelos filhos Caroline Simone Verdi e Ricardo Verdi, e pelas pequenas Heloísa Verdi Dias e Fernanda Ferreira Verdi.

Um novo começo
Estrear uma nova vida nem sempre é tarefa fácil, mas com certeza muito motivadora. A família Verdi começou o trabalho na pecuária com cerca de 100 cabeças de gado. O campo era arrendado. “Logo no início não compramos terras. Começamos com algumas cabeças de gado e o trabalho foi crescendo. Hoje, criamos, recriamos e engordamos gado para corte, nossos clientes são os frigoríferos. Temos algumas vacas leiteiras, mas apenas para subsistência da família”, acrescenta Henrique. Hoje, a fazenda da família Verdi é de 300 hectares de campo e a criação gira entorno de 500 a 600 cabeças de gado.

Organizado nos assuntos financeiros da casa e da fazenda, Henrique trabalha ainda em uma pequena área onde se cultiva cana. A planta serve de alimento para o gado durante os meses de inverno, quando a região passa por um período de seca, e evita a perda de peso dos animais. “O trabalho na pecuária é muito diferente da agricultura. É uma atividade que não exige muita mão de obra terceirizada e, além disso, é segura. Isso, para mim, é o que mais se diferencia da agricultura, que é rentável, mas quando sofre com perdas elas são muito significativas. São maquinários caros, investimentos altos, enquanto a pecuária é mais lenta, mas mais segura”, ressalta Henrique.

Hoje, a família de Henrique e Bernardete, e dos filhos Caroline e Ricardo, cresceu. Além do genro Cássio Leandro Martins Dias e da nora Laura Regina Ferreira Verdi, as netas Heloísa e Fernanda animam a casa. A família retorna para Flores da Cunha todos os anos para visitar irmãos e a mãe de Bernardete. “Hoje, nossa vida é em Mato Grosso do Sul, onde também nossos filhos estudaram e construíram suas carreiras e famílias. Onde vivemos é onde construímos nossa vida e também criamos raízes. Fomos meio doidos em deixar a terra natal, mas hoje não nos arrependemos”, valoriza Henrique.

Mande sua dica
Se você conhece alguma família que, assim como Henrique e Bernardete, também deixou a cidade de origem, na Serra Gaúcha, e migrou para outras regiões ou Estados, mande um e-mail para camila@avindima.com.br ou entre em contato pelo telefone (54) 9983.3588 e nos ajude a construir a série ‘Cultivando Terras pelo Brasil’. A dica acima foi dada por Gilberto Verdi.

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