Período é de vindima em toda a Serra Gaúcha.
Qualidade da uva é considerada boa pelos produtores
Nesta época do ano é comum passar por estradas do interior da Serra Gaúcha e sentir o aroma das uvas da safra 2014. Isso porque as frutas estão amadurecendo e a maioria dos viticultores já está colhendo. A movimentação da safra da uva é característica desta época do ano. Os produtores se preparam para um período de trabalho mais intenso e as vinícolas deixam a estrutura pronta para receber as frutas. As condições vistas nas propriedades são de plantas com boa sanidade e bom aspecto, assim como as uvas. Por isso a safra está sendo esperada com bastante qualidade e um pouco menos quantidade em relação ao ano passado. Segundo Schiavenin, o Estado deve colher de 600 a 700 milhões de quilos de uva (a safra 2013 teve 611,3 milhões de quilos). “É de agora em diante, na fase da maturação, que o clima define a qualidade da uva. Claro que tudo é um conjunto, mas o clima tem grande peso neste período”, acrescenta Schiavenin.
Produtor deve negociar
Com a expectativa de uma safra dentro da média em quantidade, Olir Schiavenin incentiva que o produtor valorize seus produtos e busque negociar bem. “Teremos uma média um pouco inferior de produção, com uvas de qualidade e com isso o produtor pode negociar bem, além de cuidar dos prazos da uva para colher no ponto certo da maturação e prestar bastante atenção na contratação da mão de obra”, orienta.
Além de colher a uva no momento certo, o produtor deve dar atenção ao transporte, sempre com Talão de Produtor e nota acompanhando a carga. De acordo com a Comissão Interestadual da Uva, neste ano mais da metade da safra deve ser destinada à produção de suco. O produto está ganhando espaço na mesa dos consumidores e, consequentemente, nas cantinas. Os números indicam que mais de 50% da uva comum, como Bordô e Isabel, devem chegar até o consumidor em forma de suco. Até novembro de 2013 o produto apresentou crescimento de 41% nas vendas em relação ao mesmo período do ano anterior. Com isso empresas ampliaram investimentos no suco, como é o caso da Cooperativa Nova Aliança. A estrutura está quase pronta para para processar sucos, mas também envasar vinhos e espumantes (leia mais na página 5).
Segundo o presidente da Nova Aliança, Alceu Dalle Molle, as expectativas para a safra são boas, embora a qualidade ainda dependa do clima. Dalle Molle atuou como presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin até dezembro do ano passado e acompanhou o aumento no consumo das bebidas derivadas da uva. “O principal crescimento foi no suco, seguindo pelo espumante e, neste ano, depois de muito tempo, conseguimos ter um aumento também dos vinhos finos e de mesa engarrafados. Embora ainda não seja um grande crescimento foi um avanço para o setor”, aponta Dalle Molle.
Atraso nas obras da Cooperativa Nova Aliança
A Cooperativa Nova Aliança, localizada no interior de Flores da Cunha, teve seu calendário de obras atrasado em função do clima. Isso fez com que as uvas tivessem que ser processadas em três filias (duas em Flores da Cunha e uma em Nova Pádfua) até que o novo complexo industrial seja concluído, na segunda quinzena de fevereiro. “Por ser uma estrutura muito grande, o atraso em uma das etapas acarretou em um atraso geral, mas a partir de 15 fevereiro o trabalho começa lá também”, explicou o coordenador da filial 9 – antiga São Pedro, Gilmar Zanetti. O atraso na parte estrutural não deve prejudicar a safra, onde são esperadas mais de 40 mil toneladas de uva, principalmente para a produção de suco.
Com 34,8 mil metros quadrados construídos em uma área de 8,3 hectares, o complexo industrial da Nova Aliança tem uma proposta de que apenas sucos sejam produzidos na localidade de Lagoa Bela, na zona Oeste de Flores da Cunha. Os vinhos produzidos em outras unidades chegarão a granel para serem envasados e distribuídos aos pontos de venda. Além disso, estima-se que parte do suco tenha de ser armazenado em outras unidades, onde será possível fermentar e fazer vinho. A única fermentação que será realizada no local é a de espumantes moscatel e brut, a partir do mosto fornecido pelos associados. A nova estrutura, que começou a ser construída em 2012, conta com um projeto pensado para obedecer normas de segurança do trabalho e priorizar os padrões de qualidade. Ações de sustentabilidade ganharam atenção, assim como o aproveitamento de recursos naturais em diversos processos de produção, como no cozimento da uva, onde o calor será gerado a partir do vapor de uma grande caldeira. O investimento é de R$ 83,4 milhões e apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Do total, R$ 55 milhões são financiados pelo BRDE e R$ 28,4 milhões pelo Banrisul.
Preço mínimo da uva sobe para R$ 0,63/quilo
Aprovado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no dia 30 de dezembro de 2013, o preço mínimo da uva foi anunciado pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, no último do ano passado. O valor referente à safra de 2014 teve um acréscimo de 10,53% e será de R$ 0,63 ao quilo. Segundo a legislação federal vigente, o valor mínimo da uva comum (variedade Isabel com 15º graus Babo) deve ser definido e divulgado até 30 de novembro de cada ano. Há dois anos o preço não tinha alteração – era de R$ 0,57. Antes do valor mínimo é calculado o custo de produção, que na safra 2013/2014 foi definido em R$ 0,71 o quilo da fruta, ou seja, houve 7% de acréscimo em relação à última safra (R$ 0,67). O valor do custo é definido após dados fornecidos pela Comissão Interestadual da Uva.
O coordenador da Comissão, Olir Schiavenin, complementa que embora o preço tenha aumentado, ainda não cobre o custo de produção da uva, que é de R$ 0,71. “Este ano prevaleceu o argumento dos produtores sobre o da indústria e o governo nos atendeu em parte, pois o custo de produção ainda é superior ao preço”, acrescenta Schiavenin. O preço mínimo de R$ 0,63 ao quilo representa 87% do custo de produção.