Produzir em cultivo hidropônico tem muitas vantagens e pode ser feito também em baixa escala, para consumo familiar
Quem é apreciador de verduras e temperos sabe o valor de ter esses alimentos à disposição sempre frescos. Para isso, uma ideia pode ser o cultivo em casa. E isso sem ocupar muito espaço e com qualidade garantida. É o sistema hidropônico doméstico, apresentado pelo engenheiro agrônomo Rafael Hoss, extensionista da Emater/RS-Ascar da cidade de Picada Café. No projeto apresentado por Hoss, podem ser utilizados materiais como garrafas pet ou canos de PVC. Entre as opções dessa ‘horta vertical’, as espécies que melhor se adaptam são alface, rúcula, agrião e radicci – no geral todas as folhosas de pequeno porte. Entre as vantagens, a qualidade da produção e o menor uso de agrotóxicos, além de ser um sistema praticamente automatizado, demandando menos mão de obra.
Após a montagem do sistema doméstico (confira abaixo os materiais e modo de fazer) e o plantio das mudas, o produtor deve ter alguns cuidados, mas, de forma geral, ele funciona praticamente automatizado, ligando a irrigação e a adubação automaticamente em intervalos de 15 minutos. “O principal cuidado é quanto ao fornecimento adequado de luz – sem a incidência de sol direto sobre as plantas nos horários mais quentes do dia, e para que não chova sobre as plantas, neste caso se perde a concentração da adubação”, explica Hoss. Os possíveis inconvenientes do sistema doméstico é o custo inicial de instalação, a dependência de energia elétrica e a necessidade de compra dos insumos (adubação). “É importante destacar que o cultivo não pode ser considerado orgânico, pois a adubação utilizada é química”, complementa o agrônomo.
Na hidroponia as plantas são cultivadas sem solo, as raízes recebem uma solução nutritiva balanceada, que contém água e todos os nutrientes essenciais ao desenvolvimento da planta. Neste sistema as raízes podem estar suspensas em meio ao líquido NFT (Nutrient Film Technique), ou apoiadas em substrato inerte (areia lavada, por exemplo). De acordo com Hoss, uma alface hidropônica, em média, consome 75 a 100 ml de água por dia. No sistema NFT, recomenda-se que o reservatório da solução nutritiva tenha capacidade para armazenar, pelo menos, de 0,5 a 1 litro por planta. Os nutrientes necessários a serem diluídos na água podem ser adquiridos em casas agropecuárias da região (nutrientes separados) ou kits prontos em sites especializados na internet – Hoss indica o site da Hidrogood Agricultura Moderna (www.hidrogood.com.br/loja/fertilizantes).
As vantagens do cultivo hidropônico
– Qualidade do produto: As plantas têm adubação prontamente disponível e facilmente absorvível. Plantas bem nutridas são mais resistentes ao ataque de pragas e doenças.
– Menor custo com mão de obra: Dispensa o preparo do solo, controle de plantas invasoras, automação da irrigação e adubação, além do mais, o rendimento e a ergonomia do trabalho é superior, pois a pessoa trabalha em pé.
– Cultivo em áreas reduzidas, próximas ao consumidor.
– Menor desperdício de água e adubação: O gasto de água é 20% do que seria em cultivo convencional, pois ela recircula no sistema, e a adubação não é perdida por lixiviação (perda de minerais).
– Não é necessária a rotação de culturas, sempre que houver problemas o sistema pode ser desinfectado.
– Alta produtividade e colheita precoce: Não ocorre a competição por nutrientes e água e, além disso, a planta não necessita gastar muita energia para o desenvolvimento de raízes.
– Menor custo de agrotóxicos: Além de não utilizar herbicidas, as doenças e microrganismos existentes no solo deixam de ser problema, e pelo cultivo ser em bancadas e protegido das chuvas, diminui a incidência de doenças.
– Produto diferenciado: Quando o objetivo for comercial, consegue-se agregar mais valor ao produto devido a sua qualidade superior (aparência e tamanho).
– Maior vida de prateleira: Como a planta é colhida com raiz e não precisa passar por lavagens, indo direto da mesa para a embalagem, ela se conserva por um tempo superior. Em ambiente refrigerado chega a manter as características de planta fresca, por até uma semana.
Como fazer
Material
– 1 barra de 6 metros de cano de PVC de 75 mm de diâmetro e de boa qualidade;
– 9 metros de cano de 40 mm;
– 2 metros de cano de 20 mm (será utilizado para levar a água da bomba até o sistema);
– 2 joelhos 90º para cano de 20 mm;
– 12 tampas para cano de 40 mm;
– 10 joelhos 90º para cano de 40 mm;
– 2 joelhos 45º para cano de 40 mm;
– 1 redução de 40 mm para 20 mm;
– 10 T’s para cano de 40 mm;
– 8 joelhos de 75 mm com redução para 40 mm;
– 1 bomba de aquário (do tipo que fica dentro da água, para 90 litros/hora);
– 1 tanque para reservatório de água de 40 litros;
– 1 timer que permita programação 15 minutos ligado e 15 minutos desligado.
Montagem
Montar o cavalete de suporte do sistema utilizando o cano de 40 mm, cortado em tamanhos de 1,5 metros, um lado do cavalete com ângulo de 90º e o outro lado com ângulo de 45º (este servirá de apoio para o cultivo). Cortar os canos de apoio e colocar os T’s de forma que tenham um caimento de 5 centímetros de uma extremidade a outra, deixando um espaço mínimo de 20 centímetros entre um cano de cultivo e outro. Usando uma furadeira com serra copo, faça furos no cano de 75 mm a cada 15 centímetros. O reservatório deverá ser posicionado próximo à extremidade mais alta, para que a bomba consiga jogar água para todo o sistema. O reservatório deve ser escuro para evitar a proliferação de algas. Instale a bomba, se possível com um timer para ligá-la e desligá-la (durante o dia 15 minutos ligada e 15 minutos desligada. À noite, 15 minutos ligada e três horas desligada).