Família diversifica produção com eucaliptos

Agricultores da Linha Jacinto investiram no segmento pensando em renda extra e para não dependerem somente da cultura da uva

Na propriedade Anselmi, na linha Jacinto, município de Farroupilha, o horizonte onde antes avistava-se apenas extensão de videiras, hoje encontra-se contornado por eucaliptos. A família buscava aproveitamento mais facilitado para as áreas íngremes e uma cultura cujas demandas de trabalho pudessem ser absorvidas pelos familiares, já que encontravam dificuldades na contratação de mão de obra qualificada. A investida, feita há três anos, foi feita visando resultados mais a longo prazo. “Pensamos numa renda extra para o futuro. Quem sabe seja nossa aposentadoria”, espera a agricultora Aninha Anselmi, 55 anos, que, juntamente com o esposo Ângelo, 64, e os fi lhos Fabiano, 35, e Cristiano, 26, aposta na nova plantação.

São 32 mil eucaliptos, que ocupam cerca de 15 hectares da propriedade de 72. Da área total, outros
18 hectares são ocupados por videiras, cinco por pessegueiros e dois por citros. “Já tentamos trabalhar apenas com uva, mas é muito arriscado”, conta Aninha, que considera
a diversifi cação uma garantia maior para o sustento e manutenção da propriedade em anos em que uma cultura não tiver boa produtividade ou sofrer com intempéries. A agricultora acredita também que encontrar novas possibilidades de cultivo, com resultados mais
atrativos, incentive a permanêcia dos jovens na agricultura familiar.

Fabiano Anselmi já expressa a mesma preocupação com a fi lha. “Estela, tu vai trabalhar com pai na colônia?”, pergunta para a menina de dois anos de idade que os acompanha ao mostrarem as plantações. Ela, embora tenha se divertido bastante com o passeio de carreto e se deliciado com os pêssegos colhidos dos pés, rapidamente responde em negativa. Fica claro que o interior, além de ser um local agradável para viver, precisa ter oportunidades que
cativem os jovens, para que eles optem por nele permanecer e trabalhar. A diversificação com plantios inovadores e mais lucrativos pode contribuir.

Projeções e expectativas

O investimento com os eucaliptos ficou em torno de R$ 7 por planta, contabilizando o
custo das estacas e os serviços de preparação do solo, plantio e desbastes, sendo que contaram com a parceria de um empresário da região que possuía conhecimento acerca desse cultivo e interesse no negócio. Depois do trabalho inicial, a cultura não exige grandes
cuidados. “Basta aguardar o crescimento”, resume Fabiano. Contudo, há alguns riscos à
plantação nos dois primeiros anos: a geada intensa e ataques de formigas, sendo que no caso dos insetos é possível fazer prevenção e controle. Já superado esse período, a família Anselmi aguarda o momento do corte, que deve ocorrer em cerca de dez anos.

O objetivo é comercializar a madeira para produção de móveis. Para essa fi nalidade, a
planta atinge o desenvolvimento ideal entre 10 e 15 anos depois do plantio, conforme explica o irmão mais novo, Cristiano, que é engenheiro agrônomo. Esse tempo é necessário para que a tora principal atinja diâmetro entre 80cm e 1m. “Quanto maior o diâmetro, mais ela vale”, destaca. Os valores de comercialização que os irmãos observam no mercado os deixam animados. Segundo comentam, o metro cúbico das toras gira em torno de R$ 60. Mas os preços variam bastante, para baixo ou para cima, conforme a finalidade, a idade da planta, o diâmetro e o formato.

Os Anselmi almejam uma venda com valor agregado, fornecendo as toras desdobradas, ou seja, já serradas, cortadas em tábuas ou pranchas, nas dimensões desejadas pelos clientes. Nesse formato, é possível ganhar valores aumentados. Fabiano e Cristiano chegam a mencionar até dez vezes mais na comparação com isso, projetam, juntamente com
o investidor parceiro, a aquisição de equipamentos que permitam oferecer o serviço.

Cristiano acredita que o mercado torne-se ainda mais promissor até o corte, em virtude
da crescente demanda gerada pela preservação ambiental, que requisita a utilização de
madeira de reflorestamento, e pelas diversas finalidades a que o eucalipto pode ser destinado, como produção de móveis, embalagens, papel e celulose, carvão vegetal e aplicação na construção civil.

Por: Marciele Scarton/Especial

Agricultor-repórter: Gilberto Verdi

verdi

Essa sugestão de pauta foi enviada pelo agricultor Gilberto Verdi, de Flores da Cunha. Você tem alguma sugestão de pauta? Envie um e-mail para avindima@avindima.com.br ou ligue (54) 99128888.

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