Produção da família Pontel deve superar 200 mil quilos da fruta em pomares protegidos e classificados
Na comunidade da Linha 30, interior de Antônio Prado, na Serra Gaúcha, a propriedade da família Pontel é considerada modelo de empreendedorismo. E foram esses investimentos que fizeram com que o agricultor José Pontel garantisse a permanência dos filhos na atividade agrícola. Além da produção de uvas, são os pomares de caquis que geram a principal fonte de renda da família, que investe a cada ano no cultivo protegido dessas duas variedades. Praticamente toda a produção está coberta por telas antigranizo importadas e que garantem, além da proteção contra intempéries, uma qualidade superior das frutas. No final de março, a família começou a safra do caqui, que deve se estender até meados de maio e, em um ano de quebra de colheitas devido ao clima instável, está comercializando uma produção encorpada e de qualidade.
São nove hectares revestidos pela fruta das variedades de chocolate branco e preto. Por enquanto, cinco hectares já estão cobertos pela tela que protege de granizo, geadas e até da incidência dos raios solares. “Dentro de dois anos pretendemos cobrir toda a área plantada. É um investimento que vale muito a pena e é também necessário para garantir uma produção que agrade aos consumidores”, sustenta Pontel. Ao lado dos filhos Kleiton, 32 anos, e Edson, 23 anos, Pontel resolveu que faria da propriedade rural – a mesma do pai, um negócio seguro, rentável e que atraísse os filhos como trabalho e geração de renda. Foi com muitas pesquisas, ideias e investimentos que hoje a propriedade é considerada modelo, e recebe grupos de agricultores em atividades organizadas pelo Sindicato Rural e Emater, como a Tarde de Campo. Os primeiros caquizeiros foram plantados há mais de 20 anos em meio hectare de área, e há três anos a paisagem mudou bastante. “Eu sei como é ruim perder produção em função do clima. Já perdi mais de 80 mil quilos por causa de chuva de pedra e mais de uma vez. Por isso, há três anos começamos a cobrir a produção com as telas. Fomos pesquisando, fazendo e aprendendo. Todo o trabalho de instalação das coberturas, seja nos parreirais ou nos caquizeiros, foi feito por nós”, conta o agricultor.
Para isso, a oficina da família está repleta de equipamentos que só existem ali, todos invenções de Pontel e dos filhos, e que ajudam na instalação dos palanques, fiação e das telas do cultivo protegido. “Sabemos que quanto mais pudermos fazer nós mesmos, menos iremos gastar e, com isso, o lucro fica maior. Além disso, hoje podemos fazer sozinhos”, valoriza Ivanete. Além da estrutura que sustenta a tela de proteção dos caquizeiros, todo o sistema de irrigação está pronto para uma eventual necessidade.
Até hoje, Pontel estima ter investido cerca de R$ 240 mil no sistema para os cinco hectares de caqui – sem contar a mão de obra que foi própria. Deste investimento, ele estima que 70% já foi recuperado com a venda das frutas, que anda muito bem. Neste ano o preço médio do caqui é de R$ 3 ao quilo.
Atributos em meio a um ano árduo
Em um ano onde o clima não trabalhou conforme o previsto e acabou prejudicando as mais diversas culturas agrícolas do Rio Grande do Sul, ficou mais difícil encontrar uma propriedade que não tenha sido prejudicada ou pelo calor fora de época, pela geada tardia, pelo excesso de chuva ou pela umidade que facilitou a vida dos fungos e doenças. São em anos como este que se destacam propriedades como a de José Pontel, que está se atualizando e garantindo a sobrevivência rentável da agricultura. “O preço do caqui este ano está muito bom e muitos produtores perderam sua produção consideravelmente. Estamos com uma safra completa e com frutos de qualidade superior, e é nessas horas que percebemos que precisamos investir em novas opções, pesquisar, estudar e garantir o futuro. Fico feliz quando recebemos agricultores aqui para visitar a propriedade. Espero que daqui tirem ideias e possam investir também nas suas produções”, reconhece Pontel.
A fruticultura tem grande importância econômica na Serra Gaúcha, contudo, a frequência e intensidade de temporais de granizo são fatores de alto risco à produção de frutas nesta região, podendo causar danos não somente no ano de ocorrência, como também em safras futuras. A utilização de tela antigranizo em cobertura de pomares é considerada a alternativa mais eficaz para evitar danos em plantas, frutos e perdas econômicas causadas pelo granizo. Outras vantagens apontadas são a redução dos danos causados por pássaros ou pelo sol (escaldadura) e a diminuição da deriva das pulverizações, devido à redução do vento sob a tela. A tecnologia, porém, ainda tem alto custo de implantação – cerca de R$ 60 mil por hectare.
Para os próximos anos, Pontel e a esposa Ivanete, os filhos Kleiton e Edson e a nora Jossane Suzin Pontel, pretendem, além de concluir a cobertura do pomar de caquis, colher muitas frutas e retornos. “Já adquirimos telas e, como temos os equipamentos, quando terminamos a safra aproveitamos o tempo para instalar a cobertura. Depois desse investimento não pensamos em ampliar a área plantada, queremos qualificar ainda mais a que temos”, adianta o pradense.
Além de Kleiton e Edson, a família fica completa com a primeira filha do casal, Morgana, 37 anos, que atualmente mora na cidade vizinha de Flores da Cunha.
Agricultor Repórter: a história da família Pontel foi uma sugestão do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Antônio Prado. Se você tiver alguma sugestão de pauta envie para avindima@avindima.com.br
Camila Baggio
camila@avindima.com.br