Garibaldi cria associação de produtores de espumantes com foco em IG e valorização do produto local

Nova entidade busca fortalecer a identidade vitivinícola da Capital Brasileira do Espumante e impulsionar reconhecimento geográfico do espumante de Garibaldi
Diretoria e Conselho Fiscal. Foto: Cesar Silvestro

Garibaldi (RS), reconhecida nacionalmente como a Capital Brasileira do Espumante, deu um passo importante rumo à valorização e proteção do produto local com a criação da Associação de Produtores de Espumantes de Garibaldi (APEG). A nova entidade, fundada no último domingo (29), tem como objetivo fortalecer a identidade territorial do espumante da região, articular ações para o desenvolvimento do setor e buscar o reconhecimento da Indicação Geográfica (IG) junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

A fundação da APEG ocorreu em assembleia realizada na Vinícola Peterlongo, local de elaboração do primeiro espumante brasileiro, em 1913. A escolha do espaço e da data — Dia de São Pedro, padroeiro da cidade — reforça o simbolismo de um novo ciclo para o setor local.

De acordo com o presidente da entidade, Ricardo Morari, o objetivo é unir os produtores em torno de uma pauta comum. “Somos produtores que compartilham da mesma história, do mesmo território e dos mesmos desafios. A associação surge para nos organizar como setor, promover a excelência do nosso produto e buscar, com legitimidade, o reconhecimento da Indicação Geográfica junto ao INPI”, destaca.

Garibaldi responde por números expressivos da vitivinicultura nacional. Das 6.710 premiações internacionais conquistadas por rótulos brasileiros, 1.162 foram atribuídas a espumantes da cidade. No Concurso do Espumante Brasileiro, promovido pela Associação Brasileira de Enologia (ABE), 386 das 2.359 medalhas já concedidas foram para produtos elaborados em Garibaldi.

Hoje, o município abriga mais de 40 vinícolas, em sua maioria familiares, que produzem cerca de 12 milhões de garrafas de espumantes por ano, consolidando-se como um dos principais polos do produto no país.

Objetivos da APEG

A APEG é uma entidade sem fins lucrativos e nasce com a missão de fomentar ações de pesquisa vitivinícola, qualificar o espumante como bem cultural de Garibaldi, promover o enoturismo, defender os interesses dos produtores e atuar ativamente na obtenção e proteção da IG.

A diretoria da gestão 2025–2027 é composta por Ricardo Morari (presidente), Guilherme Pedrucci (vice-presidente), Talita Nicolini Verzeletti (1ª secretária), Márcio Dallé (2º secretário), Adalberto Bortolini (1º tesoureiro) e Jones Valduga (2º tesoureiro). O conselho fiscal é integrado por Ricardo Ambrosi, William Sartori Vaccaro e Marcos Carlesso. A sede funcionará na Apeme Collab, no centro de Garibaldi.

As vinícolas fundadoras da APEG são: Casa Chandon, Casa Pedrucci, Cooperativa Vinícola Garibaldi, Courmayeur Domaine, Estabelecimento Vinícola Peterlongo, Ponto Nero, Vinícola Carlesso, Vinícola Foppa & Ambrosi, Vinícola São Luiz e Vinícola Vaccaro.

Rumo à Indicação Geográfica

A articulação para a criação da APEG começou ainda em dezembro de 2023, com reuniões entre produtores interessados em impulsionar um projeto coletivo de valorização territorial do espumante de Garibaldi. Apesar das dificuldades climáticas enfrentadas no primeiro semestre de 2024, o grupo retomou o movimento após a safra, determinado a formalizar a entidade e buscar a certificação da IG como uma conquista legítima do setor local.

A obtenção da Indicação Geográfica para o espumante de Garibaldi será um marco estratégico para ampliar a proteção do produto, valorizar seu diferencialcompetitivo e fortalecer sua posição no mercado nacional e internacional. A expectativa é que a organização institucional promovida pela APEG facilite o processo técnico junto ao INPI e reforce o posicionamento de Garibaldi como um território com identidade enológica singular.

Garibaldi e a história do espumante brasileiro

A tradição do espumante em Garibaldi remonta ao início do século XX com a chegada de imigrantes italianos. Em 1913, foi elaborado o primeiro espumante brasileiro pela Vinícola Peterlongo, utilizando o método tradicional. Nas décadas seguintes, a cidade atraiu investimentos estrangeiros importantes, como da francesa Georges Aubert (década de 1940) e da Maison Chandon (1973), o que fortaleceu a técnica, a qualidade e a visibilidade da produção local.

A criação da APEG surge, portanto, como continuidade de um legado que vem sendo construído há mais de um século, agora com foco em articulação setorial, identidade territorial e reconhecimento formal por meio da IG.

 

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