Herbicidas Hormonais: Carta de Jaguari destaca a urgência de medidas para proteger a viticultura e culturas sensíveis

Evento reúne produtores, especialistas e autoridades para cobrar ações concretas; setor vitivinícola alerta para prejuízos e pede regulamentação rigorosa
Divulgação: Consevitis-RS

No início do mês de dezembro, a Comunidade do Chapadão, em Jaguari (RS), foi palco de um encontro decisivo para o futuro de culturas sensíveis como a viticultura. O evento reuniu produtores rurais, especialistas e autoridades e resultou na Carta de Jaguari, documento que exige a regulamentação do uso de herbicidas hormonais no Brasil e ações imediatas para mitigar os prejuízos causados pelo uso indiscriminado desses produtos.

Organizado por entidades como a Federação das Cooperativas Vinícolas (Fecovinho) e o Consevitis-RS, o evento chamou atenção para os impactos que atingem diretamente a cadeia produtiva da uva, o enoturismo e a diversificação agrícola no Rio Grande do Sul. De acordo com Hélio Marchioro, diretor executivo da Fecovinho, a situação é alarmante: “Estamos falando de perda de produtividade, morte de mudas, investimentos estagnados e abandono de lavouras. A agressividade desses herbicidas já afeta não só a viticultura, mas outras culturas em todo o estado e começa a surgir em outros estados brasileiros.”

Os herbicidas hormonais, usados principalmente na cultura da soja para o controle de plantas invasoras, têm um alto potencial de deriva – deslocamento pelo ar de partículas do produto para áreas próximas, contaminando lavouras sensíveis. “Esses produtos viajam quilômetros e atingem videiras, oliveiras, citros e hortaliças. Isso destrói lavouras inteiras e faz com que muitos produtores abandonem suas atividades”, explica Marchioro. Além disso, as condições ideais para aplicação, como ausência de vento e alta umidade, são praticamente inviáveis na primavera, período crítico para culturas como a videira.

O impacto econômico e social causado pela deriva de herbicidas é severo. Cooperativas como a de Jaguari, que produziam mais de 1 milhão de quilos de uva, hoje estão limitadas a um terço desse volume. “O prejuízo é assustador. Investimentos na viticultura e no enoturismo estão sendo abandonados, enquanto produtores se veem forçados a comprar uvas de outras regiões para manter a produção”, aponta o diretor executivo da Fecovinho.

Além da viticultura, outros setores, como a produção de oliveiras e hortifruticultura, também sofrem com os danos. Projetos de diversificação agrícola na Campanha Gaúcha e outras regiões têm sido inviabilizados, comprometendo o desenvolvimento local e a geração de empregos.

 

Propostas da Carta de Jaguari

Entre as principais demandas da Carta de Jaguari, estão:

  • Proibição do uso de herbicidas hormonais durante o período crítico das culturas sensíveis (1º de agosto a 31 de março).
  • Fiscalização rigorosa, com sanções severas e aplicação de multas que desestimulem o uso indevido dos produtos.
  • Criação de um fundo público-privado para compensar os prejuízos dos produtores afetados.
  • Revisão de normativas que, atualmente, se mostram ineficazes.
  • Estudos socioeconômicos para dimensionar o impacto dos herbicidas hormonais no setor agrícola.

 

Segundo Hélio Marchioro, a mobilização continuará com encontros estratégicos. “Já temos audiência pública marcada na Assembleia Legislativa para fevereiro e estamos buscando diálogo direto com o governador e com o governo federal. A situação exige ações urgentes para proteger a agricultura diversificada, que é essencial para a economia do estado.”

 

Impacto no Setor Vitivinícola Gaúcho

A viticultura, um dos pilares econômicos do Rio Grande do Sul, enfrenta um cenário crítico. Marchioro reforça a necessidade de conscientização e envolvimento do poder público. “Não se trata de condenar culturas específicas, mas de exigir respeito à coexistência entre diferentes atividades agrícolas. A diversificação é um benefício para o estado, pois gera tributos, empregos e dinamiza a economia”, destaca.

Para a Fecovinho, a mobilização não vai cessar. “Nós pagamos todos os tributos, trabalhamos duro e geramos riqueza para o estado. É um direito dos produtores, das cooperativas e das famílias que vivem da agricultura serem minimamente respeitados”, concluiu Helio Marchioro.

Divulgação: Diego Adami, Sublinha! Comunicação

 

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O setor agrícola enfrenta os prejuízos das derivas enquanto governo e indústria buscam soluções...
Projeção é baseada no levantamento da equipe técnica da cooperativa junto aos 1,1 mil associados nos 11 municípios da Serra...
Nova tabela traz referência de R$ 1,69 para a uva Isabel com 15º glucométricos, ajustando preços conforme o grau de...