Por Paula Rodrigues
Embrapa Hortaliças
Ervilha, lentilha e grão-de-bico são hortaliças leguminosas muito apreciadas no Brasil, tanto na forma fresca quanto na processada. Porém, o país não possui tradição no cultivo desse tipo de hortaliça porque são plantas de clima temperado ou subtropical. Por essa razão, basicamente todo nosso consumo interno é suprido por importações, que movimentam cerca de 14 milhões de dólares por ano.
Até pouco tempo não existia tecnologia adequada para produção ou cultivares adaptadas às condições de clima e solo do Brasil, mas hoje com a pesquisa científica existem cultivares promissoras e informações técnicas de manejo, tornando o cultivo de hortaliças leguminosas uma boa opção para o plantio de inverno, principalmente em regiões de altas altitudes.
“As leguminosas são culturas rústicas e, por isso, os tratos culturais não exigem maiores cuidados. Elas são recomendadas para a agricultura irrigada de inverno, por pivô central ou aspersão, mas são pouco exigentes de água e podem trazer economia para o agricultor”, informa o técnico agrícola Virgílio Braz. Em relação à adubação, as hortaliças leguminosas também são menos exigentes, quando comparadas ao feijão, cultura comumente cultivada no período de baixa umidade relativa do ar.
Com mercado garantido e boa rentabilidade, a produção de hortaliças leguminosas torna-se uma opção de cultivo para o inverno, quando essas culturas são bem-sucedidas no campo devido às temperaturas mais amenas. “As leguminosas apresentam uma alternativa ao trigo e ao feijão, em rotação com a soja ou o milho, porque não hospedam pragas semelhantes e permitem a utilização do mesmo maquinário”, comenta o agricultor Osmar Artiaga, que durante o verão cultiva soja e milho. E, no inverno, aproveita a infraestrutura das lavouras para plantar grão-de-bico.
Outro aspecto interessante da produção de hortaliças leguminosas é a parceria entre agricultor e indústria processadora, principalmente no caso de ervilha verde. O pesquisador Warley Nascimento explica que a indústria programa e financia parte da cultura. “Para o agricultor é muito interessante porque ele tem uma compra garantida. Já sabe o preço que vão lhe pagar e também consegue escoar toda a produção”, explica.
Além das vantagens para o agricultor, as leguminosas trazem benefícios para a saúde do consumidor, já que são ricas em vitaminas e minerais. “No caso do grão-de-bico, ele é rico em triptofano, um aminoácido essencial para a produção de serotonina, um neurotransmissor que atua no cérebro regulando o sono, o humor, o apetite, entre outros”, destaca a pesquisadora Lucimeire Pilon.
