Má alimentação, que inclui o consumo de alimentos processados, pode resultar no surgimento de doenças como obesidade, colesterol elevado, diabetes, hipertensão e até câncer

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Marina Salvador.

 

A correria do dia a dia faz com que as pessoas optem por alimentos prontos, muitas vezes industrializados e processados, esquecendo-se da importância de manter uma alimentação. Apenas lembram-se do assunto quando surge algum tipo de doença e se vêm obrigadas a se alimentar de uma forma mais saudável. O relatório divulgado recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que afirma que o consumo de produtos como salsicha, linguiça, salame, bacon e presunto, aumenta o risco de câncer do intestino em humanos, acendeu um alerta para a maioria das pessoas.

O risco maior do consumo é em relação ao câncer colorretal, que afeta o intestino e o reto, mas existem associações com outros tipos de câncer. De acordo com o estudo, a carne processada é um fator de risco ‘certo’ para a doença, e carnes vermelhas de um modo geral são um fator de risco ‘provável’. As carnes processadas foram colocadas na lista do grupo 1 de carcinogênicos. A Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC), órgão responsável pela elaboração do relatório, ligado à OMS, classificou como carne processada produtos que são transformados por salgamento, curagem, fermentação, defumação e outros processos para realçar sabor ou melhorar a preservação.

Essas e outras atitudes deste tipo diminuem a disponibilidade de nutrientes, que são necessários ao bom funcionamento do organismo, o que resulta no processo de doença. A má alimentação também pode resultar no surgimento de doenças como obesidade, colesterol elevado, diabetes e hipertensão.

Maus hábitos alimentares também atingem quem vive na colônia

Engana-se quem pensa que os agricultores, que fazem parte de uma parcela privilegiada da população por terem acesso fácil a alimentos saudáveis, plantados na horta de casa, se alimentam melhor ou estão livres de doenças causadas pelos maus hábitos alimentares, por exemplo. Conforme a nutricionista Marina Salvador, de Flores da Cunha, a procura por acompanhamento nutricional pelos agricultores, principalmente por encaminhamento médico, é cada vez maior. Segundo ela, as principais alterações apresentadas por esse público são as doenças metabólicas como a obesidade (principalmente com o aumento da gordura abdominal), dislipidemias (aumento do colesterol e dos triglicerídeos), hipertensão, diabetes, aumento do ácido úrico (gota) e da ferritina.
A profissional explica que um dos fatores que desencadeia muitos problemas de saúde nos agricultores é a falta de equilíbrio entre a quantidade de energia consumida e o gasto de energia usada para o trabalho braçal. Afinal, quem nunca ouviu uma frase do tipo “preciso comer bem porque o trabalho na colônia é muito pesado”. “Esse desequilíbrio, entre a quantidade ingerida e gasta de energia, contribui para o aumento de peso e o aumento da gordura abdominal, em especial a gordura visceral (aquela que fica entre os órgãos internos). Esse desequilíbrio na alimentação e o ganho de peso contribuem para o aparecimento de diabetes, hipertensão, aumento do colesterol e triglicerídeos e da obesidade”, pontua a nutricionista.

Doenças cardiovasculares
Marina Salvador destaca que a obesidade, a pressão alta, o diabetes, juntamente com o aumento do colesterol ruim (LDL) e dos triglicerídeos, são considerados fatores de risco para as doenças cardiovasculares, atualmente a maior causa de morte no mundo. “Elas foram responsáveis por mais de 17 milhões de óbitos em 2008. A OMS estima que em 2030, quase 23,6 milhões de pessoas morrerão de doenças cardiovasculares”, ressalta a especialista. “O principal gatilho para o aparecimento dessas doenças é o excesso de peso, obesidade e o aumento da gordura abdominal, juntamente com os maus hábitos alimentares e sedentarismo”, completa.

Sintomas
Marina salienta que tais doenças são silenciosas, ou seja, agem sem que o indivíduo as perceba inicialmente. “Quando está no início da doença, dificilmente há sintomatologia. Por isso, o alerta já deve ser acionado quando há histórico familiar dessas alterações, tabagismo, ingestão excessiva de bebidas alcoólicas, sobrepeso ou obesidade e quando há maus hábitos alimentares, uma dieta rica em farináceos, açúcares, margarinas e alimentos industrializados”, observa ela, alertando para a necessidade de se fazer exames de rotina, juntamente com uma avaliação médica para observar precocemente se há alguma alteração.
Contudo, em estágios mais avançados das doenças, é comum que os indivíduos afetados sintam sintomas como cansaço, tonturas, dores de cabeça, mal estar geral e zumbido. Segundo a nutricionista, em caso de alteração da glicose sanguínea pode haver boca seca, perda de peso e muita sede. Além disso, pode ser observada dificuldade de cicatrização. Também são comuns alterações menstruais nas mulheres, como ovários policísticos, e o escurecimento da pele, chamado de hiperpigmentação, em regiões das dobras como parte interna dos cotovelos, axilas e pescoço.

Marina Salvador: marinasalv@yahoo.com.br

Confira a matéria completa, com dicas da nutricionista para uma alimentação mais saudável, na edição impressa do jornal A Vindima.

Por Mirian Spuldaro.

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