Insumos para a agricultura orgânica (parte 1)

Venturin-apresenta-receitas-para-tratamentos-orgânicos_A base de toda a produção agroecológica é o solo que, por sua vez, é um organismo vivo. É necessário dar a esse organismo vivo todas as condições para que as plantas nele manejadas possam se desenvolver com saúde. Isto significa estimular ao máximo a vida do solo.

 

Para qualquer ação mal feita (adubação química solúvel concentrada, falta de matéria orgânica, falta ou excesso de água, pouca luz, uso de agrotóxicos, tratos culturais errados), haverá sempre uma reação da natureza, na forma de ataque de algum agente, como insetos, ácaros, nematóides e microorganismo, indicando o erro do manejo. A maneira correta de proteger as plantas dos ataques de insetos e de doenças é agindo de forma preventiva, dando a essas plantas, através do solo, uma alimentação saudável e equilibrada. A forma mais fácil e barata de conseguir uma nutrição saudável e equilibrada é através da adubação orgânica, ou seja, do uso de adubos verdes, de cobertura morta, de palhas, de resíduos, de cascas, de restos de colheita, de esterco, composto orgânico, vermicomposto, complementada com o uso de biofertilizantes enriquecidos e outros tratamentos nutricionais.
Deve-se aprender a dialogar com a natureza, observar seus indicadores biológicos e trabalhar junto com ela, a favor das culturas.

 

O importante é manter uma paisagem diversificada e equilibrada, onde cada árvore, cada pássaro, o pomar, a horta, a lavoura, a capineira, sejam como os órgãos de um corpo: todos agem entre si e a saúde de um é a saúde de todo o conjunto, incluindo o homem.

 

Chama-se de tratamentos nutricionais os produtos que, pelas substâncias orgânicas e pela diversidade de micronutrientes, exercem uma ação benéfica sobre o metabolismo das plantas, deixando-as mais vigorosas, aumentando a proteossíntese. Entre eles estão as cinzas, leite ou soro de leite, água de vermicomposto, pós de rochas, calcários, enxofre, calda bordalesa e sulfocálcica, esterco líquido fermentado ou fermentados de materiais orgânicos, enriquecido com nutrientes de origem mineral, os chamados biofertilizantes enriquecidos.

 

O esterco ou plantas que são fermentados têm uma ação sobre as plantas que ainda não é totalmente conhecida. Além dos minerais propriamente ditos, são capazes de fornecer à planta cultivada substâncias fitorreguladoras, tais como ácido indol-acético, giberelinas, citoquininas, além de vários outros aminoácidos que melhoram a taxa e a eficiência da fotossíntese.

 

Muitos questionamentos são apresentados sobre a necessidade de trabalhar com pulverizações foliares em agricultura ecológica. Teoricamente, um solo bem equilibrado deveria ser plenamente capaz de ter culturas sadias e produtivas.

 

Está demonstrado que ao redor de uma folha, na filosfera, acontece uma série de reações bio-químicas, bem como, convivem dezenas de microorganismos. Estas reações acabam liberando nutrientes importantes, tanto minerais quanto orgânicos, diretamente para as plantas.

 

A análise dos ecossistemas de florestas tem mostrado que a água da chuva que escorre desde as camadas superiores da vegetação, da copa das árvores, é muito rica em nutrientes, tanto de elementos químicos quanto em formas mais complexas, como aminoácidos, enzimas, açúcares, ácidos húmicos e hormônios vegetais, entre outros. Ao alcançar o solo, o que não tiver sido absorvido pela vida nas diferentes camadas das plantas será absorvido pela imensa atividade na rizosfera.

 

As pulverizações foliares, na agroecologia, tentam imitar este recurso que a natureza desenvolveu para partilhar o alimento entre as diversas plantas. (Na próxima edição, serão apresentadas composições de biofertilizantes e outras pulverizações foliares para uso na produção agroecológica.)

 

Leandro Venturin
Técnico em Viticultura e Enologia
stventur@gmail.com

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