Nascida na Região de Champagne, nordeste da França, Iris Prevoteau é uma universitária de agronomia, que escolheu o Brasil e a Serra Gaúcha para sua primeira experiência internacional de estudos agronômicos. Até o mês de outubro, ela vai visitar várias cooperativas vinícolas da Serra para conhecer detalhes como as variedades cultivadas, a organização produtiva, a assessoria técnica, os processos de industrialização, a qualidade vitivinícola e o potencial da agricultura familiar. O estágio é uma obrigação para que o aluno construa um método de trabalho pessoal e profissional.
Ela explica que a viagem de estudos é uma exigência da formação universitária em seu país. “A cada ano fazemos um estágio, sendo um deles fora de nosso país, para conhecer novas culturas e novos modelos de produção”. Iris disse que escolheu o Brasil porque aprendeu a língua portuguesa no colégio com muita paixão pelo país. “O aspecto mais importante, no entanto, é porque o Brasil apresenta um grande potencial econômico com enormes recursos naturais a serem explorados, além da possibilidade de produzir aqui todos os tipos de cultivos e produtos”.
Sobre a produção vitivinícola, o aspecto que mais chamou a atenção é o cultivo de base familiar integrado no sistema de cooperativas.
Orgânicos
“Também me chamou atenção o nível da produção orgânica que não existe na França, mesmo que lá tenhamos um mercado potencial muito grande para esse tipo de produto”. A universitária salienta que o crescimento do consumo de orgânicos é resultado de uma consciência da sustentabilidade do planeta e de uma agricultura que reduza a utilização de agrotóxicos. “O crescimento dessa produção no Rio Grande do Sul representa uma vantagem importante para o país porque adquiriu confiabilidade do mercado. Vejo também que a ampliação desse cultivo poderá, inclusive, abrir espaço de exportação para mercados importantes como o francês”.
Iris Prevoteau ficou entusiasmada com a visita de conhecimento e as informações recolhidas sobre a produção orgânica no Centro Ecológico de Ipê. “Mudei minha visão porque achei que aqui a produção orgânica era marginal e incipiente. O que vi em Ipê é uma produção bem organizada”. A estudante disse que ao concluir os estudos universitários pretende atuar na assistência técnica para produção de alimentos orgânicos, trabalhando diretamente com os produtores. Ela justifica que sua opção deve-se a perspectiva de que o agronegócio não terá base de sustentação no futuro. A estudante revela que na França a política agrícola faz um controle bem mais rigoroso que no Brasil, quanto à aplicação de agrotóxicos. “Aqui na Serra Gaúcha a produção orgânica não é mais uma utopia, é uma realidade”.
Em relação à qualidade da produção vitivinícola, o que a França tem como vantagem é a organização do setor, que o torna mais competitivo e também “a história acumulada que nós temos na produção de vinhos”. Outra diferença é que na França a produção vitivinícola é feita por grandes grupos e empresas. “Acho que o Rio Grande do Sul não pode perder essa característica da produção familiar, porque faz parte da cultura e constitui um fator de maior geração econômica”.