Melhorar o padrão da qualidade da uva e a tecnologia para elaboração de sucos e vinhos de pequenos produtores em tradicionais regiões produtoras através de um programa de assistência técnica, disponibilizar linhas de crédito adequadas às condições e a realidade dos produtores e estabelecer contratualmente obrigações e direitos de uma relação comercial de compra e venda de uvas de qualidade superior entre vinícolas e viticultores são os principais pilares do Programa de Modernização da Vitivinicultura (Modervitis). O Programa tem como meta inicial atender 1.250 pequenos viticultores e vinicultores nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, visando qualificar a produção e estimular a permanência dos jovens sucessores no campo, com o novo cenário que será construído.
O Programa Modervitis foi concebido no âmbito do Programa de Desenvolvimento Estratégico da Vitivinicultura Visão 2025, realizado em 2006 e 2007, e proposto pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e pela Embrapa Uva e Vinho. Desde então, busca-se políticas para auxiliar na sua execução. A solução apareceu com a sua integração ao Plano Brasil Maior, que tem como premissa traçar diretrizes para uma nova política industrial, tecnológica e de comércio exterior, com o fortalecimento da competitividade das cadeias produtivas brasileiras, dentre elas a vitivinícola.
A coordenação do Modervitis é realizada por Nelson Fujimoto, da Secretaria de Inovação do Ministério o Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), e a Secretaria-Executiva está a cargo de José Fernando da Silva Protas, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho. Também integram a comissão representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) com apoio de diversas outras instituições federais.
Segundo José Fernando da Silva Protas, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho e um dos idealizadores do Projeto, a sua implementação é fundamental para a sustentabilidade da vitivinicultura em pequenas propriedades. “A produção desse segmento sempre teve o seu espaço garantido, pois era toda comercializada. Mas com o Mercosul e a globalização da economia, houve um aumento da oferta de vinhos importados com preço e qualidade competitivos. Dessa forma, a situação mudou”, aponta Protas. “Se essa vitivinicultura tradicional não elevar a média do grau Brix (açúcar da uva) e melhorar as técnicas de vinificação não terão mais mercado para sua produção”, conclui Protas.
Como irá funcionar
O Programa é destinado a pequenos produtores de regiões vitivinícolas tradicionais, como a Serra Gaúcha (RS), regiões do Rio do Peixe e Urussanga (SC) e o Oeste do Paraná. A adesão ao Modervitis será voluntária e irá acontecer a partir da criação de núcleos entre empresas vitivinícolas e vinicultores. “Os viticultores se comprometem a melhorar a qualidade de uva e entregá-la às vinícolas a que estarão vinculados, que além de seguir novas orientações tecnológicas para elaboração do vinho e suco, já irá trabalhar com uma matéria-prima de qualidade superior. Com certeza o consumidor irá ter acesso a um produto final de qualidade superior. Todos saem ganhando!” finaliza Protas.
A adesão ao Programa ocorre com a assinatura de um contrato entre vinícolas e viticultores, com a anuência e acompanhamento da coordenação do Modervitis, do Comitê Gestor de cada estado, dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e do Ibravin.
A Embrapa será responsável por desenvolver um Programa de Boas Práticas adequado à realidade de cada região trabalhada e fazer treinamentos para capacitar os técnicos que irão repassar as orientações para aos produtores que aderirem. Os técnicos serão contratados via empresas que participarem e vencerem a concorrência no âmbito da Chamada Pública, que será lançada pelo MDA para tal fim.
A previsão é que o Programa Modervitis comece a ser implementado já neste segundo semestre.
Objetivos
-Modernização de vinhedos de cultivares americanas e híbridas, assim como de cultivares Vitis viníferas;
-Elevação da produtividade média dos parreirais com cultivares americanas e híbridas;
-Elevação do grau médio de açúcar (Brix) das uvas americanas e híbridas a das uvas viníferas produzidas;
-Redução do número de variedades americanas e híbridas produzidas comercialmente;
-Redução da quantidade de uvas americanas e híbridas necessárias para produzir um quilo de suco concentrado;
-Redução da quantidade de açúcar necessário à prática de chaptalização dos vinhos produzidos;
-Disponibilização de assistência técnica aos viticultores participantes do programa;
-Readequação estrutural e tecnológica das empresas vinícolas existentes nos polos tradicionais;
-Ampliação da capacidade de estocagem das vinícolas estabelecidas nos polos tradicionais;
-Substituição da estrutura de estocagem em recipientes de madeira, ferro e piletas de concreto, por aço inox.