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Agrônomo Diovane Moterle.

O segundo evento importante no dia 29 de outubro aconteceu na comunidade de Monte Bérico.  O encontro de orientação técnica dos Grupos do Programa ATER foi realizado a partir de dúvidas apresentadas pelos Agricultores. Esta atividade contou com a participação de especialistas do Instituto Federal – Unidade de Bento Gonçalves, Marcus Kurtz Almança e Diovane Moterle.

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Agrônomo Marcus Kurtz Almança.

“Nos últimos anos se intensificou a mortandade de parreiras, precisamos encontrar uma solução”. A expressão do Agricultor Linei Girelli, de Linha Jacinto, Município de Farroupilha, soa como um pedido de socorro dos Produtores.  Por isso, Agricultores, técnicos e especialistas realizaram essa rodada de estudos.
Almança afirmou que ainda não há um conhecimento tão preciso sobre as causas de mortalidade e declínio de plantas de videira. Atualmente, o problema está associado a alguns fatores, como: Viroses, como a do enrolamento da folha da videira e a de caneluras de tronco; Doenças de tronco, como doença de Petri, Esca, Podridão descendente, declínio de Eutypa, cancro de Phomopsis, Pé-Preto; Fusariose; Pérola-da terra; Filoxera; Nematóides; Teores elevados de cobre no solo; Desequilíbrio nutricional no solo; Déficit hídrico. Há dificuldade, inclusive, de identificar o quanto cada um destes fatores contribui para a morte de videiras. Em países como África do Sul, Austrália, Estados Unidos e na Europa, os fungos relacionados a doenças de tronco têm grande importância neste processo. No Brasil, existem alguns grupos de pesquisa trabalhando na identificação destes fungos e medir o nível de ocorrência.

Desequilíbrio Nutricional
A mortandade também está ligada ao desequilíbrio nutricional do solo. Nesse item, um dos aspectos mais importantes é o teor de cobre muito elevado. “Isto pode ocasionar problemas na parede celular das raízes e facilitar a entrada de fitopatógenos.

A adubação excessiva contribui para a perda de resistência da planta, provocando dificuldade de absorção de alguns nutrientes, em virtude do excesso de outros no solo. “Uma planta que não consegue absorver os nutrientes necessários acaba tendo problemas de falta de enrijecimento de parede celular e mau funcionamento das atividades de defesa contra fitopatógenos”

A aplicação excessiva de agrotóxicos também compõe um quadro para morte de videiras. “Acredito que este seja o grande desafio na viticultura: começarmos a ter um uso racional de agrotóxicos, principalmente fungicidas. Verificamos que há diminuição da diversidade microbiana benéfica que temos na superfície e no interior das plantas e que em muitas situações atuam em defesa da planta”.

O especialista salienta que no momento no Brasil não há nenhum produto registrado para o controle de fungos relacionados a doenças de tronco.

Outros países estão buscando produtos que possam ser utilizados para proteger ferimentos nas plantas de videira, principal porta de entrada destes fungos. “Temos buscado também alternativas biológicas de controle destes fungos, como produtos à base de Trichoderma spp., Bacillus spp., entre outras substâncias bioativas”. Também não existem produtos registrados para o controle de filoxera e fusariose. Para o controle de pérola-da-terra, pode-se utilizar produtos à base de tiametoxan e imidacloprido que são registrados.

Replantio
Uma das dúvidas reincidentes dos Agricultores é sobre o tempo de colocação de uma nova planta no lugar da planta morta. Almança explica que o que é interessante é fazer o arranquio da planta com problema e somente na safra seguinte fazer este replantio. “A retirada das plantas mortas é fundamental para a redução da disseminação de fungos relacionados a doenças de tronco. Afinal, os fungos que causam estas doenças são disseminados através de tesoura ou qualquer outra ferramenta utilizada na poda”. Um dos cuidados importantes é que o replantio seja feito com mudas sadias sem a presença de fitopatógenos.

O especialista recomenda cuidado com os porta-enxertos que, em geral, são suscetíveis aos fungos causadores de doenças de tronco. Mas existem algumas mudas mais adequadas. “O porta-enxerto Paulsen é resistente a fusariose. As plantas de Vitis rotundifolia são no geral resistentes aos fungos causadores de doenças de tronco, fusariose e pérola-da-terra e poderiam ser uma alternativa de utilização como porta-enxerto”.

Solo
O Agricultores estão observando  um desequilíbrio no clima, no solo e no meio ambiente, que causam incertezas sobre procedimentos. O tratamento do solo sofre alguns exageros, com excessivos gastos, nem sempre necessários. O técnico da Cooperativa Garibaldi,  Evandro Bosa, afirmou durante o encontro que tem produtor aplicando calcário em excesso, sem necessidade. “Isso é custo e não resolve o problema”.

No panorama da viticultura atual, não é a falta de adubação que está causando a depauperação dos solos. O fator que tem se destacado é um velho conhecido dos técnicos e Agricultores, a erosão do solo. A ausência de práticas de conservação de solo, com a utilização de plantas de cobertura tem aumentado às perdas de solo pela erosão hídrica, diminuindo a capacidade produtiva.

Cobertura do solo
O agrônomo Diovane Moterle explica  ausência de plantas de cobertura de solo, solos compactados e ausência de práticas mecânicas de controle da erosão, são fatores que contribuem para que a erosão seja acelerada.

A alternativa para evitar o depauperamento do solo está no uso adequado das medidas de conservação. “A principal delas é a utilização de plantas de cobertura, como aveia preta e a ervilhaca. Manter o solo constantemente coberto com plantas de cobertura significa proteção do mesmo contra o impacto da chuva, evitando a sua desagregação e o transporte aos mananciais hídricos”. Por outro lado, a utilização de plantas como o nabo forrageiro, que auxilia na descompactação do solo, ajuda a aumentar a infiltração de água no solo, diminuindo o escorrimento superficial da água e minimizando o efeito da erosão. Antes de instalação dos vinhedos pode-se construir linhas no sentido transversal ao declive do terreno, afim de evitar problemas posteriores com a erosão.

No período de dormência da parreira, Moterle sugere a seleção de plantas de cobertura de inverno, com manejo adequado. “Características do solo, como teor de matéria orgânica, teor de argila, além da variedade utilizada, irão determinar as espécies e o manejo a serem adotados”. Ele explica que se o objetivo é adicionar nitrogênio no vinhedo, opta-se por espécies leguminosas, fixadoras do nitrogênio atmosférico. Se o objetivo é apenas a cobertura de solo com palha, utiliza-se gramíneas como a aveia-preta. ele sugere também uma conversa do Agricultor com o Técnico da Cooperativa para avaliar o melhor tipo de cobertura para  a necessidade do solo.

No período pós-colheira não é indicada qualquer adubação, porque não existem estudos na região da Serra Gaúcha que comprovem a eficiência desta prática.

O Diretor Executivo da FECOVINHO, Hélio Marchioro, disse que as orientações técnicas são importantes, mas o produtor não pode ficar esperando que o técnico e o pesquisador apresente soluções. “Ele tem um conhecimento acumulado que pode contribuir de modo decisivo para melhorar a qualidade do solo”.

 

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Agricultores discutiram sobre problemas da produção.

 

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