Embrapa trabalha projeto que visa aumentar a qualidade sanitária,
genética e agronômica das matrizes, assim como das mudas comercializadas
Atualmente tem sido comum e frequente, principalmente na Serra Gaúcha, os agricultores investirem na renovação de parreirais, mais até do que na abertura de novas áreas. E nesse processo inúmeros problemas têm surgido, dentre eles histórico de pérola da terra, fungos de solo e excesso de cobre, principalmente nos locais que são renovações em cima de áreas que já estão em declínio ou em morte. Isso pode ocorrer em duas situações: uma delas é quando o agricultor retira um parreiral muito antigo, sobretudo de Isabel, com 70 anos ou mais, e outra em decorrência das áreas onde foram introduzidos materiais sem qualidade que contaminaram o local.
De acordo com o analista da Embrapa Uva e Vinho e um dos coordenadores do projeto ‘Mudas de Qualidade’, Daniel Santos Grohs, nas duas situações para recuperar as áreas o produtor obrigatoriamente terá que investir em material vegetal de qualidade, além do tratamento do solo. “A muda por si só não é a salvação. Existe todo um pacote tecnológico, como chamamos, de renovação de vinhedos, da qual a muda de qualidade faz parte”, pondera. Para debater a questão da qualidade do material genético, nos dias 5 e 6 de novembro a Embrapa promoveu uma reunião técnica dos produtores de mudas de videira, em Bento Gonçalves.
O evento integrou as ações que a entidade vem realizando nos últimos três anos, visando capacitar os viveiristas sobre os princípios técnicos da obtenção de material vegetativo de qualidade. A reunião técnica foi um dos resultados do projeto ‘Mudas de Qualidade’, que buscou aumentar a qualidade sanitária, genética e agronômica das matrizes, assim como das mudas comercializadas.
Grohs observa que a muda de videira tem sido considerada o fator de maior impacto no sucesso ou fracasso na implantação do parreiral, sendo o carro chefe do processo de renovação ou implantação.
Segundo ele, se a muda vier contaminada do viveiro, necessariamente irá transferir essa doença para a área onde for plantada. Nesse caso, a tendência é que esse vinhedo dure de três a seis anos. Porém, se for feito o plantio com material de qualidade e seguido o manejo recomendado pela Embrapa, o vinhedo terá uma longevidade mínima de 10 anos.
Viveiristas licenciados pela Embrapa
Para auxiliar os produtores na tarefa de adquirir mudas de qualidade, a Embrapa Uva e Vinho desenvolveu um programa de licenciamento de viveiros, que segue um protocolo mínimo de qualidade. Atualmente, nove empresas, de quatro regiões do Brasil, estão cadastradas. No Rio Grande do Sul são quatro parceiros; em Santa Catarina são dois; um no Paraná; um em Minas Gerais; e dois no Vale do São Francisco. No total, a Embrapa transfere aos licenciados clones de 69 variedades. “Hoje, temos todo o material que o setor trabalha, mas estamos transferindo aos poucos para os viveiristas”, destaca Daniel Santos Grohs.
O analista da Embrapa frisa que o primeiro passo do projeto está sendo capacitar os viveiristas ou os próprios produtores familiares para que desenvolvam as mudas dentro dos critérios de qualidade sanitária exigidos pela empresa de pesquisa. “Sabemos que hoje existem inúmeras doenças que entram na propriedade por ocasião do enraizamento da muda e pela enxertia. Por isso, quem produz a muda, seja o viveirista ou o produtor, terá que fazer com a qualidade exigida por nós”, evidencia.
Cada participante recebe da Embrapa o chamado material básico, que é a planta mãe, livre de vírus. “No momento que transferimos isso para os licenciados, efetuamos um contrato no qual ele se responsabiliza de manter a qualidade dessas mudas. Então, temos a confiança de indicar esses viveiros, pois estamos acompanhando o trabalho deles”, explica o analista, destacando que a ideia é ampliar o leque de parceiros do projeto.
Como escolher a muda sadia
Na hora de comprar as mudas para converter ou iniciar um novo parreiral, o produtor precisa estar atento para não levar para casa ou aceitar material já contaminado. Nesse caso, o analista da Embrapa, Daniel Santos Grohs, destaca que é necessário saber comprar. “Muitas vezes o produtor fecha o negócio por telefone e não sabe o que está comprando. Quando a muda chega à propriedade, como ele está na correria do plantio, irá plantar do jeito que está. É obrigatório que o produtor veja o que está recebendo antes de fechar a reserva das mudas”, recomenda.
Grohs ensina que antes de negociar a mercadoria, o agricultor deve pegar uma amostra da muda e cortar as plantas para verificar se não está contaminada. Segundo ele, o ideal seria que essa verificação fosse feita ainda no viveiro, antes da compra. “Com uma tesoura de poda, ele faz alguns cortes nas raízes e na região do enxerto. Com isso, ele saberá se o material tem alguma infecção fúngica, principalmente por fungo de solo, que é um dos maiores problemas na questão da renovação”, explica o analista. Ele destaca que as infecções são necroses escuras, totalmente anormais para uma planta sadia. “Se for constatada essa contaminação antes do recebimento e do plantio, o produtor tem o direito de devolver esse material. Se ele não fizer isso e plantar essa muda em uma área de renovação, ela não durará um ano”, alerta.
A dica do analista aos produtores que buscam mudas de qualidade para renovar ou implantar vinhedos é solicitar por viveiristas parceiros da Embrapa. “A gente quer que o produtor invista na genética do material dele. Por que a partir disso, ele terá um material de melhor desempenho agronômico, ou seja, maior produtividade. Segundo, queremos que ele tenha um material de melhor sanidade, que é igual a redução de custos, visto que será necessária a aplicação de menos insumos. Em terceiro lugar, queremos diminuir a mão-de-obra do produtor, para que ele não tenha que replantar a área ou que tenha que enraizar a propriedade em área contaminada ou que precise ficar fazendo enxertia. A ideia é que ele compre material uma única vez”, ensina.
Investir em qualidade é retorno garantido
Grohs destaca que muitos produtores ainda são reticentes a comprar mudas. As razões, segundo ele, são a falta de confiança no material oferecido por alguns viveiristas e pelo preço, considerado alto para muitos. “Nós estamos mostrando que esse investimento é válido, quando o material é comprado de um bom viveiro. O preço que se aplica nas empresas parceiras da Embrapa é o de mercado. Não há diferença entre uma muda dos viveiristas indicados pela Embrapa e dos outros. A diferença é que nos indicados, a gente consegue garantir minimamente a qualidade da muda comercializada”.
Os viveiristas credenciados ao programa também fazem um investimento na compra das mudas desenvolvidas pela Embrapa. O analista da entidade explica que o valor irá depender do material disponibilizado. No caso de materiais protegidos do Programa Oficial de Melhoramento Genético são cobrados os chamados royalties, que são os direitos autorais da entidade. Já para as cultivares de domínio público são cobradas apenas a taxa de aquisição das mudas. “O custo hoje de um viveirista indicado por nós é muito baixo e as vantagens são muitas. Primeiro porque o nome dele aparece na lista de indicados pela Embrapa que é divulgado no Brasil todo. Cada evento que fazemos com essa temática, levamos o nome dessa empresa. É um marketing gratuito. Segundo, porque ele está recebendo um material genético com uma qualidade que hoje não está disponível no Brasil”, garante.
Grohs destaca que os viveiristas indicados possuem um compromisso com a Embrapa de fornecer mudas de qualidade agronômica e sanitária superiores às do mercado. Caso as mudas distribuídas aos produtores não tenham qualidade sanitária exigida, a empresa é retirada do sistema. “Hoje não existem normas oficiais que façam com que a fiscalização seja efetiva na videira. Por isso, em 2013 a Embrapa Uva e Vinho fez uma proposição de normas de certificação oficial de mudas que está sendo encaminhada ao Ministério da Agricultura e a Câmara Setorial da Viticultura. A gente espera que isso se oficialize e se torne norma dentro de pouco tempo. Assim pretendemos moralizar o setor definitivamente”.
Programa de modernização da viticultura
Os agricultores que planejam investir na modernização dos parreirais em breve poderão contar com o auxílio do governo federal, por meio do Programa de Modernização da Vitivinicultura (Modervitis). O projeto tem como meta inicial atender 1.250 pequenos viticultores e vinicultores nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, visando qualificar a produção e estimular a permanência dos jovens sucessores no campo, com o novo cenário que será construído.
Daniel Santos Grohs explica que ao Modervitis estará condicionada a aquisição de mudas de qualidade. Assim, só poderá financiar parreirais a partir desse recurso aquele produtor que adquirir material indicado por institutos de pesquisa. “Esse programa já está em fase de implementação. Recentemente foi lançado em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Claro que esse é um processo de médio e longo prazo, mas são ferramentas que têm o intuito de tirar o setor vitícola da estagnação que ele está, do ponto de vista tecnológico”, comemora o analista da Embrapa Uva e Vinho.
Por Mirian Spuldaro
mirian@editoranovociclo.com.br
Respostas de 6
Bom dia, onde posso comprar as mudas de uva?
Olá Jefferson, seguem os contatos do pesquisador Daniel Grohs, analista da Embrapa Uva e Vinho e coordenador do Projeto “Mudas de Qualidade”:
telefone: (54)3455-8118 ou e-mail: daniel.grohs@embrapa.br.
Tenho interesse em comprar mudas de videira:
Pinot Noir
200 unidades
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Epoca de disponibilidade
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Frete para São Paulo
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Boa tarde Sr. Fernando.
O senhor pode encontrar no Viveiro Postay (54) 9658-2940; Clone Viveiros (41) 3253-2940 ou com o Viveiros Weber (55) 3524-1227.
Abraço, equipe A Vindima
Boa tarde.
Moro no interior de São Paulo, meu pai gostar muito de plantar uvas no quintal da casa dele.
Gostaria de comprar umas cinco a dez mudas de uvas de boa qualidade para levar pra ele, pois as uvas de parreira ele já tem, o que iria deixá-lo muito feliz.
Desde já agradeço.
Obrigada
queria comprar mudas de pareira, bordo ou niagra rosa, grande quantidade teria com entrar em contato 055999645072 falar com natalio
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