Durante muitos anos o Barolo foi sinônimo de vinho potente, com taninos duros, difíceis, e que precisava de, no mínimo, 15 anos para se tornar bebível. Mas nos últimos 30 anos isso aos poucos foi mudando, tendo em vista, principalmente, atingir a um maior número de pessoas. Hoje é possível degustar um Barolo mais jovem sem fazer cara feia, embora continuem complexos e marcantes. “A tendência é apresentarmos vinhos cada vez mais leves sem perder as características do Barolo. Isso é um desafio porque ainda há muitas pessoas que desejam que este vinho continue sendo o que era há alguns anos. Mas o vinho deve evoluir e seguir as tendências. Hoje a maioria das pessoas não quer mais vinhos pesados”, explica o responsável pela área comercial da Cantina Prunotto, Emanuele Baldi.
Se muitos produtores do vinho no Piemonte estão buscando fazer Barolos mais “modernos”, inovando em tecnologia, e buscando agradar a um maior número de paladares, outros fazem questão de elaborar o vinho da forma artesanal, através de técnicas herdadas de seus familiares. É o caso da enóloga Maria Teresa Mascarello. Filha de um dos mais conceituados produtores de Barolos, o falecido Bartolo Mascarello, ela leva adiante a vinícola da família que tem o nome de seu pai. A abordagem para o sucesso destes vinhos em diversos países é a busca pela excelência das uvas nos vinhedos e a pouca produção por planta.
A importância do terroir
Nessas terras abençoadas pelo Deus Baco o respeito ao terroir é admirável. As potencialidades de cada um dos diversos e pequenos vinhedos são exploradas ao máximo. Isso faz com que da mesma uva se possa elaborar vinhos distintos. Um exemplo desse trabalho vem da Cooperativa Produttori del Barbaresco. Fundada em 1958 em meio às dificuldades enfrentadas pelos viticultores da época, hoje a associação é uma das mais importantes da região. Reúne 56 associados e dispõem de cerca de 100 hectares de uva. Por lá somente a Nebbiolo é aceita. E como a uva é cultivada em diferentes terrenos, cada vinho é vinificado de acordo com suas características.
Vinhos com personalidade. Isso é o que se busca nesta região. “Cada safra tem a sua identidade, as suas características, e isso deve ser respeitado”, diz o enólogo Mauro Veglio, que também é proprietário da cantina que leva seu nome.
Enfim, no Piemonte o amor pela vitivinicultura é passado de geração em geração. É uma região onde se respira vinhos e os produtores buscam cada vez mais fazer produtos equilibrados e prontos para beber.
Os vinhos Barolo, Barbaresco segue normas rígidas de Denominação de Origem Controlada e Garantida (DOCG). Essas regras garantem qualidade a esses vinhos.
Barolo Só pode ser produzido 100% com a uva Nebbiolo. A produção máxima por hectare não pode ultrapassar oito mil quilos. Deve envelhecer no mínimo 38 meses, desses 18 em barricas de carvalho. Só pode chegar ao mercado a partir do dia 1° de janeiro do quarto ano depois da safra. O Barolo Reserva deve envelhecer 62 meses, desses 18 meses em barricas de carvalho. Chega ao mercado cinco anos após a colheita.
Barbaresco A exemplo do Barolo este vinho também só pode ser elaborado a partir da uva Nebbiolo. A produção máxima por hectare não pode ultrapassar oito mil quilos. Deve envelhecer no mínimo 26 meses desses nove, em barricas de carvalho. Só pode chegar ao mercado a partir do dia 1° de janeiro do terceiro ano depois da safra. O Barbaresco Reserva deve envelhecer 50 meses desses nove, em barricas de carvalho. Chega ao mercado cinco anos após a colheita.