Usar óculos protege os olhos do sol e de fatores externos que podem ocasionar acidentes.
Oftalmologista dá dicas para manter a saúde do mais importante meio de comunicação com o ambiente
Você tem o canto dos olhos vermelhos e irritados com frequência? Essa é uma característica comum entre os agricultores, resultado da exposição frequente dos olhos ao sol e até mesmo produtos e defensivos. Embora comum, essa vermelhidão não pode ficar despercebida e passar a ser normal. Os olhos precisam receber cuidados e, principalmente, ficar protegidos dos mais diversos tipos de acidentes que podem acontecer no ambiente de trabalho, especialmente na agricultura. O oftalmologista Fernando Gastaldello explica que em algumas atividades agrícolas, o descuido com objetos pontiagudos, a falta de equipamentos de proteção e o desconhecimento do perigo que alguns produtos químicos representam podem causar uma lista extensa de acidentes. “Os olhos podem sofrer agressões de fatores externos, por isso devemos protegê-los sempre. Quando se trata de acidentes com os olhos, o melhor remédio é a prevenção, pois algumas lesões podem causar desde a perda da qualidade da visão até a cegueira irreversível”, alerta o médico.
Acidentes
Acidentes com os olhos em locais de trabalho são basicamente ocasionados por falta de proteção eficiente, iluminação ou ventilação inadequadas, e imprudência no manuseio de equipamentos ou materiais com potencial de risco. Alguns ambientes de trabalho como, por exemplo, linhas de produção industriais, construção civil e agricultura, representam muitos riscos de ocorrência de trauma ocular. É por isso que a prevenção se torna fundamental e pode evitar esses acidentes por meio da utilização de equipamento de proteção adequado a cada atividade de trabalho, além do cuidado em não expor os olhos às ameaças encontradas nesses ambientes. “Os tipos de acidentes oculares mais comuns são corpo estranho, podendo causar desde uma irritação até uma lesão ocular permanente; queimadura térmica; queimadura química; contusões; lacerações e perfurações do globo ocular. Assim sendo, o uso de óculos protetores é fundamental em qualquer atividade, uma vez que eles exercem uma proteção física contra potenciais agentes agressores dos olhos”, assegura Gastaldello.
O uso de um par de óculos é indispensável também para proteger os olhos da luz solar e da vilã chamada radiação ultravioleta (UV), responsável também pelos sempre crescentes casos de câncer de pele. “A luz solar representa uma ameaça à saúde dos olhos expostos sem a devida proteção. A radiação ultravioleta pode resultar em uma série de problemas aos olhos como fotoceratite, uma queimadura que danifica o epitélio da superfície da córnea; pterígio, crescimento da conjuntiva sobre a córnea; catarata e degeneração macular. A melhor defesa contra essa agressão está no uso de óculos com lentes de boa qualidade e com filtro UV, as quais também ajudam a proteger a pele ao redor dos olhos que, sob a exposição excessiva à radiação, pode envelhecer rapidamente”, acrescenta o oftalmologista.
Priorize o atendimento médico
Se esses cuidados preventivos ficaram de lado ou até mesmo não foram suficientes e um acidente aconteceu, mais do que nunca se deve evitar a automedicação e buscar com urgência o atendimento oftalmológico. “Apenas uma avaliação médica precisa poderá dimensionar a lesão, estabelecer o diagnóstico e instituir a terapêutica adequada, evitando complicações visuais no futuro”, determina o oftalmologista Fernando Gastaldello. Caso algum produto químico respingue sobre os olhos, deve-se lavá-los com água limpa em abundância – evitando a lavagem se houver suspeita de perfuração ocular, e procurar o atendimento especializado de urgência.
O consultório de um oftalmologista, contudo, não deve ser visitado somente em situações de emergência. Na fase adulta, existe uma série de doenças que podem se desenvolver nos olhos, resultado até mesmo da falta de cuidados ao longo da vida, por isso, é de extrema importância que as pessoas cuidem da sua visão se submetendo a consultas oftalmológicas periódicas nas diferentes fases da vida. “Além da presbiopia, ou vista cansada, caracterizada pela dificuldade de focalizar objetos próximos, e que pode ser resolvida com o uso de óculos para perto, outros problemas são mais frequentes a partir dos 40 anos de idade, como catarata, que ocasiona diminuição da visão; glaucoma, que provoca lesão no nervo óptico e campo visual, podendo levar à cegueira; retinopatia diabética, que afeta os vasos sanguíneos do olho; e degeneração macular relacionada à idade, esta ocorre geralmente depois dos 60 anos de idade, e afeta a área central da retina, podendo causar baixa visão central, que dificulta principalmente a leitura”, lista o médico.
De acordo com o oftalmologista, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer no que diz respeito à saúde dos olhos. “Lamentavelmente as políticas de saúde públicas não estão nucleadas na prevenção, salvo raras exceções. Quando o assunto é prevenção de doenças oculares, o Brasil deixa muito a desejar. Tanto é assim que a catarata, o glaucoma e a degeneração macular ainda cegam muitos brasileiros, apesar de serem doenças passíveis de tratamento e controle. O diagnóstico precoce é fundamental para a prevenção e cura de doenças oculares, uma vez que algumas patologias não apresentam sintomas e são percebidas pelo paciente apenas quando a visão já está prejudicada”, reconhece.
A popular catarata
Dentre as patologias oculares mais conhecidas pela população está a catarata. A catarata é uma condição dos olhos que consiste na opacidade parcial ou total do cristalino, que é uma lente localizada dentro do olho, cuja transparência permite que os raios luminosos atravessem e alcancem a retina para formar a imagem. Em seu estágio inicial, a catarata pode causar uma perda discreta da qualidade visual, alterando a visão das cores, que se apresentam mais desbotadas. Outro sintoma comum é a diminuição da acuidade visual noturna, por vezes com certo ofuscamento na presença de focos intensos de luz. À medida que a catarata avança, a visão vai ficando progressivamente mais turva e embaçada, prejudicando as atividades mais comuns como a leitura, o caminhar ou até assistir TV. “Quando a visão não melhora de modo satisfatório com a correção dos óculos, é indicado fazer a cirurgia chamada facectomia, onde se faz a remoção do cristalino, seguido do implante de uma lente intraocular que visa corrigir o grau necessário para reestabelecer a visão normal do paciente. O período de recuperação pós-operatório difere de uma pessoa para outra, mas a maioria dos pacientes apresenta uma melhora significativa da visão rapidamente após a cirurgia”, explica Gastaldello.
Apesar de não existir nenhum método específico de prevenção da catarata e, embora a opacificação do cristalino ocorra mais frequentemente com o passar da idade, estudos sugerem que alguns cuidados devem ser tomados para afastar essas chances. Usar óculos com lentes com proteção contra os raios UV, cuidar bem de doenças sistêmicas (como diabetes), evitar o uso de medicamentos ou colírios (que contém corticoide) sem recomendação médica, não fumar e ter uma dieta balanceada são algumas das medidas indicadas.
Por: Camila Baggio – camila@avindima.com.br