No mês do agricultor, um jovem que optou pela colônia

Ismael Fortunatti saiu de casa para estudar e agora retornou para
investir seus conhecimentos na propriedade dos pais, em Flores da Cunha

 

Por Larissa Verdi

 

Página 17 - ismael
Ismael quer investir em oliveiras. (Foto: Larissa Verdi)

Escolher a agricultura como profissão já foi sinal de retrocesso e de pouca expectativa no setor. Hoje o caminho é inverso, e a agricultura tornou-se um caminho rentável e motivo de migração de muitos jovens da cidade para o interior. É o caso do agricultor e engenheiro ambiental Ismael Fortunatti, 31 anos. Ele é filho de João Fortunatti, 67 anos, e Edite Batessini Fortunatti, 63, agricultores e moradores da comunidade Nossa Senhora do Carmo, no interior de Flores da Cunha.
Ismael cresceu no interior junto com a irmã Márcia. Ambos foram incentivados a estudar, sair da colônia e ter novas oportunidades na cidade devido às dificuldades passadas pelos pais no início da vida. João e Edite casaram jovens e passaram a residir na propriedade dos pais dela, onde, aos poucos, foram adquirindo as terras e amor ao lugar onde criaram sua família. “Não foi fácil o início, as dificuldades eram muitas e o setor passou por épocas difíceis”, lembra João Fortunatti.
Para ter uma alternativa além da agricultura, Ismael graduou-se em Engenharia Ambiental. Durante o curso, trabalhou na área, fez estágios e pôde colocar em prática sua profissão. “Eu escolhi uma área ligada a agricultura para não sair dela. Mas, assim que me formei, acabei optando por voltar e me dedicar à propriedade” conta o jovem agricultor. A família cultiva uvas comuns, que são entregues diretamente a uma vinícola para a fabricação de vinho. “O conhecimento não ocupa espaço, e estamos sempre em busca de informação para melhorar nosso processo. Um grande auxílio, hoje, são os seguros agrícolas, onde a produção fica assegurada e nós mais tranquilos”, enfatiza.
O casal João e Edite destaca que a tecnologia, como tratores e maquinários, fazem a diferença para que os jovens optem pelo trabalho na agricultura. “Nós somos da época que o trabalho era no braço. Hoje existem recursos que facilitam e o trabalho melhorou muito” frisa o casal que não mede esforços para ver o trabalho ter resultados.

Oliveiras como opção
A geração de Ismael, diferente da dos pais, é a geração da experimentação. Como o sustento fica garantido com os parreiras já estruturados, há dois anos Ismael está investindo em oliveiras. “É uma fase de testes, e as plantas ainda estão pequenas, mas dentro de alguns anos a produção já inicia”, acredita ele, lembrando que esta é uma iniciativa nova na região. Conforme o agricultor, a ideia surgiu após o resultado de uma pesquisa da Emater que indica que o solo da região dá para produzir. “Em uma viagem recente provei azeitonas em compota temperadas, e achei uma ideia incrível. É o que pensamos no início para poder realizar todo o processo de produção na propriedade e, quem sabe, mais adiante, investir no azeite”, projeta. As pesquisas e informações para mudas, plantio e cuidados foram feitas através da internet, recurso importante para os agricultores que desejam inovar e investir em novas culturas.
Da terra a família também tira importantes alimentos para o consumo, como batata, milho, aipim, uma horta bem caprichada e frutas que garantem opções diversas durante o ano. Como Edite é cozinheira não pode faltar opções para compor seus pratos em casa e na comunidade. A mãe de Ismael é cozinheira de festas de colônia há mais de 20 anos. Ela diz que começou na comunidade com um jantar para 50 pessoas e nunca mais parou. “Eu tinha uma medida de quantidades para aquelas pessoas, e depois fui aumentando e foi dando certo”. Hoje ela chega a fazer almoços de festas ou jantares para mais de mil pessoas nas comunidades vizinhas também. “Esta é outra questão que os jovens precisam dar continuidade para as comunidades não pararem de vez”, destaca Edite. A família defende que a vida no interior tem seu destaque pela qualidade de vida que se tem, e isso, independe da idade, basta ter amor pelo trabalho. Quanto ao ramo das oliveiras, Ismael sabe que pode contar com mãos qualificadas para auxiliar no processo das compotas das azeitonas. “Vai ser mais um desafio, mas estamos juntos nessa”, finaliza Ismael.

 

Página 17 família
Família Fortunatti unida para o desenvolvimento da propriedade. (Foto: Larissa Verdi)

 

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Estão abertas as inscrições para o IV Seminário Internacional de Fruticultura que acontece de 25 a 27 de junho em...
Teve início a colheita de uma das duas mais importantes variedades de caqui cultivadas na Serra gaúcha, a Kioto, popularmente...
Com um reconhecimento crescente do setor mundial de vinhos enquanto país produtor qualificado e como um mercado consumidor bastante promissor,...