Conheças as vantagens (e as desvantagens)
de investir no sistema hidropônico
Por Danúbia Otobelli
Em 1997 o empresário Ricardo Antonio Rotta, desmotivado com a área em que trabalhava, almejava uma nova alternativa de investimento. Ao folhear uma revista deu de cara com uma reportagem sobre hidroponia – na época um sistema novo no Brasil e que se utilizava do plantio sem terra. Despertado pelo assunto, ele foi conhecer uma propriedade em São Paulo que utilizava o sistema e se encantou. Começou a fazer cursos sobre hidroponia e investiu numa pequena estufa para produção de alfaces. O negócio deu tão certo que em pouco tempo Rotta havia vendido toda a produção e abandonado o emprego anterior. Dezessete anos depois, ele é diretor da H2Orta, empresa especializada em hortaliças hidropônicas, que produz quatro mil unidades de folhosas por dia, com matriz no município de Ivoti (RS), franquias em Salvador do Sul (RS) e Curitiba (PR) e previsão de abertura de unidades em Joinville (SC) e Florianópolis (SC). “Logo que comecei, meu alface era horrível e mesmo assim vendia. Eu pensei: se desse jeito vende, aprimorando vai dar certo. Claro, que antes fiz todo um plano de negócios, estudei o mercado e percebi que havia um nicho grande para investimento”, conta o empresário.
Rotta estava certo. A demanda de mercado de hortaliças cultivadas em sistema hidropônico tem aumentado gradativamente nos últimos anos. Conforme a Embrapa Hortaliças, estima-se que por volta de 35% a 40% dos vegetais que chegam à mesa do consumidor brasileiro sejam de origem hidropônica. A Associação Brasileira de Hidroponia não possui um dado de quantos produtores trabalham com esse tipo de sistema, mas acredita que seja um número elevado, já que o mercado cresce de 20% a 30% ao ano. “Vejo um futuro fantástico, pois o Brasil está parado, enquanto a hidroponia cresce. O que precisamos é investir em tecnologia e regulamentar a legislação do sistema no Brasil”, afirma Rotta, que também é presidente da Associação Brasileira de Hidroponia, a qual está trabalhando na questão da regulamentação.
Com um mercado em ascensão, pesquisadores estão criando inovações para esse tipo de cultivo, como é o caso da ‘Horta Omega’, desenvolvida por uma empresa canadense. Segundo o fabricante, o sistema possibilita uma produção cinco vezes maior por watt de energia consumido e menor uso de água. As plantas cresceriam mais rápido devido à sua disposição: elas ficam dentro de uma espécie de cilindro e no centro dele lâmpadas LED substituem a luz natural, porém não gastam mais energia. Todas as plantas recebem a mesma quantidade de luz.
Outro diferencial é que essa hidroponia utiliza um sistema carrossel, em que os cilindros possuem uma rotação constante que movimenta as plantas e potencializa o crescimento. O espaço também é menor que uma estufa normal, utilizando 150 metros. Por enquanto, a ‘Horta Omega’ está à venda apenas nos Estados Unidos e Canadá.
O que é
A hidroponia é uma técnica de cultivo em ambiente protegido (estufa), na qual o solo é substituído pela solução nutritiva enriquecida com nutrientes necessários para o desenvolvimento da planta. É também conhecida como cultivo sem terra e pode ser feita de diversas formas (veja no quadro os tipos de sistemas hidropônicos).
De acordo com o pesquisador e engenheiro agrônomo da Embrapa Hortaliças, Antônio Souza, esse tipo de cultivo pode ser realizado também em ambientes externos, porém as condições climáticas de algumas regiões do país, como o Sul, necessitam de estufas para proteção. “A diferença entre a agricultura convencional e a hidropônica é a fonte de nutrientes, que no caso da hidroponia é obtida através da água enriquecida com sais e nutrientes. Essa solução nutritiva (nitrogênio, potássio, fósforo, magnésio) varia conforme a espécie, a condição de cultivo e os estágios de desenvolvimento da planta. O uso de uma solução que atenda as exigências nutricionais é o primeiro passo para o sucesso do cultivo hidropônico”, explica o pesquisador.
Atualmente, o alface é o vegetal mais usado no cultivo hidropônico, mas praticamente todas as culturas podem ser plantadas nesse sistema. Entre as mais comuns estão hortaliças folhosas, tomate, pimentão, agrião, pepino, couve, salsa, morangos, melão e plantas ornamentais. A escolha da espécie deve ser escolhida conforme a viabilidade econômica. “Mas independente da cultura, a qualidade das mudas é muito importante para o sucesso. Por isso, recomendamos que o produtor invista na produção de suas próprias mudas, para evitar a disseminação de doenças”, aconselha Souza.
Vantagens
O processo de hidroponia apresenta diversas vantagens em relação ao cultivo tradicional. De acordo com o pesquisador, entre as principais estão: crescimento mais rápido da planta (no inverno o ciclo tende a ser mais lento no Rio Grande do Sul devido ao clima, mas a média é de 45 dias); maior produtividade por área (há a possibilidade de produzir tanto na horizontal quanto na vertical); colheita precoce; maior aceitação dos produtos no mercado; e redução no uso de inseticidas. “Como as culturas não entram em contato com os contaminantes do solo como bactérias, fungos, lesmas e vermes, isso reduz o uso de pulverizações. Além disso, as plantas são mais saudáveis, pois crescem em ambiente controlado procurando atender suas exigências, e duram mais na geladeira e fora dela, pois permanecem com a raiz” afirma Souza.
Para o produtor Ricardo Rotta a grande vantagem da técnica é o uso racional da água, já que se consegue produzir a mesma quantidade ou mais com apenas 20% da água utilizada no sistema tradicional. “É um dos pontos principais em termos de sustentabilidade, além da preservação do solo e da produção em pequenas áreas, o que permite o cultivo perto dos centros urbanos, facilitando o transporte e reduzindo o uso de combustível fóssil”, diz.
Desvantagens
Porém, como todo o cultivo, o processo hidropônico apresenta algumas desvantagens. O alto custo inicial, devido às necessidades de terraplenagens, construção de estufas, mesas, bancadas, sistemas hidráulicos e elétricos, é um deles. Calcula-se que para uma área de dois mil metros o investimento seja de R$ 200 mil, com todos os equipamentos necessários. Outros pontos são a necessidade de instalação de um gerador, pois a falta de energia elétrica coloca em risco a perda de toda a cultura; e a contratação de mão de obra especializada em função da solução nutritiva.
Investimento na hidroponia mini
Num espaço de 10 mil metros quadrados, o empresário Ricardo Antonio Rotta investiu no cultivo de hortaliças folhosas (alface, radicci, rúcula, espinafre) pelo sistema hidropônico há 17 anos, no município de Ivoti. Para breve, ele também iniciará na produção de mini-tomates. A estufa já está pronta e a previsão é colher a primeira produção ainda neste ano.
Um dos diferenciais da empresa dele, a H2Orta, foi a aposta no mercado de folhosas em miniaturas, as chamadas hortaliças babys. “Durante viagens e estudos percebi que existe uma tendência mundial para o consumo dos mini-vegetais, devido as diferentes faixas de consumidores (casais, solteiros, famílias menores) e evitar o desperdício, e resolvemos investir nesse conceito”, conta.
Hoje, sua empresa comercializa as mini-folhosas para grandes supermercados e também para chefs de cozinha. “Uma alface menor consegue produzir 30% a mais em unidades, do que uma alface grande e obtemos isso num espaço menor”, explica ele. No mix de produtos, além das minis também existem folhosas de tamanho normal.
Para quem deseja investir no sistema hidropônico, Rotta dá um conselho: o tamanho inicial da área de estufas deve ter pelo menos mil metros quadrados. “Menor que isso não recomendamos, porque não é vantajoso economicamente. O problema não é produzir e sim vender. Vimos muitas pessoas conhecerem nossa estrutura, lançarem o negócio e não dar certo, e entendemos que estávamos prestando um desserviço. Por isso, montamos a nossas franquias para que as pessoas obtenham sucesso nesse cultivo”, destaca ele, que hoje conta com 12 funcionários e um mix de mais de doze produtos.
Tipos de sistema
Existem vários sistemas de cultivo hidropônico que se diferem quanto à forma de sustentação da planta (líquido ou substrato), ao reaproveitamento da solução nutritiva (circulantes ou não) e ao fornecimento da solução nutritiva (contínua ou intermitente). Veja:
NFT ou Técnica de Fluxo Laminar de Nutrientes: as plantas crescem em canais de cultivo por onde a solução nutritiva circula em intervalos definidos e controlados por um temporizador. Há no mercado perfis hidropônicos próprios para este sistema de cultivo, mas também podem ser utilizados tubos de PVC inteiros ou cortados ao meio. O sistema é considerado o mais viável para o cultivo de folhosas.
Aeroponia: técnica de cultivo de plantas suspensas no ar. As raízes das plantas são protegidas da luz e mantidas dentro de câmaras opacas que recebem soluções nutritivas regulares. As plantas podem ficar no sentido horizontal ou vertical, tendo como sustentação canos de PVC. Pouco utilizado devido ao custo de implantação.
Cultivo em água ou Floating: Utilizado tanto na fase de mudas quanto na de produção. Na fase de mudas, utiliza-se uma mesa com bandejas com lâminas nutritivas, onde as raízes ficam submersas. Na fase de crescimento, as plantas são sustentadas por placas de isopor perfuradas e mantidas na água com uma lâmina de solução nutritiva de 30 a 40 cm de profundidade. É empregado geralmente em cultivos comerciais.
Cultivo com substratos: nesse sistema, o fornecimento da solução nutritiva pode ocorrer de diversas formas, como por exemplo: capilaridade, gotejamento, inundação e circulação. As plantas são sustentadas por substratos inertes, como areia, cascalho, argila, cascas, serragens, etc. Diversos recipientes podem ser usados no cultivo com substratos: vasos, tubos de PVC, canaletas, filmes plásticos, telhas. Os canteiros podem ser suspensos ou ao nível do solo. São usados em culturas que têm o sistema radicular e a parte aérea mais desenvolvida.
Respostas de 2
Sou técnico agrícola na cidade de Andradas sul de minas gerais.
Sou especialista em hidroponia e trabalho na área a três anos.
Pretendo me mudar pra Joinville se alguém quiser conhecer meu trabalho entre em contato.
Estou aberto a propostas de trabalho nessa área sou gerente da hidroponia serra azul aqui em Andradas.
Sou encarregado da nutrição e controle fitossanitários da hidroponia..
Parabéns pelo artigo!!!