Apesar da área agrícola do Brasil corresponder a apenas 4% da área agrícola cultivada entre os 20 maiores produtores mundiais, desde 2008 o país é o melhor cliente das multinacionais de agrotóxicos. Um mercado que em 2013 superou os 10 bilhões de dólares de faturamento e que em 2014 deve atingir o consumo de 1 milhão de toneladas de agrotóxicos.
Entre os produtos que mais contribuem para este fabuloso lucro das empresas de veneno está o herbicida glifosato, um agrotóxico considerado “fraquinho” por muitos usuários. O preço baixo e a isenção de impostos ajudam a puxar as vendas deste produto altamente perigoso.
A marca mais conhecida de glifosato é o Roundup da Monsanto, mas há várias outras marcas disponíveis no mercado.
Já em 2005, estudos feitos na França comprovaram em laboratório que uma grande proporção de células da placenta humana e células de embriões morrem 18 horas depois da exposição a concentrações de glifosato mais baixas do que as usadas nas lavouras.
Em soluções mais baixas ainda, o glifosato não mata as células, mas bloqueia a produção de hormônios sexuais, o que pode dificultar o desenvolvimento dos sistemas ósseo e reprodutivo de fetos. Impossível não relacionar estas constatações científicas aos bebês com malformações ou que morrem antes de nascer nas regiões vizinhas ao cultivo de transgênicos na Argentina, ou ao aumento dos casos de leucemia, câncer e doenças autoimunes (como Alzheimer, Parkinson, etc).
A visão distorcida sobre a toxicidade do glifosato popularizou o uso nas lavouras, jardins domésticos e mesmo para matar o mato que cresce nas calçadas! Muito dessa percepção equivocada pode ser atribuída à Monsanto que durante anos afirmou que o produto era “biodegradável”, “não alterava a capacidade reprodutiva do solo” e não contaminava a água subterrânea.
Por outro lado, a própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) classifica algumas formulações à base de glifosato na faixa verde (Classe IV – Pouco tóxico), o que leva muita gente a pensar que seu uso não oferece riscos. Mas a classificação toxicológica só considera os efeitos agudos, ou seja, aqueles que intoxicam na hora, não levando em conta os efeitos que vão aparecendo ao longo dos anos, os chamados efeitos crônicos.
Em resumo, todo cuidado é pouco! Este herbicida não tem nada de “fraquinho”, e quanto mais se puder evitá-lo, melhor.
Miriam Sperb – Técnica
do Centro Ecológico